Brasil e Argentina assinaram o contrato que define a participação dos dois países, no projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que trará contribuição à medicina nuclear, à indústria e a setores acadêmicos. As negociações foram concluídas, durante a 51ª. Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados. O início da operação do RMB está previsto para 2023.
Idealizados no âmbito da Comissão Binacional de Energia Nuclear (COBEN), os reatores brasileiro e argentino contarão com projetos de engenharia semelhantes. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, responsável pelo projeto do RMB, trabalha em parceria com a AMAZUL (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A.), empresa pública vinculada à Marinha do Brasil e com a Fundação PATRIA (Parque de Alta Tecnologia da Região de Iperó e Adjacências). Esse contrato é financiado com recursos de convênio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
O RMB trará benefícios sociais importantes para a sociedade brasileira, pois garantirá a produção autônoma de radioisótopos, principalmente, o Molibdênio-99, permitindo a ampliação do uso da medicina nuclear no Brasil. Hoje, o País depende, integralmente, da importação do insumo para a produção de radiofármacos, utilizados, entre outros, no combate ao câncer. O reator auxiliará, ainda, projetos na área científica, por meio da utilização de feixes de nêutron para a pesquisa e testes de materiais combustíveis nucleares.
O reator será instalado no munícipio de Iperó, SP, em uma área de 2,04 milhões de metros quadrados, sendo 1,2 milhões de metros quadrados cedidos à CNEN pela Marinha do Brasil. A área complementar foi desapropriada e cedida à CNEN, pelo Governo do Estado de São Paulo. Tais cessões decorreram da importância do empreendimento RMB para o desenvolvimento tecnológico e da saúde no país.
O terreno onde será instalado o RMB é vizinho a Aramar, onde são conduzidas diversas atividades do Programa Nuclear da Marinha, incluindo o domínio completo do ciclo do combustível nuclear e o desenvolvimento do programa de propulsão nuclear, que se destinará ao futuro submarino nuclear brasileiro. Para esse programa, está sendo construído no local o Laboratório de Geração Nucleoelétrica (LABGENE), que é um protótipo em terra do propulsor do submarino.
Dessa forma, o RMB e as instalações da Marinha do Brasil em Aramar consolidarão a formação de um polo de desenvolvimento de tecnologia nuclear entre as cidades de Iperó e Sorocaba, no estado de São Paulo, pois terá dois reatores nucleares de pesquisa (RMB e LABGENE) e toda uma importante infraestrutura laboratorial de tecnologia nuclear.
Os elementos combustíveis que abastecerão o RMB já começaram a ser produzidos no Centro Industrial Nuclear de Aramar (Marinha do Brasil), em uma cascata exclusiva inaugurada em 2016. Este é um exemplo de parcerias que são implementadas, aproveitando as tecnologias nucleares desenvolvidas em prol do Brasil.