Os preços dos medicamentos vendidos aos hospitais no Brasil encerraram 2022 com alta acumulada de 1,95%, menor resultado anual da série histórica de acordo com o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador desenvolvido pela Fipe em parceria com a Bionexo, healthtech líder em soluções digitais para gestão em saúde desde 2015. Comparativamente, a variação do índice ficou abaixo da inflação ao consumidor, medida pelo IPCA/IBGE (+5,79%).
Conforme apurado pela Fipe a partir dos dados Bionexo, o IPM-H apresentou discreta elevação no último mês de 2022 (0,12%), variação inferior à registrada em novembro (1,72%).
“Após dois anos de elevação recorde dos preços, 2020 e 2021 foram os anos de maior aumento na série histórica, 2022 fechou com a menor variação (1,95%). Esse resultado pode ser explicado, em boa medida, por dois fatores principais: acomodação dos preços após o choque de demanda gerado pela pandemia e redução de custos logísticos resultante da redução do ICMS sobre combustíveis”, afirma Bruno Oliva, economista da Fipe.
O resultado de dezembro é influenciado pela acomodação natural dos preços (demanda e oferta) após 2020 e 2021, que registraram, respectivamente a maior e a segunda maior variação anual acumulada da série histórica do IPM-H, principalmente em razão dos efeitos da pandemia. Em dezembro, as variações médias por grupo terapêutico foram: aparelho respiratório (+2%); preparados hormonais (+1,95%); anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (+1,67%) e agentes antineoplásicos (+1,49%). Em contraste, houve recuo nos preços dos grupos a seguir: aparelho geniturinário (-6,04%); sistema nervoso (-3,11%); aparelho digestivo e metabolismo (-2,42%); órgãos sensitivos (-2,34%); aparelho cardiovascular (-1,21%); imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (-0,84%); sangue; sistema musculoesquelético (-0,63%); e sangue e órgãos hematopoiéticos (-0,47%).
No acumulado de 2022, considerando de janeiro a dezembro, o IPM-H revela que os preços dos medicamentos passaram a acumular uma alta de 1,95%, resultado inferior à inflação ao consumidor acumulada pelo IPCA/IBGE (+5,79%), bem como ao comportamento dos preços da economia apurado pelo IGP-M/FGV no mesmo período (+5,68%). Com os dados, é possível destacar a valorização de medicamentos atuantes sobre: aparelho geniturinário (+24,90%); aparelho respiratório (+21,40%); sangue e órgãos hematopoiéticos (+20,17%); agentes antineoplásicos (+6,20%) e os imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+2,33%). Já os medicamentos cujos preços, em média, apresentaram queda incluíam-se nos grupos: órgãos sensitivos (-0,67%); sistema musculoesquelético (-1,01%); anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-5,31%); aparelho cardiovascular (-7,88%), sistema nervoso (-10,55%); e aparelho digestivo e metabolismo (-20,15%).
Sobre o IPM-H
O Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H) é uma parceria entre a Fipe e a Bionexo, com o objetivo de disponibilizar informações inéditas e de interesse público relacionadas à área de saúde, com foco no comportamento de preços de medicamentos transacionados entre fornecedores e hospitais no mercado brasileiro. O IPM-H é elaborado com base nos dados de transações realizadas desde janeiro de 2015 através da plataforma healthtech, por onde são transacionados mais de R$ 17 bilhões de negócios por ano no mercado da saúde, o que representa cerca de 20% do que é transacionado no mercado privado nacional.
A empresa conecta mais de três mil instituições de saúde a mais de 30 mil fornecedores de medicamentos e suprimentos hospitalares. A cada mês e para cada grupo de medicamentos, a FIPE calcula o índice de variação do seu preço em relação ao mês de referência, levando em consideração algumas variáveis que podem ser relevantes para determinar o preço das negociações, incluindo: a) quantidade de produtos transacionada; b) distância geográfica entre hospitais e fornecedores.
Os medicamentos são agrupados em 13 grupos terapêuticos (classificação da ATC*) e ponderados de acordo com uma cesta de valor total transacionado na plataforma Bionexo no ano anterior. O IPM-H consolida o comportamento dos índices dos preços de cada grupo terapêutico, também ponderados pelo valor transacionado do grupo na plataforma. Embora possam estar correlacionados, o comportamento do IPM-H não mensura o comportamento dos preços de medicamentos em farmácias, isto é, nos preços ao consumidor final (segmento varejo). Além disso, o IPM-H não é uma medida de variação dos custos dos hospitais e/ou planos de saúde, que envolvem também gastos com equipamentos, procedimentos, materiais, recursos humanos, protocolos de tratamento/atendimento e segundo frequência de uso.