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Transformação digital e IA devem ganhar força no setor, prevê médico

por Redação
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Tendência na área desde o início da pandemia da Covid-19, a digitalização da saúde deve ganhar ainda mais força em 2023, na opinião do médico Ademar Paes Junior, CEO da LifesHub, plataforma de inteligência de dados especializada em saúde. Segundo ele, o mercado da saúde teve um crescimento exponencial nos últimos dois anos, não apenas nos setores ligados diretamente ao contexto pandêmico, mas registrando crescimento também em outras áreas, de forma orgânica. “O represamento de atendimentos e consequências desse período ainda estão sendo avaliadas, mas já estão sendo sentidas em setores de saúde complementar.”

Para dar um panorama dessas mudanças, a LifesHub avaliou as tendências no segmento e como profissionais, indústria e serviços estão se preparando para a transformação digital e o uso da inteligência artificial. A perspectiva, de acordo com a empresa, é de que novos recursos poderão aparecer para o atendimento, consulta e, também, para subsidiar informações para novos investimentos na área. “A pandemia trouxe a inovação e digitalização dos processos em torno do atendimento e do uso do sistema de saúde. Essas inovações resultam em processos mais ágeis e eficazes, além de aumentar a segurança de dados, fator cada vez mais relevante no ambiente digital. Com profissionais bem treinados e organizações preparadas, é possível termos uma maior qualidade do serviço prestado, com bom atendimento ao paciente e um uso racional do sistema de saúde”, explica Paes Junior.

Inteligência artificial na análise de dados

As organizações de saúde já estão adotando tecnologias para impulsionar a eficiência operacional e melhorar os cuidados aos pacientes, e a expectativa para 2023 é que esse campo se expanda para mais atendimentos e mais organizações. Já é possível, por exemplo, utilizar algoritmos para prever o fluxo de pacientes e recomendar alterações para reduzir o tempo de espera nos hospitais.

Segundo pesquisa recente realizada pela consultoria IDC, o Brasil é o país que mais usa inteligência artificial (IA) na América Latina. Empresas que investem em dados e ferramentas de analytics conseguem identificar e antecipar tendências e padrões de consumo, e isso pode ser aplicado também no planejamento estratégico de investimentos em saúde. Segundo Paes Junior, é o que se propõe a LifesHub, ao convergir mais de 5 terabytes de dados obtidos de diversas fontes, como ANS, Receita Federal, DataSUS, entidades de classes entre outros, totalizando mais de 3 mil fontes de informação sobre o mercado de saúde. O cruzamento de todos esses dados permite realizar a análise de mais de 1,2 milhões de empresas, 3 milhões de profissionais, 78,3 milhões de beneficiários de sistemas de saúde suplementar e 7,5 bilhões de procedimentos anuais, entre outros, tudo alinhado com o que é preconizado pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

“Construímos uma base de dados robusta que contempla todo o mercado de saúde, assim é possível cruzar essas informações e utilizá-las como base para a tomada de decisões. Seja para melhorar vendas ou definir um novo mercado de investimento os usuários da plataforma conseguem qualificar suas estratégias a partir de dados relevantes do setor” complementa Paes Junior.

Novos recursos para atendimento em saúde

A telemedicina ainda é a principal tendência para os próximos anos quando se fala em saúde no Brasil. Os serviços de teleconsulta já estão consolidados e os pacientes já estão se adaptando aos benefícios desse novo modelo, sendo uma das grandes oportunidades de investimento desse setor. Junto com o atendimento, os laudos médicos à distância também estão se consolidando: por meio de certificados digitais, estes laudos possuem a mesma credibilidade do que os laudos emitidos presencialmente e podem ser armazenados em nuvem, em acessos futuros para compor um diagnóstico mais preciso.

Plataformas de medicina na nuvem são outra tendência para o mercado no próximo ano, avalia Paes Junior. Cada vez mais há uma preocupação com a segurança de dados, tanto dos médicos como dos pacientes, e por isso plataformas que possibilitam essa ligação entre pacientes e profissional devem se tornar cada vez mais presentes e eficazes. “São tecnologias que devem trazer mais conforto e agilidade no atendimento aos pacientes. Profissionais e clínicas médicas podem fazer um mapeamento de carências regionais e ampliar seu foco de atendimento através do atendimento remoto, sem necessariamente precisarem se deslocar ou instalar novas unidades de trabalho” conclui o médico.

Oportunidades da saúde suplementar

Com novos formatos de atendimento, a saúde suplementar também começa a usufruir da tecnologia para ampliar o acesso a serviços e consultas online. Os recursos alternativos podem ser um respiro para os planos de saúde, que vêm registrando prejuízos operacionais crescentes desde o início da pandemia. De acordo com a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), a elevação dos custos de insumos médicos e a cobertura obrigatória de tratamentos tendem a agravar a situação.

 Sendo este momento sensível para as operadoras, Paes Junior destaca a importância de que os investimentos dos planos de saúde sejam fundamentados em fatos e dados que direcionem os recursos e estratégias com maior assertividade. “Mais do que avaliar a capacidade de investimento, os gestores de planos de saúde precisam ter um mapeamento de mercado que demonstre qual a região, população, perfil empresarial têm maior demanda dos serviços de saúde, para que cada centavo investido tenha maior probabilidade de retorno” afirma o médico, ao defender o uso da inteligência de dados no segmento.

Capacitação profissional para a transformação digital

A tecnologia e inteligência de dados já vêm comprovando seu potencial para entregar novas possibilidades à saúde, mas outro fator indispensável para que a transformação digital ocorra é a capacitação profissional de médicos dedicados à medicina digital. Em evento realizado em outubro deste ano em Florianópolis, Paes Junior destacou a demanda que está surgindo no país para estes profissionais. “Hoje precisaríamos ter pelo menos um médico especializado em cada uma das secretarias estaduais de saúde, cada secretaria municipal de cidades com mais de 200 mil habitantes, cada hospital acima de 200 leitos e cada operadora de plano de saúde com mais de 100 mil vidas. Somando tudo isso, falamos em uma necessidade imediata de, no mínimo, 801 especialistas em medicina digital hoje no Brasil”, dimensiona o médico, que também é presidente da Associação Catarinense de Medicina.

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