Embora os executivos da indústria farmacêutica dedicados à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) reconheçam que o digital é o principal determinante para um foco mais voltado aos resultados para o paciente, apenas metade deles está adotando tais tecnologias, de acordo com um novo relatório da Accenture.
O levantamento – “Industry at a Crossroads: The Rise of Digital in the Outcome-Driven R&D Organization” (“A Indústria em uma encruzilhada: o crescimento do digital na organização de P&D centrada em resultados) – é baseado em uma pesquisa realizada com cerca de 80 executivos de Pesquisa e Desenvolvimento de empresas farmacêuticas nos Estados Unidos e Europa.
Quando solicitados a identificar as áreas em que as tecnologias digitais terão o maior impacto sobre a indústria, os executivos citaram “transformar seu modelo de P&D para tornar-se mais focado no paciente” mais frequentemente do que qualquer outra área (29%), à frente de “melhorar a produtividade de P&D por meio de processos digitalizados” (22%); “melhoria da qualidade e conformidade para atender às exigências regulatórias em transformação” (18%); e “redução de custos em P&D para melhorar a produtividade” (12%), entre outras áreas.
No entanto, 42% dos entrevistados disseram que ainda estão “explorando” como o digital pode melhorar suas organizações, com mais de 3% dizendo que ainda estão “esperando para ver” como o digital é implantado antes de desenvolver suas próprias capacidades digitais.
“Em vista deste cenário global, o Brasil está inserido como um polo potencial importante na captação de novos pacientes para estudos clínicos”, avalia Matias Levin, lider de Life Science da Accenture para a América Latina. “Os profissionais de P&D das empresas multinacionais presentes no Brasil precisarão adaptar as soluções digitais para o sistema local de saúde. Somente o foco no paciente irá melhorar os resultados. Já as empresas farmacêuticas e de biotecnologia, que desenvolvem moléculas próprias para o mercado nacional e internacional, necessitam repensar rapidamente e fazer suas escolhas estratégicas de processos de P&D para obterem vantagens no digital, melhorando o desempenho do seu portfólio”, conclui o Levin.
Para o executivo, “a melhora do processo de P&D por meio das ferramentas digitais irá resultar na segmentação mais precisa dos pacientes nos estudos clínicos e no processo de aprovação pelos órgãos regulatórios, o que irá contribuir positivamente para a melhoria da saúde no Brasil”.
Enquanto 99% dos executivos entrevistados disseram que o foco crescente nos resultados para o cliente é uma prioridade “crítica” ou “muito importante”, quatro em cada 10 entrevistados (39%) disseram que o maior foco nos resultados para o paciente já era uma prioridade em Pesquisa e Desenvolvimento para suas organizações, e metade (49%) declarou que deverá ser a prioridade até 2020.
A pesquisa também mostrou que empresas farmacêuticas que já adotaram o digital revelaram que sua capacidade de P&D está significativamente mais forte em áreas-chave. Elas estão muito mais avançadas na reformulação do Target Product Profile (TPP – Perfil de Produto Alvo) e do Clinical Development Plan (CDP – Plano de Desenvolvimento Clínico).
No relatório, a Accenture sugere que, para aproveitar os benefícios das tecnologias digitais, os líderes de P&D devem considerar os seguintes passos:
- Traçar uma estratégia digital que se alinhe com as prioridades atuais do P&D da empresa. Como exemplo, para cada objetivo estratégico, identificar facilitadores digitais que reflitam o mesmo âmbito, objetivo, diferenciação competitiva e valor de paciente;
- Mapear facilitadores digitais específicos para os principais processos clínicos, bem como para os públicos de interesse, como pesquisadores, pacientes, cuidadores e fornecedores. Em seguida, definir um valor quantificável, resultados e experiências ideais para os pesquisadores, pacientes, cuidadores e fornecedores;
- Pensar ‘fora da caixa’ para obter crescimento de mercado em áreas terapêuticas específicas, como doenças por estilo de vida ou doenças mais crônicas, bem como segmentos de clientes, como pacientes sem mobilidade, podem proporcionar uma oportunidade melhor para pensar de forma ampla e diferente sobre a estratégia para envolver os pacientes e garantir melhores resultados;
- Permitir uma maior colaboração com outros públicos interessados na adoção digital, como a organização comercial interna, bem como terceirizados.
- Promover a cultura e mentalidade digitais, investindo ou beneficiando-se das capacidades digitais já existentes em Pesquisa e Desenvolvimento. Isto pode variar de habilidades analíticas de dados e trabalho com plataformas Real World Evidence até o engajamento em mídia social.
Sobre a Pesquisa
A McGuire Research realizou uma pesquisa por e-mail, com 76 executivos de Pesquisa e Desenvolvimento em importantes empresas farmacêuticas, em novembro de 2015. Os executivos representam 35 empresas sediadas nos Estados Unidos e 41 empresas com sede na França, Alemanha, Suíça e Reino Unido. Todos os entrevistados tinham a Pesquisa e Desenvolvimento como foco principal de sua posição na empresa, com 86% atuando como o executivo mais sênior da organização em Pesquisa e Desenvolvimento ou executivo sênior da divisão de Pesquisa e Desenvolvimento, e o restante (14%) atuando como executivo sênior de tecnologia de Pesquisa e Desenvolvimento. 38% são de farmacêuticas com uma receita de pelo menos 11 bilhões de dólares, e 47 entrevistados (62%) são de empresas farmacêuticas com receitas entre 1 bilhão e 10 bilhões de dólares.