quarta-feira, abril 16, 2025
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O futuro da tecnologia médica é conectado

por Angela Freitas
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Estudos publicados pela Harvard School for Public Health, uma das mais renomadas instituições de pesquisa e saúde pública do mundo, indicam que a Inteligência Artificial – IA – pode reduzir o custo dos diagnósticos em até 50% e melhorar em 40% os desfechos clínicos1. A IA não é mais só uma promessa, já está redefinindo os limites do que antes era considerado possível tendo ainda o potencial de democratizar a saúde, fazendo com que ela seja mais acessível, personalizada e com desfechos clínicos melhores.

A IA pode ser uma grande aliada de médicos e pacientes durante toda a sua jornada, desde a ampliação do conhecimento do público em geral sobre uma doença, passando pelo diagnóstico, tratamento e cirurgias mais precisas, além do acompanhamento de pacientes em tratamento e pós cirúrgicos.

A utilização desta tecnologia tem ajudado pacientes a terem um cuidado mais integrado e até mais sustentável com o sistema de saúde. A IA foi utilizada para auxiliar no acompanhamento pós-operatório de pacientes em tratamento de câncer colorretal no Hospital A.C. Camargo e permitiu reduzir o tempo de internação de 8 para 3 dias, além de diminuir as complicações em 67% com 100% de engajamento dos pacientes. Por meio de uma conversa, em linguagem “humana”, porém feita por IA, via WhatsApp ou SMS com os pacientes foi possível personalizar e escalar esse cuidado de forma a identificar sinais de risco mais precocemente e evitar complicações.

Outro exemplo prático e de sucesso tem sido o diagnóstico de um tipo de arritmia cardíaca, chamado de fibrilação atrial. A IA conseguiu processar 9.000 ecocardiogramas de pacientes do Hospital Nove de Julho. A tecnologia fez uma pré-triagem em apenas 12 segundos para alertar para possíveis urgências e gerou um laudo em menos de 5 minutos. Isso permitiu com que esses pacientes cardíacos recebessem a indicação de melhor tratamento no momento certo. O trabalho inclusive, foi o ganhador do importante prêmio global Gartner Eye on Innovation2 no ano passado, na área de Healthcare.

Segundo informações da Globant, multinacional de tecnologia da informação e desenvolvimento de software, a IA tem o potencial de revolucionar a eficiência de centros cirúrgicos, elevando-a de 39% para até 93%3 com a popularização de modelos de assistência robótica e sistemas inteligentes de navegação com o ambiente cirúrgico cada vez mais integrado e conectado.

Outra tendência que deve ser amplificada é o uso de wearables combinados com telemonitoramento e IA. A Mayo Clinic tem um trabalho interessante de monitoramento remoto dos resultados do Ecocardiograma de um smartwatch em pacientes. Este monitoramento identificou batimentos cardíacos mais fracos com uma taxa tão boa ou até levemente melhor do que com o tradicional teste ergométrico, feito na esteira do hospital4.

A IA ainda tem o potencial de ajudar profissionais de saúde a serem mais produtivos e a diminuírem seu esgotamento. Atualmente, se estima que pelo menos 46% desses profissionais tenham burnout5. Com IA é possível ter um consultório mais inteligente, em que a consulta é gravada, analisada e os dados são registrados no prontuário eletrônico automaticamente, diminuindo a carga operacional dos profissionais e permitindo mais olho-no-olho e contato humano durante uma consulta.

Os Agentes de IA (tendencia número 1 do Gartner neste ano)6 também devem começar a aparecer, inicialmente na melhoria de processos, como a otimização da cadeia de suprimentos, e em breve também no suporte à decisão clínica. Porém, apesar de tanto já caminhado, a IA é praticamente uma “adolescente”. Precisa de tempo e treinamento para que melhore ainda mais sua acurácia e realize todo o seu potencial. Na medicina diagnóstica por imagem, por exemplo, ela já pode aumentar a velocidade, precisão e detecção precoce de doenças7, em alguns casos até superando a habilidade humana8,9. Curiosamente, porém, em outras situações, a IA pode piorar o desempenho de médicos, dependendo de fatores como tempo de experiência e especialização10. É fundamental que o desenvolvimento da tecnologia jamais ande descolado da ciência técnica e dos médicos, que realmente detém o conhecimento da saúde humana e dos melhores cuidados aos pacientes.

Olhando ainda mais para o futuro, a IA deve viabilizar promessas sobre as quais já falamos nos dias de hoje, como as cirurgias digitais e a medicina personalizada. O futuro da tecnologia médica é inteiramente conectado.

Angela Freitas, diretora de IT da Johnson & Johnson MedTech Brasil, empresa associada da ABRAIDI – Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde.

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