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Painel TIC COVID-19 apresenta dados inéditos e desafios à privacidade durante a pandemia

por Redação
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A busca por informações e a realização de serviços públicos on-line cresceram durante a pandemia COVID-19, mas usuários revelam preocupações quanto à privacidade e à proteção de seus dados pessoais. É o que aponta a segunda edição do Painel TIC COVID-19, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Tendo como base os indicadores da pesquisa TIC Domicílios e outros indicadores especialmente desenvolvidos para o contexto de enfrentamento da COVID-19, o estudo abrange um universo de cerca de 97 milhões de pessoas, que corresponde a 80% dos usuários de Internet com 16 anos ou mais. Foram realizadas entrevistas pela web e por telefone, entre os dias 29 de julho e 21 de agosto de 2020.

Serviços públicos on-line

Durante a pandemia a utilização de serviços públicos on-line cresceu entre os usuários da rede. A segunda edição do Painel TIC COVID-19 mostrou que 72% dos usuários de Internet procuraram informações ou usaram serviços públicos on-line relacionados aos direitos do trabalhador ou previdência social, tais como INSS, FGTS, seguro-desemprego, auxílio emergencial ou aposentadoria – percentual que era de 40% da população de referência em 2019. Na sequência, os serviços mais buscados ou realizados on-line foram os relacionados a documentos pessoais (46%), saúde pública (45%) e educação pública (37%).

Também houve aumento na proporção de usuários que afirmaram realizar serviços públicos integralmente pela Internet. Em 2019, apenas 8% dos usuários de Internet haviam declarado ter realizado serviços on-line relacionados a direitos do trabalhador ou a previdência social, enquanto praticamente um terço dos usuários acessou esses serviços de forma totalmente remota desde o início da pandemia. Já a emissão de documentos pessoais como RG, CPF, passaporte ou carteira de trabalho passou de 6% para 21%.

A pesquisa revelou, contudo, desigualdades no acesso a serviços públicos on-line: serviços na área de saúde pública, tais como agendamentos de consulta, foram realizados em menores proporções entre usuários de 60 anos ou mais (38%) se comparados com aqueles de outras faixas etárias. O mesmo foi observado entre usuários das classes DE (35%) e que vivem na região Norte (31%).

A pesquisa investigou ainda o recebimento do auxílio emergencial: entre os usuários entrevistados, 38% receberam, 20% tentaram e não receberam e 39% não solicitaram o benefício. Entre os que tentaram e não receberam, 73% disseram que a solicitação não foi aprovada ou ainda estava em análise. Entre as barreiras relacionadas à tecnologia, 12% dos usuários que solicitaram e não receberam o auxílio disseram que não conseguiram usar o aplicativo da Caixa e 10% não tinham espaço no celular para o aplicativo. Os usuários desse perfil nas classes DE citaram em maiores proporções problemas relacionados com o uso das tecnologias, tais como não conseguir utilizar o aplicativo da Caixa (28%) e limitações na Internet (22%).

Telessaúde

Autorizadas em caráter emergencial durante a pandemia, as consultas de saúde on-line foram realizadas em maior quantidade na rede pública, enquanto os agendamentos de consultas, exames e visualização de resultados de exames pela Internet ocorreram, principalmente, na rede privada. Mais da metade dos usuários de Internet buscou informações sobre COVID-19 em websites ou em aplicativos e um quarto deles utilizou algum aplicativo de triagem virtual para conferir os sintomas e receber orientações sobre a doença. Nesses casos, foram utilizados majoritariamente os aplicativos da rede pública.

Entre os usuários de Internet, 20% realizaram consulta com médico ou outro profissional da saúde pela Internet durante a pandemia, sendo que os com Ensino Superior (28%) e das classes AB (27%) foram os que mais utilizaram esse serviço. Entre os que realizaram consultas on-line, 63% o fizeram pela rede pública e 50% pela rede privada. O meio mais utilizado para a realização das consultas on-line foi por aplicativos como WhatsApp ou Telegram (50%). Apenas cerca de 30% dos usuários que fizeram teleconsulta utilizaram um aplicativo do SUS ou do plano de saúde.

Em relação aos serviços de agendamentos ou visualização de resultados de exames pela Internet, os principais motivos para não terem utilizado esse serviço foram: a preocupação com a segurança dos dados pessoais (55%) – sendo que nas classes DE esse motivo foi reportado por 70% dos usuários de Internet – e a falta de confiança em realizar esse serviço pela Internet (34%).

Privacidade e proteção de dados pessoais

O Painel TIC COVID-19 investigou as preocupações dos entrevistados relacionadas à privacidade e segurança dos dados pessoais: um terço dos usuários indicou preocupação com roubo de identidade e fraudes e pouco mais da metade afirmou que os riscos de disponibilizar seus dados pessoais na Internet para governos e empresas são maiores que os benefícios.

As principais preocupações apontadas pelos usuários em relação ao uso de seus dados pessoais foram: prejuízo financeiro por fraudes bancárias (32%), roubo de identidade (23%), invasão de privacidade (21%) e venda de dados para terceiros (13%). Quando avaliado por classe, o prejuízo por fraude bancária foi mais citado entre os indivíduos das classes AB, enquanto o roubo de identidade e a invasão de privacidade foram mais mencionados por usuários nas classes DE.

A proporção dos usuários de Internet que não baixariam aplicativos com informações sobre COVID-19 foi maior nas classes DE (25%) e entre os idosos (26% dos com 60 anos ou mais). A proporção dos que já baixaram ou certamente baixariam é maior entre as pessoas com 16 e 24 anos (48%) e na região Nordeste (53%).

Já a propensão a baixar aplicativos que notificam sobre o contato com pessoas infectadas pela COVID-19 foi maior: 60% dos usuários afirmaram que com certeza baixariam e outros 25% disseram que provavelmente o fariam. Os motivos mais citados pelos usuários para não baixar aplicativos foram a falta de interesse (46%), seguida pela decisão de evitar a ansiedade (43%). Os usuários também mencionaram se preocupar com vigilância por parte do governo após a pandemia (42%), além de motivos como não acreditar que o aplicativo impeça a identificação (39%) e não querer que o governo acesse seus dados de geolocalização (39%).

“As porcentagens sugerem a importância da transparência na gestão das ferramentas e estratégias de vigilância epidemiológica que fazem uso das TIC. O assunto, sem dúvida, merece um amplo debate no País, não apenas em virtude do uso de dados no contexto da pandemia, mas também em decorrência da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais que recentemente entrou em vigor”, avalia Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

“Os temas abordados no Painel TIC COVID-19 são extremamente relevantes diante do contexto atual e os dados coletados podem ser usados para decisões futuras de políticas públicas, reafirmando o compromisso do CGI.br para com a sociedade”, finaliza Márcio Nobre Migon, coordenador do CGI.br.

Acesse a lista completa de indicadores em https://cetic.br/pt/tics/tic-covid-19/painel-covid-19/2-edicao/.

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