Há aproximadamente um ano, a família do ator americano Bruce Willis divulgou que ele foi diagnosticado com afasia. A afasia é um primeiro sinal frequente da demência frontotemporal e pode ter várias causas, como um AVC (acidente vascular cerebral) ou uma infecção cerebral. Em novo diagnóstico anunciado em fevereiro pela família de Willis foi confirmado que o ator está com a demência frontotemporal (FTD, na sigla em inglês, de frontotemporal dementia). Esta é uma condição neurológica progressiva que afeta as áreas do cérebro responsáveis pela personalidade, comportamento e linguagem. Ela é causada pela degeneração de células cerebrais nessas regiões e é mais comum em pessoas com idade entre 45 e 65 anos.
Os sintomas iniciais dessa doença podem incluir mudanças na personalidade, comportamento e linguagem, como perda de interesse em atividades sociais, apatia, falta de inibição, alterações no humor, comportamento impulsivo e dificuldades na fala e escrita. À medida que a doença progride, podem ocorrer dificuldades com a execução de tarefas simples, desorientação e perda de memória.
A FTD é um tipo de demência frequentemente confundida com outras condições, como Alzheimer e demência vascular, devido aos sintomas semelhantes. No entanto, as alterações no cérebro associadas à doença frontotemporal são diferentes das observadas nessas outras condições. Existem dois tipos principais de doença frontotemporal: a degeneração lobar frontotemporal (DLFT) e a afasia progressiva primária (APP). A DLFT afeta principalmente o lobo frontal e temporal do cérebro, resultando em mudanças comportamentais e de personalidade. Já a APP afeta principalmente uma área da região do cérebro localizada no lobo frontal esquerdo, próxima à lateralidade da face. É uma área importante para a produção da fala e para a compreensão da linguagem.
Embora a causa exata da doença frontotemporal não seja conhecida, cientistas acreditam que a genética pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da doença em alguns casos. Um estudo publicado no ano passado na Nature Communications afirmou que, em cerca de 15% dos casos, a FTD é relacionada a uma mutação específica em um gene. Além disso, lesões cerebrais, infecções e inflamações também podem estar associadas ao desenvolvimento da doença.
Atualmente, não existe cura para a doença frontotemporal e o tratamento se concentra em aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Isso pode incluir terapia ocupacional, fisioterapia, terapia da fala e medicamentos para gerenciar os sintomas.
É importante que as pessoas estejam cientes dos sintomas da doença e busquem ajuda médica se notarem mudanças significativas em seu comportamento ou linguagem.
*Jorge Rezeck, médico no Hospital São Jorge e Clínica Unique, é pós-graduado em terapia intensiva pelo Hospital Albert Einstein, em neurointensivismo pelo Hospital Sírio Libanês e em medicina do envelhecimento saudável pelo Instituto BWS, entre outras especializações.