Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), o câncer de pele corresponde a cerca de 30% dos casos da doença no Brasil. Devido ao número alarmante de diagnósticos, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) desenvolveu a campanha Dezembro Laranja, que tem como propósito conscientizar sobre os riscos e a importância de prevenção da patologia.
Um dos motivos para os altos índices do câncer de pele no país se dá por conta do clima predominantemente tropical, com incidência solar de raios ultravioletas durante praticamente o ano todo. Além disso, uma pesquisa realizada pelo Instituto de Cosmetologia de Campinas/SP indicou que 71% da população brasileira disse não aplicar protetor solar diariamente durante o ano de 2022.
Muitas pessoas acreditam que, mesmo em dias nublados ou chuvosos, o protetor solar pode ser descartado, mas seu uso é indispensável. “A radiação solar recebida na atmosfera é praticamente a mesma em dias ensolarados do verão e chuvosos do inverno. Portanto, proteger a pele dos raios UVA e UVB deve ser um cuidado constante e diário.”, explica a dermatologista Dra. Ana Carina Junqueira.
É essencial redobrar a atenção em “áreas esquecidas”, como nuca e dorsos das mãos e pés, regiões que também precisam de proteção. Vale ressaltar que a exposição é cumulativa na pele, ou seja, quanto maior o contato desprotegido, maior o dano celular. Isso significa que as consequências são permanentes, já que o DNA da área afetada é modificado e pode gerar a multiplicação celular anormal no futuro.
Mas, afinal, como se consiste o câncer de pele? Dra. Ana Carina Junqueira conta que “ele se caracteriza pelo crescimento anormal e descontrolado das células que formam as camadas da pele. Elas se multiplicam na derme e epiderme até formarem um tumor maligno. Existem três principais tipos de câncer que são mais frequentes a partir dos 50 anos, mas que podem surgir em qualquer idade, em especial se houver influência de algum fator genético”. São eles:
Carcinoma basocelular (CBC)
É o tipo mais comum de câncer de pele e, ao mesmo tempo, o que apresenta menor taxa de mortalidade, já que pode ser totalmente curado quando diagnosticado precocemente e seguindo o tratamento adequado. O CBC manifesta-se principalmente em regiões com maior exposição ao sol, como couro cabeludo, orelha, face, pescoço, costas e ombros e se assemelha a lesões não cancerígenas, como eczema ou psoríase.
Carcinoma espinocelular (CEC)
É o segundo câncer de pele mais comum. Sua ocorrência costuma aparecer nas áreas mais expostas ao sol, como: couro cabeludo, face, pescoço e orelhas – regiões essas que, normalmente, apresentam sinais de dano solar como enrugamento e perda de elasticidade da pele. Ele pode ter aparência similar à das verrugas e precisa ser tratado precocemente, pois o seu crescimento aumenta o risco de disseminação a outras áreas do corpo.
Melanoma
Este é o câncer de pele mais raro, porém, com o pior prognóstico, já que apresenta o mais alto índice de mortalidade. Ele se parece com a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons escuros ou castanhos. Embora o diagnóstico assuste, a doença pode ser curada quando identificada no estágio inicial. Os indivíduos de pele clara, que se queimam com facilidade quando tomam sol, estão mais sujeitos a esse tipo de tumor e a hereditariedade favorece o desenvolvimento do melanoma.
O autoexame de pintas e sinais espalhados pelo corpo é fundamental, mas apenas um exame clínico minucioso é capaz de fornecer um diagnóstico. “Para auxiliar na identificação dos sinais perigosos de melanoma, existe um método didático conhecido como ‘Regra do ABCDE’. O ‘A’ refere-se à assimetria; ‘B’ a bordas irregulares; ‘C’ à coloração; ‘D’ ao diâmetro e o ‘E’ é de evolução. Se a marca for assimétrica, tiver bordas irregulares, dois tons ou mais, for superior a 5 milímetros e crescer e mudar de cor, provavelmente trata-se de um tumor maligno. Mas, em caso de sinais suspeitos, é sempre indicado consultar um dermatologista de confiança. Afinal, nenhum exame caseiro substitui a consulta e avaliação médica”, conclui a especialista.
De modo geral, pessoas mais suscetíveis ao câncer de pele são aquelas que: se expuseram muito ao sol durante infância, adolescência e vida adulta; tiveram vários episódios de queimaduras solares; praticam esportes ou trabalham ao ar livre sem proteção; têm pele muito clara ou são albinas; vivem em regiões ensolaradas; possuem histórico familiar da doença. A radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e alguns medicamentos são opções de tratamentos do câncer de pele. Mas é fundamental procurar um dermatologista para entender a combinação ideal de medidas de proteção.