Um enfermeiro já realiza uma punção venosa com um aparelho de realidade estendida, dotado de um dispositivo que permite a ele visualizar as veias sob a pele do paciente e localizar o vaso ideal para o procedimento. Do outro lado da cidade, o médico manipula um aparelho de ultrassom conectado a um celular com tecnologia de realidade estendida para obter imagens 3D de um feto. Essas são algumas possibilidades da aplicação do metaverso na área da saúde. Trata-se de um mundo que usa funções criadas por softwares de realidade virtual para serem replicadas no mundo real. Com óculos especiais (headsets), as pessoas interagem nos ambientes virtuais com objetos digitais ou outros indivíduos, usando representações de si mesmas (avatares).
O mundo virtual é construído a partir de uma série de tecnologias como a realidade virtual, realidade estendida ou aumentada, realidade mista e holografia. Utilizados principalmente nos games, esses recursos passaram a ter fins profissionais após o lançamento de headsets menores, mais leves e com múltiplas funcionalidades. “O metaverso deve ganhar força, porque várias empresas de tecnologia estão lançando equipamentos e infraestrutura para profissionais da área médica”, prevê Guilherme Hummel, coordenador científico da Hospitalar Hub e Head Mentor do EMI (eHealth Mentor Institute).
Para entender o metaverso é preciso conhecer as múltiplas realidades envolvidas. A virtual cria um ambiente próprio, totalmente novo e independente do mundo real. A aumentada ou estendida inclui componentes do mundo real, sendo que a fusão das duas tecnologias é chamada de realidade mista. Já a holografia é uma técnica de registro de padrões de interferência de luz que recria um objeto ou pessoa em 3D.
Metaverso na saúde
A chegada do 5G ao Brasil deve impulsionar a aplicação do metaverso, principalmente na telemedicina. Guilherme Hummel prevê que daqui a dois ou três anos centros de excelência ou operadoras de planos de saúde no Brasil irão enviar headsets para facilitar a teleconsulta de seus beneficiários. Assim, num exame ocular o médico e o paciente usarão esses aparelhos e ferramentas de metaverso para facilitar o diagnóstico. Desta forma, o oftalmologista poderá dar ter uma visão tridimensional dos olhos do paciente para encontrar anomalias. A tecnologia 5G promete ainda disseminar o uso de sensores, inclusive na coleta de sinais vitais enviados ao médico via internet.
Outro campo promissor é o da cirurgia. Hoje, a realidade virtual já é utilizada em cirurgias robóticas. Num futuro bem próximo, o cirurgião e outros especialistas usarão headsets para realizar procedimentos de maneira a ter uma visão mais detalhada não só da área operada, mas também embaixo da pele e do sistema cardiovascular.
Hoje todos os grandes hospitais de São Paulo e do Rio já fazem experiências com realidade virtual. “Nos próximos anos, as tecnologias metaversas estarão chegando nos principais hospitais do país, criando redes de atendimento virtual que poderão ser acessadas por toda a cadeia de saúde”, esclarece.