A economia colaborativa tem sido tema de estudo nos mais diversos segmentos ao longo dos últimos anos e era inclusive, visto por muitos estudiosos como uma das tendências mais importantes da próxima década. Segundo um relatório divulgado pela PWC, empresa de prestação de serviços em auditoria, consultoria tributária e societária e consultoria de negócios, no início de 2020, a perspectiva era que esse tipo de economia deveria movimentar mais de 300 bilhões de dólares até 2025. E então, o Coronavírus aconteceu e derrubou todas as previsões que existiam até aqui.
Agora, conforme a situação caminha para uma estabilização algumas pessoas afirmam que a necessidade do isolamento trouxe também o declínio desse fenômeno. Porém, acredito que essa afirmação só é verdade se olharmos para a lógica colaborativa “tradicional”, com soluções como o cruzamento de dados, “matches”, inteligência artificial e geolocalização. O caminho, a meu ver, está em apostarmos em um modelo “híbrido”, com um mecanismo em que homens e máquinas não apenas coexistam, mas também trabalhem juntos, de forma que colaborem para uma maior produtividade, economia e segurança nas empresas.
E hoje, eu posso afirmar: esse processo já está acontecendo! E digo mais: nesse momento pós-pandemia, o ecossistema de colaboração tem tudo para crescer ainda mais, principalmente dentro da indústria, mas também fora dela. Isso porque os robôs colaborativos, conhecidos como cobots, podem atuar lado a lado com humanos de forma extremamente segura, o que pode ser de grande valia em um novo cenário onde o distanciamento social fará parte da nossa realidade por um bom tempo.
Dentro das linhas de montagem, por exemplo, esses robôs podem ajudar a dividir os colaboradores em turnos, intercalando-os com a mão de obra robótica, por exemplo. Em ambientes hospitalares, esses equipamentos também podem atuar na realização de funções naturalmente insalubres como a manipulação de lixo contaminado e de resíduos, evitando a contaminação de pessoas.
Salvo a questão de segurança sanitária, a lógica da colaboração robótica traz vantagens muito importantes para o fator de negócios. Duas delas são as que considero mais importantes: fácil usabilidade e flexibilidade. Isso porque são facilmente integráveis, o que torna os cobots simples de manipular tanto por especialistas, como também por funcionários do próprio negócio, após uma qualificação simplificada realizada pelos próprios fornecedores. Outro ponto importante, é a liquidez alta desse tipo de equipamento.
Fatores como esses são imprescindíveis nesse momento de instabilidade. Suponhamos que uma fábrica precise aumentar muito a produção rapidamente para suprir uma maior demanda. Nesse caso, é possível identificar as etapas que precisam ser otimizadas e então adaptar o uso dos robôs nelas. Um cobot que antes era usado para paletização pode ser inserido no empacotamento com uma simples mudança de aplicação. E o colaborador pode programá-lo e alterá-lo sozinho.
Com isto posto, posso afirmar que é possível ir muito além da “economia colaborativa” como conhecemos, apenas usando humanos e tecnologia pura. Já está na hora de incorporarmos a ela os preceitos da sociedade 5.0, com humanos e máquinas coexistindo e colaborando. Por enquanto, essa lógica está mais forte na indústria e vai crescer no Brasil a partir desse segmento. Porém, logo veremos várias iniciativas parecidas em diversos outros setores. E quem não olhar para essa realidade ficará atrasado! Vem conosco?
Denis Pineda, gerente regional da Universal Robots na América Latina, empresa dinamarquesa líder na produção de braços robóticos industriais colaborativos.