Com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), desenvolve uma plataforma de telemedicina que vai usar 5G e Internet das Coisas (IoT) para capacitação de cirurgiões cardíacos e apoio a operações complexas realizadas em hospitais longe dos grandes centros. A plataforma está em fase de validação e será usada inicialmente para operar bebês com cardiopatias congênitas.
Desenvolvida pelo Núcleo de Inovação do InCor (InovaInCor), a Plataforma Nacional de Teleconferência de Ato Cirúrgico vai também apoiar o desenvolvimento de terapias inovadoras e a diversificação de práticas. O investimento do ministério é de R$ 597 mil. Segundo Fábio Jatene, coordenador do InovaIncor e vice-presidente do Conselho Diretor do hospital, a plataforma vai ainda ajudar a equilibrar a distribuição irregular de médicos no país. Ele acrescenta que a correção de problemas cardíacos em crianças no primeiro ano de vida é uma questão de saúde pública da maior relevância.
“Segundo o estudo Demografia Médica no Brasil 2020, se constata uma distribuição irregular de médicos especialistas no território nacional, com grande concentração nos grandes centros, onde também há maior concentração de hospitais. Através das tecnologias empregadas nesta plataforma, e recursos de telemedicina, pode-se contrabalançar tal desigualdade, beneficiando pacientes que precisem de cirurgias de média a maior complexidade, que podem ter seu atendimento realizado em hospitais regionais com o suporte de hospitais especializados e centro de formação, como no caso do InCor”, afirma.
A plataforma conta com ferramentas para o planejamento da cirurgia, acompanhamento do procedimento à distância e avaliação posterior da operação pelas equipes envolvidas. O projeto permite a gestão dos dados clínicos do paciente com uso de imagens, vídeos e documentos; a impressão 3D de biomodelos e simulação com realidade aumentada a partir do uso exames como tomografia e ressonância; gestão dos sinais captados pelos equipamentos do centro cirúrgico remoto, por meio de tecnologias de IoT; além de reuniões virtuais entre as equipes.
As primeiras cirurgias com uso da plataforma devem acontecer a partir de julho, com a previsão de atender 10 pacientes pediátricos portadores de cardiopatias congênitas. Para a prova de conceito da tecnologia, o InCor tem a colaboração do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão. Segundo Jatene, o uso da plataforma também pode ser estendido para outras especialidades após a validação.
“Os hospitais em locais mais remotos do país ou com menos centros especializados também ganham com a possibilidade de ter profissionais mais jovens atuando com apoio de centros especialistas, reduzindo o tempo da curva de aprendizado e conferindo maior segurança na realização dos procedimentos. Esse projeto tem um enorme potencial para auxiliar o SUS na redução das demandas de TFDs (Tratamentos Fora de Domicílios). Finalmente, após a validação desta prova de conceito da plataforma, esta mesma abordagem tecnológica poderá ser estendida a outras especialidades cirúrgicas”.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, junto com o secretário de Pesquisa Científica e Formação, Marcelo Morales, e a secretária de Articulação e Promoção da Ciência, Christiane Corrêa, visitaram o InCor para conhecer a iniciativa. Desde 2018, o ministério e a Fundação Zerbini mantêm um acordo de cooperação para inovação. A instituição é uma entidade sem fins lucrativos responsável por captar, gerenciar e investir na estrutura do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (InCor) os recursos provenientes dos serviços da instituição na assistência, ensino e pesquisa em cardiologia e pneumologia.