Nas empresas, a saúde mental está diretamente relacionada à produtividade. Não basta fazer ações pontuais. É preciso que as organizações, os líderes, e todos os colaboradores fiquem atentos a essa questão o ano inteiro. As empresas que não dão a devida atenção à saúde mental dos colaboradores terão problemas acentuados de turnover, engajamento e clima organizacional. Haverá maior propensão de ocorrência de questões ligadas a burnout, ansiedade e depressão.
De acordo com a pesquisa de 2023 da FGV ‘Como as empresas cuidam da saúde mental dos seus funcionários?‘, 45% dos respondentes (572 profissionais, de analistas a executivos de alto escalão) admitiram redução de horas ou ausência de jornada por causa de problemas com a saúde mental (absenteísmo).
No levantamento, 54% admitiram ter sofrido com algum transtorno de saúde mental e 63% disseram que não receberam apoio da liderança para lidar com a doença. Em relação às consequências, quase 60% disseram que se desligaram da empresa pelo mesmo motivo. Ainda na pesquisa, 56% dos profissionais revelaram conhecer pelo menos uma pessoa que se afastou do trabalho por problemas de saúde mental.
Para ajudar a identificar sinais de que a saúde mental dos colaboradores pode estar com problemas, deixo aqui algumas dicas:
– Prepare a liderança
Mesmo que a empresa tenha estruturas de apoio (psicólogos e programas de benefícios), elas só serão acionadas se a pessoa tomar a iniciativa. Mas é importante que as lideranças recebam treinamento para identificar comportamentos atípicos, pois o colaborador, muitas vezes, nem sabe o que está se passando com ele.
Ao falar sobre cuidados com a saúde mental, vai-se alfabetizando a empresa a entender os sintomas. Não é para formar líderes e pessoas que diagnosticam, porque isso é papel dos especialistas da área da saúde, mas é possível preparar para perceber sintomas aparentes.
– Estimule a conversa
A depressão, o burnout e o estresse podem ter várias causas, mas o resultado é basicamente o mesmo: queda de produtividade. Alguns sinais de alerta são a ausência social e o desinteresse por encontros corporativos em pessoas que, normalmente, participam de forma espontânea.
As empresas podem usar os indicadores a seu favor, acompanhando com atenção indicadores de performance e de comportamento, como o absenteísmo (faltas). Também é importante observar se há alteração de humor como aumento de irritabilidade, intolerância e queda do nível de colaboração.
– Escuta ativa
Quando há uma boa relação entre o gestor e a equipe, a comunicação é favorecida e o colaborador se sente com abertura para compartilhar sua situação emocional, em vez de ir direto ao RH. O líder que se depara com essa situação precisa praticar escuta ativa e pensar em formas de ajudar.
Isso só acontece se as pessoas se conhecerem entre si e se a própria pessoa se conhecer. É recomendado falar sobre o tema, educar as pessoas sobre emoções e doenças.
– Flexibilize os horários, se for o caso
Dependendo da situação, o gestor pode estudar formas de adequar o horário de trabalho e o escopo do colaborador. Nesse período crítico, é possível incentivar a aproximação do colaborador afetado para que ele não se sinta isolado, um horário flexível ou período de home office.
Também é possível dividir projetos em tarefas menores, para que cada etapa concluída seja processada no cérebro como uma recompensa. Mas tudo vai depender do diagnóstico de cuidados que a pessoa necessita.
Uma boa saúde mental é essencial para a vida das pessoas e para o ambiente corporativo, segundo a especialista. Cuidar da saúde mental dá resultado. Quando existem pessoas em organizações que cuidam disso efetivamente e colocam os indicadores de saúde como indicadores de desempenho para os líderes e para o negócio como um todo, estamos cuidando de ter pessoas mais produtivas, engajadas e colaborativas. Em um ambiente onde as pessoas são mais ativas, o aprendizado acontece e aumenta o nível de desempenho e realização pessoal.
Patricia Ansarah, precursora do conceito de segurança psicológica no Brasil, a psicóloga organizacional – com mais de 20 anos atuando em RH e como executiva de grandes empresas – criou o Instituto Internacional em Segurança Psicológica para endossar o pioneirismo e dar visibilidade ao tema no Brasil e levar soluções integradas por meio da segurança psicológica para o desenvolvimento de times e organizações.