A humanidade está passando por uma transformação demográfica sem precedentes. De acordo com a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2060 seremos um país de idosos. Atualmente, 15% da população é considerada da “terceira idade” e a estimativa é chegar a 25% nos próximos 40 anos. Dados da ONU mostram que a população brasileira passou para 215 milhões de indivíduos, sendo que 141 milhões de habitantes têm entre 15 e 59 anos; 43 milhões são jovens e 33 milhões são idosos.
Neste cenário, os desafios de proporcionar atendimento mais humanizado e qualificado para essa parcela da população não são fáceis, pois alguns necessitam de cuidados especiais, além de profissionais especializados e bem qualificados. A pergunta que permeia a mente de quem atua no setor de saúde é: será que o mundo está preparado para uma população mais velha? Essa indagação se faz coerente quando olhamos o impacto do envelhecimento populacional no sistema público de saúde.
Para se ter uma ideia, um novo estudo realizado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps), com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), mostra que idosos de 80 anos ou mais e com maior renda, conseguem usufruir de atendimentos de saúde mais qualificados do que aqueles que são 10 a 15 anos mais novos e com renda inferior.
Além disso, o envelhecimento da população está diretamente ligado a um aumento das doenças crônicas, como as cardíacas, diabetes e demência. Isso coloca uma pressão significativa sobre os sistemas de saúde, exigindo mais recursos e profissionais qualificados, que priorizam um atendimento mais humanizado. A realidade é que a preparação para uma população mais velha requer uma abordagem multidisciplinar. Isso envolve investimento em infraestrutura de saúde, reformas na previdência social, políticas de emprego inclusivas e uma mudança cultural em relação aos idosos.
Por fim, o envelhecimento da população é uma realidade inegável e complexa que está transformando o mundo. Embora isso apresente desafios significativos, também oferece oportunidades para o crescimento e o progresso. O sucesso na adaptação a essa mudança depende da vontade de governos, empresas e sociedade em geral de abraçar a diversidade etária e criar um mundo onde todas as gerações possam prosperar juntas. O Homosapiens Sênior está aqui para ficar, e é nosso dever coletivo garantir que eles tenham um lugar na sociedade e que suas contribuições sejam valorizadas.
Cadu Lopes, CEO da Doctoralia Brasil, Peru e Chile, e da Feegow Clinic.