Uma ideia criativa e a força da solidariedade mobilizaram professores e alunos da pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP) a criar um novo modelo de ventilador pulmonar de baixo custo para atendimento a pacientes de Covid-19 – batizado de “Inspire”. Com registro junto à Anvisa, esse projeto foi o vencedor da terceira onda da seleção pública promovida pela Petrobras e Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e receberá R$ 1,1 milhão em apoio financeiro. Seu desenvolvimento contou com mais de 200 colaboradores de 8 faculdades da USP e parceiros como Marinha do Brasil, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), SENAI-SP e Instituto Federal.
Alinhado às exigências da Associação de Medicina Intensiva do Brasil e aos requisitos para tratamento de Covid-19, o projeto está agora em fase de expansão de escopo. Os pesquisadores estão dedicados ao desenvolvimento de acessórios para o ventilador pulmonar – como o modelo de capacete que, adaptado ao ventilador, permite a redução da necessidade de “intubação” de pacientes internados em UTIs.
O acessório foi batizado de “escafandro” por parecer a vestimenta usada por mergulhadores. “Uma das vantagens desse equipamento é permitir um tratamento menos invasivo, além de impedir a contaminação no ambiente de uma UTI, já que o ar é filtrado. Assim, possíveis gotículas contendo o coronavírus não serão dispersadas no ambiente hospitalar, e isso resultará em mais segurança aos que atuam diretamente com esses pacientes”, disse o líder da seleção pública pela Petrobras, Luiz Claudio Paschoal.
Próximos passos
A USP obteve o registro do ventilador “Inspire” pela Anvisa, assim como a licença para produção em parceria com o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, sediada no Campus da USP no Butantã, com quem desenvolve projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) há muitos anos. Além disso, a universidade já conta com a linha de montagem pronta, tendo produzido uma primeira série de protótipos, que estão sendo utilizados em um ensaio clínico com 40 pacientes no Hospital das Clínicas.
A próxima etapa é a fabricação dos primeiros 100 ventiladores – com os recursos aportados pela iniciativa da seleção pública – de um total previsto de 1000. A USP fez um plano de distribuição nacional em conjunto com o SUS e também estadual junto com o governo de São Paulo. Esses equipamentos serão disponibilizados gratuitamente para os hospitais, juntamente com a capacitação para seu uso pelas equipes médicas. “Nosso objetivo é estimular a cadeia de desenvolvimento e produção de ventiladores no Brasil, para que não sejam tão dependentes de componentes importados e em falta no mercado mundial, neste momento de pandemia”, concluiu Paschoal.
A iniciativa do edital público partiu da Equipe Científica de Resposta (ECR) da Petrobras, que reuniu um time de especialistas da companhia para desenvolver soluções de base tecnológica no combate ao coronavírus – em parceria com universidades, instituições de pesquisa e empresas de todo país.