Startup cria higienizador de mãos com leitura biométrica para uso em hospitais

A startup Sensorweb de Florianópolis (SC), referência nacional em soluções de Internet das Coisas (IoT) para a Saúde, anuncia que está na fase final do desenvolvimento de um sistema inteligente de higienização de mãos com potencial de reduzir o número de infecções hospitalares e surtos por bactérias ou vírus, como a Covid-19, em ambientes hospitalares. A tecnologia está na fase de refinamento do produto para industrialização em larga escala e fica disponível a partir do segundo semestre de 2021.

O equipamento é composto por hardware, software e um dispositivo eletrônico digital que realiza o reconhecimento biométrico da palma da mão durante o uso. Ou seja, o sistema é acionado por aproximação e não exige o toque em sua estrutura para efetuar a leitura da impressão digital e identificar o usuário. A ideia é que o higienizador inteligente de mãos seja usado por profissionais da Saúde como médicos e enfermeiros, especialmente na linha de frente no combate à Covid-19. Isso porque é preciso seguir rígidos protocolos de higienização durante o contato com diferentes pacientes, mas ainda não existiam maneiras eficientes de monitorar e controlar se a higienização é feita da forma e tempo correto.

“As mãos estão entre os principais vetores de transmissão de agentes infecciosos em hospitais, clínicas e centros cirúrgicos, por isso, é importante fazer a higienização em momentos específicos. Por exemplo, no começo do procedimento médico, antes de tocar no paciente ou após manipular equipamentos. O que estamos fazendo é conceber um sistema que permite rastrear de maneira confiável o horário de uso e/ou a quantidade de vezes que cada profissional utiliza o higienizador. Com isso será possível registrar essas informações em uma plataforma de inteligência que vai identificar as áreas com maior aderência e onde é preciso reforçar a orientação de higienizar as mãos, permitindo fazer a gestão eficaz dos programas de combate de infecção hospitalar”, destaca Victor Rocha Pusch, CTO da Sensorweb.

Dentre os benefícios da solução tem-se um equipamento compacto de baixo custo, com retorno sobre o investimento muito rápido à medida que a taxa de infecção por agente infeccioso é reduzida no ambiente hospitalar — hoje essa questão onera as instituições por conta do período estendido de internação dos pacientes, que podem necessitar o uso intensivo de antibióticos e até ir a óbito, podendo implicar até em problemas jurídicos. Outra ação que o higienizador biométrico de mãos facilitará é quanto ao controle de áreas restritas dos ambientes hospitalares, onde só pode entrar depois da higienização. “O sistema biométrico vai identificar a pessoa e, por meio do registro nos bancos de dados, pode-se inclusive vincular o uso do higienizador a abrir uma porta ou destravar o acesso em salas que exigem cuidados de segurança específicos. São benefícios diretos para a área da Saúde como um todo e na preservação da vida do paciente”, aponta Victor Rocha Pusch.

A ideia e a tecnologia por trás da solução

De acordo com a startup, a primeira versão do dispositivo conta com uma unidade óptica de biometria para leitura de palma de mão acoplado mecanicamente a um dispenser comum, de marcas já existentes no mercado. Também houve o desenvolvimento de um software exclusivo com uso de Inteligência Artificial para reconhecimentos de padrões que consegue uma taxa muito próxima de 100% na identificação da pessoa que utilizou o sistema por meio das mãos — ele funciona como uma espécie de impressão digital e faz a leitura sem toque por meio de uma técnica especial de processamento de imagem que consegue identificar as veias da palma da mão, que são únicas para cada pessoa cadastrada no sistema.

O resultado obtido já está sendo apresentado a instituições pioneiras a fim de avaliar o retorno sobre a utilidade do sistema. O foco inicial são hospitais em que se pretende aplicá-lo para contribuir no combate contra a transmissão de doenças infecciosas, sobretudo da Covid-19. Os primeiros pilotos estão ocorrendo em termos de apoio de operação e a empresa está concluindo etapas de formalização de convênios para executar as aplicações piloto. Entre os interessados em obter a tecnologia estão principalmente hospitais públicos de referência e hospitais particulares de médio e grande porte.

Apesar do projeto adentrar a fase de conclusão neste ano, a ideia é bem mais madura e estava aguardando os recursos necessários para a etapa de industrialização. Segundo o CTO da Sensorweb, a intenção de criar o produto surgiu cerca de quatro anos em parceria com a Neoprospecta, também de Florianópolis (SC), que faz sequenciamento genético de agentes de infecção em hospitais, indústrias alimentícias e edifícios de grande porte, e já observava o problema do controle de higienização de mãos. Iniciou-se então um projeto conjunto de pesquisa e desenvolvimento completo, com a parte óptica, eletrônica, de Inteligência Artificial e a criação do software gerencial do sistema, o que originou o produto funcional.

Financiamento e força conjunta para iniciar o projeto

A espera pelos investimentos adicionais para levar o desenvolvimento da solução a uma escala de produção em massa foi oportunizada em 2020, através do edital FINEP Covid, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Na ocasião, a Financiadora de Estudos e Projetos selecionou iniciativas de todo o país que pudessem contribuir no combate à pandemia de Covid-19. O higienizador de mãos foi aprovado pelo edital com R$ 833,8 mil em recursos vindos da estatal e R$127,7 mil da Sensorweb.

“Houve uma coincidência interessante entre a gente ter o projeto sendo desenvolvido, a necessidade de levá-lo para a etapa de industrialização, e o fomento público para acelerar esse projeto em virtude da pandemia de Covid-19. Profissionais de saúde adquirem a doença em seus ambientes de trabalho e pacientes internados por outros motivos estão sujeitos a contaminação em ambiente hospitalar. Então, a partir do momento que conseguimos determinar e controlar em determinada unidade de saúde as boas práticas de higienização de mãos são cumpridas e havendo um programa contínuo de controle de infecção aliado a uma tecnologia que suporta isso, acreditamos que na instituição monitorada a transmissão viral será reduzida”, afirma Douglas Pesavento, CEO da Sensorweb.

Além da Sensorweb, que levará a solução ao mercado e se responsabiliza pelo processo de industrialização e operação de serviço num modelo de IoT, o projeto conta ainda com outras parcerias: a FINEP, que é a entidade financiadora; a empresa Neoprospecta, que atua como aporte de especialista no assunto de infecção de mãos; o SENAI, como instituto de tecnologia que presta apoio em levar o protótipo para a fase de industrialização; a UFSC, que através do seu laboratório de eletromagnetismo contribui no trabalho de certificação do produto; e a Fundação CERTI, que reúne expertise em produção eletrônica, design para manufatura e em desenvolvimento de cadeia de fornecedor.

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