Pacientes portadores de diabetes Mellitus terão a partir de agora o acesso ampliado no Sistema Único de Saúde (SUS) ao medicamento dapagliflozina. O anúncio foi feito pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Até então, a comissão havia incorporado a dapagliflozina apenas para pacientes com mais de 65 anos e que já haviam apresentado complicações da doença, como infarto ou acidente vascular.
No entanto, estudos realizados pela Academia VBHC – Value-Based Health Care (cuidado à saúde baseado em valor) permitiram esclarecer que os benefícios do medicamento são muito significativos na população que ainda não apresentou complicações. Os estudos indicam que a dapagliflozina pode prevenir complicações da diabetes, evitando custos e sofrimentos desnecessários. A Academia VBHC calcula que essa mudança deve beneficiar anualmente cerca de 200 mil brasileiros.
A dapagliflozina é um medicamento específico para o tratamento de pacientes com diabetes Mellitus, que age reduzindo a absorção de glicose (açúcar) pelos rins e aumentando a sua eliminação pela urina, ajudando a controlar os níveis de glicose no sangue. Além disso, estudos recentes mostram que o medicamento traz outros benefícios significativos, como a redução do risco de complicações no coração e nos rins em pacientes com diabetes.
Essa incorporação foi possível graças a uma parceria com a Academia VBHC, que realizou estudos que incluem conceitos de health economics and outcomes research (HEOR) e value-based healthcare (VBHC) para investigar o valor da nova tecnologia no SUS.
Os estudos incluíram revisão sistemática e meta-análises, estudos que sintetizaram os benefícios do medicamento, assim como estudos econômicos de custo-efetividade por microssimulação que analisaram os impactos do medicamento em todo o ciclo de cuidado do diabetes, incluindo desfechos de longo prazo. Desta forma, foi possível verificar que o medicamento, além de melhorar significativamente os cuidados ao diabetes, reduz significativamente custos de longo prazo para o SUS, como decorrentes de infarto e insuficiência renal.
Segundo Henrique Diegoli, médico e um dos sócios fundadores da Academia VBHC, este case de sucesso é um exemplo de como a interação entre VBHC e HEOR pode auxiliar o sistema de saúde a tomar decisões, que aumentem o valor para os pacientes, ampliando expectativa e qualidade de vida e reduzindo custos potencialmente evitáveis. “A avaliação de novas tecnologias em saúde é um processo importante para determinar se uma nova tecnologia é eficaz e segura para uso na saúde. VBHC e HEOR são abordagens diferentes, que ajudam a avaliar se a nova tecnologia é valiosa para os pacientes e se pode ser incorporada ao sistema de saúde com custos razoáveis”, explica ele.
Academia VBHC atua como uma ponte entre VBHC e HEOR, utilizando ferramentas como revisões sistemáticas em saúde, avaliações econômicas em saúde e estudos de real-world evidence (RWE), que investigam o uso de novos tratamentos na prática no Brasil. Também oferece educação e consultoria para a implementação de escritórios de valor, reorganizando os ciclos de cuidado para entregar o que importa para os pacientes.