O ano começou aquecido para as startups de saúde. Por meio de nove rodadas de investimento, mais de US$ 52,3 milhões foram investidos nas chamadas healthtechs até a data de hoje. O montante já corresponde a 49,3% do total investido em 2020, quando o setor captou mais de US$ 106 milhões. Os dados são do Inside Healthtech Report, levantamento mensal realizado pelo Distrito Dataminer, braço de inteligência de mercado da empresa de inovação aberta Distrito
O destaque no período ficou por conta da startup Alice, que atua como plano de saúde individual que mescla atendimento digital com presencial. A empresa atraiu US$ 33 milhões em sua rodada Series B. Outras duas healthtechs voltadas para telemedicina também chamaram a atenção. São elas ViBe e Zenklub, que captaram US$ 9,8 milhões e US$ 8,4 milhões, respectivamente — ambas em rodadas Series A.
“Este já é o segundo trimestre consecutivo em que as healthtechs receberam mais de US$ 30 milhões de financiamento. Temos um ótimo indicativo de que o mercado está amadurecendo”, afirma Tiago Ávila, líder do Distrito Dataminer. De acordo com projeções da empresa, o ano deve ser encerrado com mais de US$ 200 milhões investidos, distribuídos em mais de 50 rodadas de investimento.
Raio-X
O País possui atualmente 719 healthtechs, segundo o levantamento do Distrito, divididas em nove categorias distintas. A maior parte dessas startups volta-se para soluções relacionadas à Gestão e Prontuários Eletrônicos (25%). Em seguida, estão as que atuam com Acesso da Informação (16,7%) e como Marketplace (12,6%). As healthtechs de Telemedicina (11,8%) e aquelas que se voltam a Farmacêuticas e Diagnóstico (10%) também possuem fatias importantes deste mercado.
Quanto à distribuição por Estados, a maior concentração está no Sudeste, liderado por São Paulo com 44% das healthtechs, Minas Gerais, com 10,4% e Rio de Janeiro, com 9,1%. Rio Grande do Sul aparecem logo em seguida, com 8,9%. A região Norte do País, especificamente Manaus, abriga apenas 0,4% do total.
Saúde mental
Categoria que ganhou holofotes durante a pandemia, as startups que se voltam para a saúde mental têm atraído cada vez mais capital. De acordo com um levantamento da CB Insights, em 2020, o segmento atraiu em 2020 mais de US$ 2 bilhões por todo o mundo — praticamente o dobro do volume de US$ 1,12 bilhão captado em 2019.
Por aqui, das mais de 700 startups de saúde do país, 30 são focadas no cuidado mental. Ao longo do último anos, estas healthtechs arrecadaram um total de US$ 4,7 milhões, mais do que o dobro do ano passado (US﹩ 1,85 milhões) e 10 vezes o valor de 2018 (US$ 430 mil).
No que diz respeito ao surgimento de novas startups deste segmento, os anos de 2016 e 2017 foram particularmente especiais para as healthtechs que trabalham com saúde mental. Percebe-se um boom de fundações nesses anos, em um total de 14 startups. Hoje, algumas delas são as maiores e mais conhecidas do setor, como Zenklub, Psicologia Viva e Vittude. Trata-se de startups que tiveram crescimento acelerado e boa aceitação por parte do público.
Em 2020, o Distrito mapeou duas novas healthtechs deste segmento. “Acreditamos que veremos mais dados futuramente por conta da visibilidade que o tema tomou, impulsionado, principalmente, pela pandemia”, pontua Ávila.
Fusões e aquisições
Esse início de 2021 registrou apenas uma aquisição: a HygiaBank, empresa de soluções tecnológicas para relacionamento com clientes, adquiriu a Dr.Mob, plataforma de players do mercado de gestão para clínicas e centros médicos. “Acreditamos que este número deve aumentar consideravelmente e chegar até o mesmo patamar de 2020 (com 7 operações de fusões e aquisições)”, afirma Ávila.