A DBM Eletrotech, startup catarinense que fabrica máquinas de eletrofiação e membranas eletrofiadas, está usando intensivamente a nanotecnologia para produzir fibras para fins médicos, odontológicos e industriais. Os equipamentos de eletrofiação desenvolvidos pela empresa produzem membranas com fibras em escala nanométrica e micrométrica que podem ser aplicadas na área da saúde, em sensores, em filtros, na indústria têxtil e em produtos veterinários, entre outros.
A história da DBM Eletrotech teve início com um grupo de professores que resolveu inovar. “Tudo começou por meio do Sinapse da Inovação em 2018″, conta a CEO Márcia Duarte, doutora em engenharia mecânica. “Recebi um e-mail da Fapesc informando que abriria um edital para receber ideias. Como estávamos em desenvolvimento de um equipamento na área de eletrofiação, resolvemos apostar. Fomos aprovados, abrimos um CNPJ e estamos no mercado.”
O Sinapse da Inovação, lançado em 2008, é uma iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e conta com metodologia da Fundação CERTI (Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras). O programa foi criado em Santa Catarina, replicado em outros estados brasileiros e deu origem ao Programa Centelha, atualmente realizado em todo Brasil.
A máquina a que se refere Duarte começou a ser desenvolvida nas bancadas de laboratório da universidade e transpôs os muros acadêmicos para gerar valor econômico utilizando a técnica de eletrofiação. Essa técnica permite obter nanofios a partir de uma solução polimérica sujeita ao campo elétrico. Por serem materiais na escala nanométrica possuem maior área superficial e maior economia de matéria-prima. “A DBM atua na fabricação de máquinas de eletrofiação em escala laboratorial a industrial e na Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) das membranas eletrofiadas. Atualmente, focamos nas pesquisas para área da saúde”, explica a CEO.
Essas membranas já geraram dois produtos, com pedidos de patentes depositados. Um deles é um curativo bioabsorvível e tridimensional que imita a pele e não precisa ser removido pelo paciente. O outro é voltado para doença periodontal. É uma membrana porosa que permite o fluxo sanguíneo, com fármaco que auxilia na regeneração óssea e serve como barreira para os tecidos moles.
Filtro contra Covid
A startup também participou dos esforços para combater a covid-19. Foi uma das selecionadas em um edital da Fapesc com um projeto para desenvolver filtros usando nanotecnologia. Recebeu R$ 99 mil e desenvolveu um filtro que, além da proteção mecânica, possui nanopartículas que inativam o covid em 99,9%. Ela pode ser usada tanto para filtros de ar-condicionado, de equipamento hospitalares, como para equipamento de proteção individual.
Esses produtos estão em fase de ser comercializados já que a empresa está em negociação com investidores. De acordo com Daniel Kohls, sócio da DBM, o P&D das membranas eletrofiadas é o cerne da empresa, mas ela detém o know-how da cadeia produtiva, da fabricação da máquina até a obtenção das membranas eletrofiadas. “Oferecemos equipamentos e acessórios de eletrofiação com um custo menor e customizado e uma assistência técnica que fala a mesma língua. Essa é uma das nossas bases”, afirmou. Os equipamentos são vendidos, sobretudo, para universidades.
Além do Sinapse da Inovação e do edital para soluções contra Covid-19, Márcia foi contemplada recentemente no Programa Mulheres+Tec, para incentivar o empreendedorismo feminino na área de tecnologia. A empreendedora vai receber R$ 60 mil para acelerar a empresa, além de mentorias e treinamento.
O presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, destaca a importância desse investimento para alavancar as empresas. “Este tipo de jornada é importante para a Fapesc e para o ecossistema de CTI, pois os empreendedores recebem apoio em vários momentos de maturidade do negócio e geram inovação em nosso estado”, confirma.
A empresa venceu também o Expoinovação, foi premiada na Jornada de Empreendedorismo, Desenvolvimento e Inovação da cidade de Joinville (JEDI), teve financiamento FINEP, em 2020, foi acelerada pelo programa Inovativa Brasil e recebeu o selo de Mulheres Inovadoras, da Finep. Ainda conta com um pesquisador do Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).