Imagine um Brasil com acesso à saúde mais fácil, rápido e econômico, garantindo a mesma qualidade e segurança do atendimento presencial. E se eu te dissesse que isso é possível com a ajuda da tecnologia? Segundo o Distrito Healthtechs Report, realizado em 2023 pela Distrito, a telemedicina é amplamente adotada, com uma adesão de 87% nas primeiras consultas virtuais. Além disso, 93% dos pacientes indicaram que utilizam a telemedicina para suas consultas, beneficiando-se do acesso facilitado à saúde, economizando tempo e custos, e melhorando sua qualidade de vida.
Observamos também outros movimentos relacionados à saúde a distância. A utilização de prescrições médicas digitais, por exemplo, também teve um aumento exponencial. De acordo com informações divulgadas pela Certisign, empresa de certificação digital, a plataforma gratuita criada pela empresa para a assinatura digital de receituários médicos cresceu 1.230% entre março e julho de 2020. – Distrito Healthtechs Report, 2023.
Considero isso um avanço crucial, especialmente para comunidades desatendidas, onde a telemedicina reduz significativamente as lacunas de acesso à saúde. Diversos projetos inovadores demonstram essa mudança, redefinindo a forma como os pacientes recebem e vivenciam os cuidados médicos, tornando-os mais coordenados, preventivos e centrados no indivíduo.
Um exemplo bem sucedido da telemedicina pode ser visto na participação da equipe de psicologia da Vibe Saúde na Missão Humanitaria Koripakos, que foi iniciada em março de 2024. Ela representa uma colaboração crucial entre a Saúde Digital Brasil (SDB), uma entidade sem fins lucrativos que tem como meta ampliar o acesso de pacientes aos médicos através do uso da tecnologia, e o Hospital Israelita Albert Einstein. Considerando as características das comunidades koripakos, situadas em áreas remotas da Amazônia, acesso limitado à internet e infraestrutura precária, foi desenvolvida uma cápsula autossuficiente com Estação de Telessaúde integrada e tem obtido resultados positivos.
Contudo, a desigualdade digital no Brasil, evidenciada por 33,9 milhões de pessoas sem acesso à internet e 86,6 milhões com acesso instável, é um dos desafios para a difusão da telemedicina, segundo o estudo O Abismo Digital no Brasil, realizado em 2022, do Instituto Locomotiva e da consultoria PwC. É indiscutível que garantir o acesso universal à telemedicina, independentemente de sua localização ou condição socioeconômica, requer colaboração entre o governo, órgãos reguladores e profissionais de saúde para definir e implementar uma regulamentação clara e abrangente. Essa solução permite a prestação de serviços de saúde à distância, superando as barreiras de conectividade. Além disso, o apoio da Saúde Digital Brasil, com plataformas tecnológicas e profissionais qualificados, é fundamental para o sucesso da missão.
Unindo forças, esses atendimentos deixam de ser uma promessa e tornam-se uma realidade para melhorar a vida de milhões de brasileiros, com um grande potencial de se consolidar como uma ferramenta essencial para democratizar o acesso à saúde, otimizando o tempo dos profissionais e reduzindo custos do sistema de saúde, possibilitando que pacientes em áreas remotas ou com dificuldade de locomoção tenham a possibilidade de usufruir de serviços médicos especializados.
Essa trajetória da telemedicina vai além de uma simples mudança tecnológica; trata-se de uma reformulação na concepção do cuidado ao paciente. Não há dúvidas de que estamos liderando uma revolução que redefine a saúde e esse movimento tem sido sentido, inclusive, no mercado economicamente. Para se ter uma ideia, um estudo realizado em 2021, pela Universidade de São Paulo (USP): “Redução de custos e fixação de profissionais são benefícios da telemedicina”, mostrou que a telemedicina pode reduzir custos em até 30%.
E as expectativas para o futuro são promissoras. Dados do mesmo estudo do Distrito Healthtechs Report 2023, corroboram com este raciocínio, já que apontam que a telemedicina emerge como uma das áreas mais cruciais na saúde digital, com projeções globais alcançando US$ 857,2 bilhões até 2030, um crescimento anual de 18,8%. Essa é a realidade que a telemedicina está construindo no Brasil.
Fernanda Monteiro, Diretora Técnica Médica na Vibe Saúde.