A Fin-X, healthtech voltada para gestão eficiente das filas de cirurgia, acaba de receber um aporte de R$ 14 milhões liderado pelo Atlantico, fundo de capital de risco focado na América Latina comandado por Julio Vasconcellos, e que contou com a participação dos fundos Headline XP e Domo VC, liderados por Romero Rodrigues e Mario Letelier, respectivamente
Solução de gestão de processos e dados que organiza filas de cirurgia do Sistema Único de Saúde (SUS) e da saúde suplementar, permitindo que médicos, hospitais e fontes pagadoras organizem a jornada cirúrgica, a Fin-X utiliza Inteligência Artificial para organizar filas de cirurgia com base em critérios administrativos e assistenciais, otimizando processos e recursos.
Dessa forma, a empresa permite que gestores e prestadores de serviços acompanhem informações em tempo real, fornecendo visibilidade sobre o status de suas cirurgias, uma das maiores demandas do setor. Outro diferencial é que a solução pode ser integrada aos sistemas existentes, promovendo uma troca fluida de informações entre diferentes departamentos e instituições, facilitando uma gestão unificada e eficiente.
“Desenvolvemos uma plataforma especializada em identificar gargalos e áreas de ineficiência nos processos de gestão de filas de cirurgia para propor soluções práticas visando melhorar a alocação de recursos e investimentos. Nossas ferramentas de análise contínua possibilitam monitorar o desempenho das filas de cirurgia, identificar padrões e orientar decisões estratégicas para uma gestão mais sustentável. Isso porque sabemos que na área da saúde, estima-se que 30% dos gastos anuais sejam referentes a fraudes e desperdícios. Além de contribuir para a preservação de vidas, aumentamos significativamente a eficiência dos gastos, considerando que as internações cirúrgicas representam 60% da conta hospitalar”, afirma Daniel Shiraishi, CEO e cofundador da Fin-X.
Para Julio Vasconcellos, sócio fundador do Atlantico, o grande diferencial da empresa está exatamente na capacidade de solucionar, com o uso da tecnologia, um dos principais gargalos da saúde pública do país: as filas cirúrgicas.
“Assim que conhecemos a Fin-X vimos uma startup com muito potencial que utiliza um modelo de IA capaz de melhorar tanto a saúde particular como a pública, uma dor enorme para o governo. Não é à toa que o negócio vem crescendo tanto nos últimos anos, atraindo os setores público e privado, assim como novos investidores como o Atlantico”, disse.
Investimentos anteriores
Após essa nova rodada, a Fin-X bateu a marca de R$ 30 milhões recebidos em investimentos, com destaque para a presença de investidores-anjo do setor da saúde, além de aportes iniciais dos fundos Domo VC e Headline XP, todos eles geridos por ex-empreendedores com entendimento profundo de escala e execução.
Realizado em março de 2023, o aporte da Headline permitiu que a healthtech expandisse seu time, investisse no produto e aumentasse a presença geográfica. Agora, com a chegada do Atlantico, é esperado uma nova fase de crescimento com foco em tecnologia e IA para maior automação, predição e ganho de eficiência.
“O investimento do Atlantico será fundamental para que nosso time consiga desenvolver novos produtos, voltados principalmente ao setor público, aumentar nossa amplitude e funcionalidade para atender os pagadores do sistema, além de nos ajudar a continuar evoluindo no desenvolvimento de IA e no atendimento de novos clientes”, explica Sérgio Campangna, cofundador da Fin-X.
Além disso, são previstas novas parcerias com hubs de tecnologia, agências de fomento e secretarias de inovação; desenvolvimento de produtos financeiros com incentivos à cadeia de saúde, como bonificação por uso de protocolos; e maior impacto institucional, com a expansão da parceria com importantes instituições como o SUS, Unimeds, medicina de grupo, fundações e Organizações Sociais de Saúde (OSS).
“O uso de IA e a possibilidade de diminuir as filas das cirurgias são os principais diferenciais presentes na Fin-X, mas outro importante ponto que também destaco é o aumento da eficiência de um centro cirúrgico, que pode ser até cinco vezes maior graças às suas soluções. Atualmente, de cada quatro cirurgias eletivas realizadas pelo sistema privado de saúde, uma já passa pela Fin-X. A entrada no setor público certamente elevará ainda mais todo este seu potencial”, prevê Romero Rodrigues.
Combinando eficiência com impacto social real
Não é de hoje que o setor de saúde no Brasil sofre com gargalos estruturais, especialmente na gestão cirúrgica, impactando eficiência operacional, custos e acesso dos pacientes a procedimentos. Com o objetivo de solucionar esse problema, a Fin-X foi criada em 2018 como uma plataforma SaaS de gestão da jornada cirúrgica, conectando hospitais, médicos e fontes pagadoras, melhorando as operações, previsibilidade, transparência e reduzindo os gastos financeiros.
Inicialmente, o objetivo era apenas integrar os prestadores e pagadores da saúde com a missão de organizar as transações para promover transparência e eficiência. Depois de entenderem as principais dores dos profissionais do setor, os sócios resolveram desenvolver um sistema para organizar o fluxo das cirurgias, digitalizando a relação do médico e do hospital. A estratégia deu certo e a Fin-X começou a escalar, triplicando a quantidade de cirurgias gerenciadas em sua plataforma e fechando parceria com uma rede hospitalar.
“A Fin-X é para saúde o que a B3 é para o sistema financeiro. Além de organizar e gerar eficiência, nosso grande diferencial é que temos um impacto direto na população. Em março de 2023, após o aporte da Headline, demos os primeiros passos para ingressar no SUS, entramos em hospital privado e depois em filantrópicos. Foi a credibilidade e reputação que precisávamos para fazer a diferença”, lembra Shiraishi.
Uma das soluções desenvolvidas pela healthtech oferece integração de protocolos de cirurgias entre médicos, hospitais e operadoras de saúde. Essa tecnologia é capaz de promover até cinco vezes mais eficiência se comparado ao modelo manual de operação. Atualmente, o foco do negócio está na gestão de filas de cirurgia, com resultados que aumentam a capacidade de atendimento e otimizam os custos das instituições.
Tração e resultados
Com uma tese de negócio já consolidada e liderando a transformação digital da saúde no Brasil, a Fin-X atingiu números expressivos nos últimos anos, alcançando o dobro de receita, o triplo de volume operacional (número de médicos, agendamentos e hospitais), além de TPV (volume total de pagamentos) anual estimado em R$ 4,8 bilhões.
Hoje, a operação da empresa está presente em 22 estados brasileiros, processando mais de 1 milhão de cirurgias por ano, com 25% de market share nas cirurgias eletivas da saúde suplementar e parceria com 150 hospitais ativos e mais de 100 na fila de implementação. Dentre os clientes estão importantes instituições como BP, AC Camargo, Hospital Care, Athena Saúde, Incor, além da expansão da parceria com Amil e Dasa.