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Empresa desenvolve marca-passo sem eletrodos para eliminar risco de infecções

por Redação
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Segundo dados do Censo Mundial de Marca-passos e Desfibriladores, cerca de 300 mil brasileiros utilizam marca-passos no país e aproximadamente 49 mil realizam o implante desse tipo de dispositivo por ano. Estigmatizado como um dispositivo que pode sinalizar possíveis limitações de saúde, os relatos de pacientes que os utilizam apontam um outro conceito — a oportunidade de exercer atividades que exigem esforços físicos, antes limitadas por um problema elétrico do coração. 

Pioneira no desenvolvimento de marca-passo, a Medtronic, lança o primeiro dispositivo sem os cabos-eletrodos, ou seja, sem os condutores que levam o impulso elétrico. O tamanho do dispositivo é de apenas 20 milímetros de comprimento, similar a uma cápsula de vitamina — é o menor do mundo — e pesa menos de 2 gramas. O design minúsculo permite que o implante seja minimamente invasivo. Os marca-passos tradicionais deixam uma elevação visível na pele na região acima do coração. No caso do Micra, a discrição é preservada, dando liberdade aos pacientes que não ficam com traumas estéticos e possam praticar exercícios físicos. 

A inexistência de eletrodos reduz o risco de infeção grave causada pelo contato dos cabos com a corrente sanguínea e elimina as infecções da pele do tórax no local do implante. Não é incomum alguns pacientes precisarem fazer a extração dos cabos-eletrodos por conta do grau de infecção, microfraturas ou tromboses causadas pelos extensos eletrodos. Entretanto, o maior benefício do Micra está na performance do equipamento, e de como ele preserva o sistema venoso, área responsável por transportar o sangue desoxigenado para o coração.

Isso quer dizer que, além de eliminar o risco de infecção, a área venosa fica conservada para a necessidade de tratamentos futuros, como hemodiálise ou quimioterapia. Outro destaque é a durabilidade da bateria, de até 12 anos. A maioria dos dispositivos convencionais têm durabilidade de seis a oito anos em média. 

Para Carlos Eduardo Duarte, cardiologista especializado em estimulação cardíaca da BP –Beneficência Portuguesa de São Paulo, o dispositivo é uma grande revolução e aguardado há muitos anos pelos especialistas. Segundo ele, o marca-passo é indicado para reverter qualquer diminuição da pulsação cardíaca que põe a vida em risco. “O ser humano nasce com o ritmo normal de 150 batimentos por minuto. Com o passar dos anos, essa frequência costuma cair. Se chegar a menos de 50 batidas por minuto, pode ser indício de bradicardia e merece atenção. No entanto, nem toda bradicardia necessitará de reversão. É preciso considerar a rotina do paciente, se ele é um atleta ou uma pessoa sedentária, para diagnosticar a necessidade de intervenção”, explica. 

A necessidade de implantação de marca-passos tem aumentado com o envelhecimento da população. No Brasil ainda impera um falso conceito de uso de marca-passo somente como última opção terapêutica. Se comparado aos países vizinhos, Argentina e Uruguai, o número de implantes do país é significativamente menor, o que reflete diretamente no aumento de doenças cardíacas e óbitos. 

“É importante ressaltar três pontos para conscientizar a população. Primeiro, a maioria das mortes causadas por diminuição da frequência cardíaca poderiam ser evitadas. Segundo, houve uma evolução no processo de implantação de marca-passos, hoje em dia, já não precisa abrir a caixa torácica e agora dispensará os cabos-eletrodos. Terceiro, o marca-passo não é um vilão, muito pelo contrário, depois de implantado há uma melhora significativa na disposição e qualidade de vida, além de prevenir fatalidades”, conclui Duarte, médico da BP, hub de saúde reconhecido como um dos melhores do mundo em cardiologia e um dos pioneiros no implante do Micra no Brasil.

O procedimento com o Micra foi realizado em outros países e tem se mostrado muito seguro e com baixas taxas de complicações durante o procedimento. O dispositivo é o mais revolucionário do mercado e, no Brasil, há poucos especialistas aptos a implantar esse equipamento, que será introduzido pelo acesso femoral. A inovação não está incorporada no rol da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e nem no SUS (Sistema Único de Saúde). 

O cardiologista alerta para os sintomas de tontura, cansaço, perda de desempenho físico, convulsões, desmaios ou até perda da consciência. São sinais que podem indicar bradicardia, com necessidade de implante de marcapasso. Casos esses sinais sejam identificados, é preciso procurar imediatamente um cardiologista especialista em arritmias cardíacas.

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