Erros médicos crescem 57% em quatro anos no Brasil

Surgeons wearing latex gloves and blue uniforms perform laparoscopic minimally invasive surgery using special medical instruments. Treatment of proctological diseases.

Uma decisão recente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) proibiu o cirurgião plástico Herbert Gauss Júnior, considerado o médico dos artistas, de sair do país em razão de uma condenação recebida em um dos processos por “erro médico”. O caso é apenas um entre tantos outros acumulados pelo profissional.

Em abril, a imprensa repercutiu histórias de cinco pacientes que relataram que foram deformadas ou que não tiveram os resultados esperados após a realização de uma cirurgia feita pelo médico. Herbert Gauss Júnior é conhecido desde os anos 90 por ter atendido famosos como Hebe Camargo, Gretchen, Márcia Goldschmidt e o cantor Leandro.

A decisão do TJ-SP é de um processo aberto em 1999 por uma paciente que, após a cirurgia para redução dos seios, ficou com o seio direito 40% maior do que o esquerdo. O médico foi condenado a pagar R$ 272 mil (valor calculado até fevereiro de 2022), de danos morais e materiais.

Em outro caso envolvendo o médico, o juiz entendeu que o cirurgião agiu com culpa, pois de acordo com o laudo, Herbert deveria ter avisado a paciente com antecedência sobre o risco de tromboembolismo em cirurgias de abdominoplastia, o que não aconteceu.

Um levantamento divulgado pelo CNJ no final de maio revelou um aumento expressivo no número de processos relacionados com “erros médicos” em geral no Brasil: 43.929 em 2023, contra 27.951 em 2020, representando um crescimento de 57% em quatro anos.

Caroline Daitx, especialista em medicina legal e perícia médica

Sobre os casos envolvendo falhas na prestação de serviço de saúde, Caroline Daitx, especialista em medicina legal e perícia médica, explica que o trabalho da perícia médica envolve a avaliação dos exames, procedimentos realizados pelo profissional e demais intercorrências médicas. “A perícia médica é fundamental na avaliação de alegações de ‘erro médico’ em cirurgias plásticas, servindo como elo essencial entre as esferas médica e jurídica”.

A especialista enfatiza que o processo pericial começa com a coleta das informações pertinentes, incluindo o histórico médico do paciente, os detalhes específicos do procedimento cirúrgico realizado, as informações sobre o consentimento informado, as orientações pré e pós-operatórias fornecidas, entre outros documentos relevantes. “Essa análise cuidadosa permite compreender o contexto da cirurgia, as expectativas do paciente e as ações específicas do cirurgião plástico”, ressalta Caroline.

A perícia médica também se dedica a avaliar o impacto dos erros médicos sobre a saúde e o bem-estar do paciente. “Isso engloba tanto os danos físicos, como deformidades e necessidade de intervenções cirúrgicas reparadoras, quanto os efeitos psicológicos, incluindo trauma e deterioração da qualidade de vida”.

A médica reforça que a atuação de um profissional em perícia é essencial para processos dessa natureza. Assim, tanto o paciente quanto o médico poderão receber suporte técnico e especializado adequado de acordo com o caso, dando suporte jurídico para a fundamentação precisa nos processos judiciais.

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