Aquela dor de cabeça que parece que só você sente durante o final do expediente de trabalho? Que nada. Sete em cada 10 brasileiros sentiram algum tipo de dor física nos últimos três meses. As dores muitas vezes são consequências de problemas do dia a dia, depressão, falta de exercícios físicos e cuidados regulares com a saúde, como check-ups de exames, por exemplo. As constatações são da pesquisa realizada pela Hibou, empresa de monitoramento de mercado e consumo que revela como o brasileiro lida com a dor.
O estudo foi feito em formato de painel digital, com mais de 5.000 brasileiros de todo o país em fevereiro de 2020, com todas as classes sociais (ABCD) e faixas de renda. Participaram do estudo homens com 45,7% e mulheres com 54,2% ambos acima de 18 anos.
53.5% dos entrevistados declararam não possuir plano de saúde. 20,4% dos entrevistados possuem plano de saúde particular pela empresa, 17,1% possuem plano como pessoa física individual e familiar, e 9% possuem plano por coparticipação.
O estudo apontou que nos últimos três meses, 73,7% da população brasileira sentiu algum tipo de dor no corpo, das quais a campeã foi a dor de cabeça com freqüência de 44,3%, seguida por dores por má postura ou por permanecer muito tempo sentado 39%, problemas crônicos ou dor constante em alguma parte específica do corpo 28,5%, dores em decorrência de atividades físicas ou esforço repetitivo 21,5%. Cólicas também foram citadas com 13,1%. Pequenos acidentes e mau jeito foram responsáveis por 7,1% das reclamações, e apenas 3,7% afirmaram ter sentido dor nos últimos três meses, mas consideram muito raro que isso aconteça.
Um dado alarmante identificado na pesquisa: aumento do stress como problema principal de saúde. 63,6% das pessoas consideram o stress da rotina do dia a dia o seu maior problema de saúde atual. “Quando ouvimos que o stress é um dos motivos que mais causam dor no brasileiro, entendemos que as pessoas ainda não conseguem equilibrar bem suas vidas e com isso geram pontos de tensão que causam dores físicas e que precisam ser olhadas com atenção.” explica Ligia Mello, fundadora da Hibou e responsável pela pesquisa.
Apesar da dor de cabeça também ter sido a dor mais comum entre os brasileiros nos últimos meses, 51,6% dos entrevistados apontaram as costas como o lugar do corpo com maior histórico de dor, seguido da cabeça (43,2%) e das pernas (22,2%).
Quando a dor começa a incomodar, 71,5% se tratam sem buscar ajuda de um profissional de saúde. Consultar este profissional é a primeira opção de uma parcela menor, que junto aos que tentaram se tratar sozinhos sem sucesso somam 38,8% dos casos. Para um terço dos entrevistados 33,4%, o repouso é uma medida tomada, assim como simplesmente esperar passar 29,3%, já 21% dos entrevistados fazem uso de alongamento e/ou meditação. As redes sociais, muito consultadas em outros segmentos, ainda não são referência na hora da dor 3,8%, ficando atrás da opinião de familiares e amigos 8,9%, sites de busca 12,2% e comparação com diagnósticos anteriores 16,3%.
Mesmo com tantas fontes de informação preferidas, as soluções adotadas são pouco eficazes: 15,8% afirmaram ter resolvido o problema de forma definitiva, e 13,1% buscavam resolver o problema imediato, sem se preocupar com o longo prazo. 28,4% acreditam conviver com um estado crônico e buscam apenas aliviar os sintomas, mas a maior parcela com 42,7% gostaria de resolver o problema a longo prazo, um desejo que não foi atendido ainda.
Nove em cada dez brasileiros afirmam se automedicar para a dor, sendo que para 4 em cada 10 pessoas, representando 39,9% é um ato constante, e metade das pessoas representando 49,6% fazem isso esporadicamente. Apenas 8,9% afirmam ser raro se automedicar, e 1,7% a parcela que não toma remédios sem prescrição médica.
Dos 98,3% entrevistados que afirmam que se automedicam, a maior adesão é ao popular comprimido – com 92,6% das respostas. Em segundo lugar vem a pomada 27,1%, seguida da forma líquida 11,3%, cremes 9,9% e compressa 7,4%.
“Analisando este cenário entendemos porque o número de farmácias cresce vertiginosamente, porque a prevenção não está em pauta. O foco do brasileiro está no paliativo e não na solução, como os números também dizem claramente. ‘Quero que passe, depois penso se vou resolver o problema’”, diz Ligia Mello.
O estudo também avaliou o que ocorre após uma visita ao médico. Apesar de muitas pessoas se tratarem de forma caseira, 68,4% afirmam que realizam um exame solicitado da forma mais ágil possível, enquanto 16,0% buscam fazer o exame mas sem priorizar isso em suas agendas. Os demais são seletivos, onde 7,7% escolhem quais exames tem ou não prioridade, e 6,4% esperam mais um pouco por uma melhora para só então cogitar realizar o exame solicitado. 1,5% afirmaram que evitam realizar exames, reservando-os para os piores casos.
“A dor prejudica a vida pessoal e a vida profissional da pessoa. A produtividade cai, aumentam faltas no trabalho e falta de vontade de participar de compromissos pessoais, e aumentam os gastos do INSS. E isso porque o brasileiro não tem uma rotina de cuidados preventivos, cuidados simples que podem ser realizados diariamente que ajudam o corpo a reagir melhor às adversidades da rotina.” conclui Ligia.
As atividades físicas regulares são benéficas para a saúde, mas ainda não fazem parte da rotina da maioria dos brasileiros. 53,2% disseram que não praticam nenhuma atividade, mesmo quando 91,2% acreditam que exercícios podem reduzir as dores. Apenas 34,8% dos entrevistados praticam atividades por esporte ou lazer, 11,5% por exigência médica e para 2,6% a atividade física faz parte de sua rotina de trabalho. Dos 46,8% que praticam uma ou mais atividades, a frequência média de exercícios é de 3,7 vezes por semana.
Como o brasileiro lida com a dor em números:
91.2% dos Brasileiros concordam que exercícios bem praticados podem reduzir as dores no corpo
67.7% acreditam que evitar remédios pode contribuir para uma boa saúde no futuro
66.8% consideram o repouso sempre eficiente para dores em geral
446.4% discordam que dores fortes só podem ser curadas com medicamentos
4452.3% acreditam que existem métodos alternativos para curar a dor
61.6% não acreditam que automedicação só é arriscado se o medicamento tiver tarja vermelha/preta
57.0% discordam totalmente que chás e compressas são paliativos, pois não possuem efetividade
79.6% gostariam de cuidar mais de si e da saúde
63.6% consideram o stress da rotina como o maior problema de saúde
60.1% disseram que cuidar da saúde direito sai muito caro financeiramente
58.6% acreditam que viver uma vida equilibrada é pra quem tem tempo e dinheiro sobrando
52.0% acreditam que comer bem todo dia é inviável financeiramente
51.7% acreditam que dentro do que podem, já fazem o possível pela saúde
36.7% não acreditam que meditar ajuda a equilibrar o dia
* Pesquisa Hibou realizada em fevereiro de 2020 com 98% de significância e 1,6% de margem de erro.