Os hospitais brasileiros têm evoluído na jornada de transformação digital, mas ainda precisam avançar em termos de inovações e melhorias. De acordo com o “Mapa da Transformação Digital nos Hospitais Brasileiros 2022”, elaborado pela Folks Saúde Digital, o índice de maturidade digital está em 44% — numa escala que vai de 0% a 100%.
Isto, segundo o estudo, corresponde ao segundo estágio dos quatro níveis de maturidade, o de evolução. Esta etapa é caracterizada pelo uso de algumas soluções básicas e pela compreensão da importância da transformação digital por parte da liderança.
“Ainda há uma percepção equivocada de que a transformação digital se restringe ao investimento em tecnologia, quando na verdade ela envolve muitos outros aspectos”, explica o CEO da Folks, Dr. Cláudio Giulliano. A análise dos dados indica, por exemplo, que há necessidade de estímulo à estrutura e cultura de digitalização nos hospitais por meio de treinamentos e programas específicos para qualificar os colaboradores.
A análise da Folks, em uma amostra de 225 instituições, sendo 175 hospitais, avalia duas dimensões: adoção de tecnologia e preparação para a jornada digital, e cinco domínios: serviços e aplicações, infraestrutura e arquitetura, dados e informações, estratégia e governança, e estrutura e cultura.
Na análise que abrange o período de 2019 a setembro de 2022, Dados e Informação (com índice 32%) é o domínio com maior espaço para avanço, seguido por Estratégia e Governança (35%), Estrutura e Cultura (40%), Infraestrutura e Arquitetura (43%) e Serviços e Aplicações (50%).
Principais benefícios da transformação digital
Um dos aspectos mais importantes nesta jornada é a capacitação de todos os profissionais envolvidos. Na maioria dos hospitais avaliados (68%) não há um programa de capacitação sobre saúde digital para cada colaborador e em quase um terço há resistência parcial ou total à adoção de tecnologias digitais.
A transformação digital amplia o acesso a atendimento/tratamento, traz mais segurança para os pacientes, diminui a possibilidade de erros médicos, reduz custos operacionais, promove ganhos de escala e melhora a experiência do paciente como um todo. “Ser digital faz bem à saúde”, resume, Giulliano.
O CEO da Folks ressalta ainda o efeito da evolução digital para os chamados cinco itens certos na administração de medicação: paciente certo, medicação certa, hora certa, dose certa e via certa, imprescindíveis para a segurança dos pacientes e eficácia do tratamento.
DMI-H
Desenvolvido pela Folks, o Índice de Maturidade Digital para Saúde (em inglês Digital Maturity Index for Healthcare – DMI-H) analisa duas grandes dimensões: adoção de tecnologia e preparação para a jornada digital.
A partir dos dados, ele situa a instituição numa das quatro fases da transformação digital:
- 0 a 25%, ou tradicional: não tem uma estratégia digital definida e as lideranças não estão preparadas. A maior parte dos serviços e aplicações não são digitais;
- 26 a 50%, ou evolução: iniciou a jornada digital e usa algumas soluções digitais mais básicas. As lideranças entendem a importância da transformação digital;
- 51 a 75%, ou sofisticação: possui estratégia clara de transformação digital, o que já traz efeitos positivos para os colaboradores. Muitos dos serviços e aplicações são digitais;
- 76 a 100%, ou inovação: níveis elevados de serviços digitais. Passa a ter estratégias para novos negócios baseados em tecnologia e adota ciclos de melhoria contínua.
Similar à ferramenta de análise desenvolvida pela Folks, cada um com metodologia própria, o National Health Service – NHS, na Inglaterra e o HIMSS (Healthcare Information and Management Systems Society), nos Estados Unidos, possuem mecanismos de avaliação da maturidade digital em hospitais e instituições de saúde.
Estes indicadores medem o progresso em direção a um ecossistema de saúde digital que conecta médicos, fornecedores e equipes de atendimento para a gestão da saúde e do bem-estar dos pacientes. Neste ecossistema, os processos operacionais e de cuidados são orientados por resultados, a partir de dados e evidências reais proporcionando mais segurança, qualidade e resultados sustentáveis em instituições de saúde.
Confira, a seguir, os principais dados do estudo:
Índice de maturidade digital nos hospitais brasileiros: 44%
Possui estratégia formal para a transformação digital?
35% transformação digital está no mapa estratégico
34% diretoria entende como uma necessidade
11% não há plano estruturado.
Possui estratégia de inovação e incorporação de novas tecnologias?
46%Há alguns projetos de inovação isolados
34% Não há nenhuma atividade de inovação
11% Há um programa de inovação institucional com a abertura para startups
8% há estrutura específica e inovação é usada para novos negócios
Há orçamento dedicado?
44% orçamento para manutenção do básico, TI sem autonomia
23% orçamento dedicado e planejado com OPEX e CAPEX
14% Não há orçamento específico para a TI
13% Investimento em novos projetos e inovação, TI com autonomia
Equipe de TI está estruturada para a transformação digital?
39% equipe de TI possui perfil muito técnico
20% equipe multidisciplinar com profissionais de TI e saúde.
6% possui líderes especializados em saúde digital
Há cultura estímulo à adoção tecnologias digitais?
19% há incentivo para transformação digital
40% não há resistência à mudança e parte dos gestores está engajado na adoção digital.
29% há resistência parcial ou total.
Possui programa de capacitação em saúde digital para colaboradores?
68% não há programa de capacitação sobre saúde digital para cada colaborador individualmente
Principais Conclusões
Hospitais brasileiros demonstram evolução na jornada digital.
Há grande espaço para melhoria e inovação nas instituições de saúde.
Dados e informação é o domínio com maior espaço para melhorias, seguido por estratégia e governança
Necessidade de estímulo à estrutura e cultura de digitalização nos hospitais por meio de treinamentos e programas para os colaboradores
Benefícios da transformação digital nos hospitais
Mais segurança para os pacientes.
Diminuição de erros médicos.
Redução de custos operacionais.
Maior acesso a atendimento/tratamento.
Melhor experiência do paciente.
Ganho de escala (escalabilidade).