Uma pesquisa realizada pela Ticket, em 2021, apontou que quase metade dos trabalhadores brasileiros não possuem nenhum tipo de auxílio saúde. Segundo o levantamento, 47% da população economicamente ativa está sem benefício na área, quase o dobro do registrado em 2020, quando era 26%.
Dos que possuem algum benefício, 15% têm o plano de saúde totalmente custeado pela empresa, 16% um plano parcialmente pago e 14% planos pagos pela companhia, mas com a coparticipação nos serviços utilizados. Ao todo, 7% dos entrevistados dizem pagar algum auxílio particular ou serem dependentes do plano familiar.
Para Alex Araujo, CEO da 4Life Prime Saúde Ocupacional, que atua no segmento de saúde e segurança do trabalho, a queda na disponibilização de serviços de saúde dentro das corporações demonstra resquícios da ruptura econômica brasileira. “Hoje, quando falamos de pequenas e médias empresas, que não possuem um RH bem estruturado, o investimento em benefícios nem sempre é priorizado pelo alto custo da folha de pagamento. Atualmente, os planos de saúde são o segundo fator de custo nas organizações”, diz.
Ainda segundo o levantamento, 53% das pessoas possuem pessoas próximas que não têm auxílio de saúde e que gostariam de incluí-los em seu próprio plano. De acordo com Iuri Leite, fundador da SecureCard, empresa de cartão de multibenefícios, é necessário que, para uma melhor qualidade de vida dos funcionários, esse tipo de seguro seja disponibilizado. “Ao providenciar esse auxílio para seus colaboradores, além de oferecer uma melhor qualidade de vida e a prevenção de doenças, os fazem se sentir cuidados e valorizados, resultando em uma equipe engajada, motivada e produtiva. Ao investir em seguro de saúde, não só os funcionários são beneficiados, mas a empresa também”, explica o especialista.
Hoje, 30% das organizações com até 300 colaboradores não possuem seguro de saúde entre os benefícios disponibilizados. Essas empresas vão na contramão de um dos principais mecanismos de engajamento. Dos mais de 1.500 profissionais CLT, 63% dos participantes declararam que gostariam de receber algum tipo de assistência médica dos seus respectivos empregadores, é o que informa a Creditas Benefícios.
Outro estudo realizado pelo portal Empregos.com.br em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), com uma base de 257 profissionais de todo o país, investigou o rendimento salarial dos brasileiros. 42,1% discordam que o salário atende às necessidades alimentares básicas da família e 70,4% discordam que consegue pagar as despesas para manter uma boa saúde física e mental. Entre os entrevistados, apenas 29% são contemplados com plano de saúde, enquanto 57% não recebem o benefício.
“Os brasileiros estão insatisfeitos com suas relações de trabalho. A saúde física e mental dos colaboradores é um importante agente na identificação de problemas e para a satisfação dos funcionários. Excesso de trabalho, cobrança exagerada, falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional são pontos de atenção que podem causar problemas como esgotamento mental e baixa motivação no trabalho. O reconhecimento e a empatia não estão apenas na remuneração e sim na disponibilização de benefícios que atendam suas necessidades e os façam se sentir bem nas organizações”, completa Araujo.