Pouco a pouco os procedimentos cirúrgicos vão retomando no Brasil, com a pandemia perdendo força. Entre janeiro e setembro de 2021, foram realizados 2,73 milhões de cirurgias, uma alta de 1,3% em relação ao mesmo período de 2020. Foram em média 303.232 por mês. Esse número é 27% menor do que o registrado em 2019. No ano que antecedeu a crise sanitária da Covid-19, o SUS registrou média mensal de 416.615 internações para cirurgias. Os dados acabam de ser publicados no Boletim Econômico da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (ABIIS).
Mas em algumas áreas a recuperação é ainda mais lenta. O número de cirurgias do aparelho digestivo, circulatório, de pele, de mama, reparadoras e obstétricas em 2021 foi ainda menor do que em 2020. “Os dados demostram uma retomada morosa dos procedimentos cirúrgicos, que estavam suspensos ou estagnados devido ao controle da pandemia de Covid-19. Uma demanda ainda maior deve surgir nos próximos meses”, afirma o diretor executivo da ABIIS, José Márcio Cerqueira Gomes.
Entre janeiro e setembro, foram realizados 694 milhões de exames, 24,1% a mais do que nos nove primeiros meses de 2020. O crescimento também está associado à pandemia. Houve um aumento de 170,6% nos exames de diagnósticos em vigilância epidemiológica e ambiental.
Brasil registrou um aumento no mercado de dispositivos médicos – que é medido pelo consumo aparente: produção nacional somada ao total das importações do período, descontadas as exportações – de 6,4%, até o terceiro trimestre do ano. A produção doméstica cresceu 12,3%, com a criação de 1.143 novos postos de trabalho nas atividades industriais e comerciais do setor de DMs, totalizando o contingente de 143.195 profissionais, número que não inclui os empregados em serviços de complementação diagnóstica e terapêutica.
No comércio exterior, o setor apresentou crescimento de 3,5% nas importações e de 6,4% nas exportações, com destaque para o aumento de 17,6% na venda de “Materiais e equipamentos para a saúde” e de 42,2% de produtos para a área “Cardiovascular”.
Para o diretor executivo da ABIIS, a retomada é mais do que aguardada, mas 2022 será um ano desafiador para o setor. “Podemos ter uma explosão de demanda por conta de dois anos contingenciados e haverá um enorme gargalo que precisará de investimentos tanto no setor privado, mas principalmente no público que atende cerca de 70% da população brasileira. Além disso, estamos atentos ao que vai acontecer do ponto de vista tributário, uma vez que há no Congresso várias tentativas de aumentar impostos sobre os dispositivos médicos considerados essenciais para a população, o que pode levar ao desabastecimento”, prevê Cerqueira Gomes.
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