O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a primeira operação de apoio a projeto-piloto de Internet das Coisas (IoT) selecionado na chamada lançada em 2018. Trata-se do teste de monitoramento de oxigênio ministrado em tratamento de pacientes com enfisema pulmonar proposto pelo centro de inovação CESAR. A solução poderá melhorar a saúde de milhares de pessoas, evitar o desperdício de oxigênio medicinal e diminuir custos com logística, barateando o tratamento.
Com investimento total de R$ 2 milhões – sendo R$ 1 milhão aportado pelo BNDES em recursos não-reembolsáveis – o projeto testará durante 16 meses um sistema de monitoramento da quantidade de oxigênio ministrada a pacientes com doença pulmonar desobstrutiva crônica, popularmente conhecida como enfisema pulmonar. O problema gera 118 mil internações, 8,6 mil óbitos e R$ 104 milhões em despesas por ano, de acordo com o SUS. Trata-se da quarta causa de morte mais relevante no país, conforme dados do Ministério da Saúde.
Os testes serão realizados em ambientes reais, contando com a participação de cerca de mil voluntários internados em hospitais ou sob tratamento domiciliar (home care). O monitoramento será feito por meio de um sensor acoplado à tubulação ou ao cilindro de oxigênio. As informações relativas ao fluxo de gás serão digitalizadas e transmitidas para uma base de dados onde estarão disponíveis para os profissionais de saúde. O acompanhamento mitigará riscos de falta de oxigênio e permitirá que os pacientes recebam a quantidade ideal de gás, evitando, por exemplo, problemas decorrentes de superdosagem.
No caso dos aparelhos utilizados em home care, além da medição, a solução contará com um sistema automatizado, com base em inteligência artificial, para prever a data de reposição dos cilindros de oxigênio. Isso permitirá a redução do desperdício de cilindros cheios e da reposição emergencial de gás, podendo diminuir custos logísticos.
O protótipo da solução foi desenvolvido em uma parceria entre o CESAR e a Salvus, startup brasileira, com financiamento da Embrapii, vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Os testes serão divididos em duas fases: um período inicial – que servirá de base comparativa – durante o qual as informações coletadas não serão disponibilizadas aos pacientes e profissionais e outro já com as ferramentas plenamente disponíveis. Com isso será possível contrastar os resultados e avaliar a eficácia do sistema.
Após a realização do projeto-piloto será feita uma avaliação ampla, contemplando não apenas os resultados clínicos, mas também a análise de desempenho econômico. Também serão avaliadas as potenciais barreiras e oportunidades para replicação da tecnologia e a estruturação de modelo de negócio sustentável para a difusão da solução testada. Ao final do projeto, será publicado relatório de avaliação, com objetivo de difundir o conhecimento gerado para toda a sociedade e incentivar a adoção de soluções de Internet das Coisas.
A tecnologia testada poderá ser aplicada com outros gases medicinais e, também, em outros ambientes, especialmente no controle de fluidos industriais.