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5G pode democratizar o acesso à saúde, mas precisa de investimentos

por Luciano Saboia e Audry Rojas
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Estamos às vésperas de ter um novo presidente. Seja quem for eleito, a democratização do acesso à saúde, seguindo os parâmetros de universalidade, inclusão e equidade, continuará sendo uma prioridade – e um desafio – para a política orçamentária do país. 

De acordo com publicação da Agência Senado no último mês de agosto, o governo federal aumentou de R$ 17 bilhões para R$ 25 bilhões o orçamento da Secretaria de Atenção Primária com o objetivo de ampliar esse tipo de atendimento. Informou, ainda, que o Ministério da Saúde vem trabalhando na consolidação da rede nacional de dados, com o Conecte SUS, e aposta na formalização do serviço de telemedicina para reduzir em até 80% as filas dos centros especializados. O governo federal também pretende enviar ao Congresso Nacional um projeto para implementar um sistema de “Open Health” a fim de “ampliar a concorrência no mercado de saúde suplementar ao abrir os dados de pacientes com as empresas operadoras para que elas possam oferecer serviços de acordo com a necessidade de cada um”.  

Para que a ambição do Ministério da Saúde se concretize, um número cada vez maior de sistemas e dispositivos habilitados serão necessários para capturar, transportar e analisar uma quantidade exponencial de dados e requererá uma quantidade extraordinária de largura de banda. Pense na possibilidade de termos disponível um “gêmeo digital” para cada paciente, podendo ser monitorado à distância e acompanhado por uma equipe médica a partir de um centro remoto de controle integrado. É exatamente para isso que o 5G foi projetado: diversidade de conexões simultâneas, processamento nas pontas, dados altamente precisos e informação em tempo real. 

Isto significa, antes de tudo, que será necessário gerar dados. E depois, que esses dados sejam compartilhados entre todos os atores da cadeia para que possam gerar o valor esperado para o sistema de Saúde como um todo. Por esse motivo, a interoperabilidade (capacidade de um sistema se comunicar com outro de forma transparente e ágil) tem sido um mantra no setor de Saúde nos últimos anos e é um dos requisitos indispensáveis para a implantação do Open Health (proposta que visa compartilhar dados de pacientes, mediante consentimento desses, entre instituições públicas e privadas). 

Sem dúvida, o primeiro desafio será a conexão. Reduzir o deserto digital das áreas remotas do país deve ser uma prioridade. Sem entrar no mérito da LGPD e das demais questões regulatórias, legais e éticas sobre o compartilhamento das informações de um paciente – questões essas que ainda precisam de amadurecimento entre os agentes envolvidos – o objetivo desta reflexão é mapear as tecnologias que estão impulsionando a transformação digital da Saúde no Brasil e que permitirão que o 5G atue como um catalizador da equidade no acesso a um atendimento médico de ponta. 

De acordo com os dados da IDC (International Data Corporation), do estudo WW 3rd Platform Industry Spending Guide: Healthcare Provides, junho/2022, espera-se que os investimentos em TI/Telecom, somente dos provedores de saúde pública no Brasil, ultrapassem R$ 5 bilhões acumulados nos próximos cinco anos. Desse valor, cerca de 50% serão destinados a softwares. Esses investimentos podem, por exemplo: levar remotamente especialistas para as fronteiras; realizar, de forma inteligente e autônoma, a manutenção da cadeia de suprimentos médicos; prever epidemias numa determinada região e determinar sua causa raiz; predizer as condições de um paciente de forma individualizada por meio de um dispositivo vestível de alta precisão, além de muitos outros casos de uso. Porém, recursos bilionários não são suficientes para promover a inovação no setor. 

Ainda será preciso investir na atualização de equipamentos e redes legadas, no treinamento das equipes de atendimento e prestadores de serviço da saúde, acelerar a inovação aberta, assim como uma mudança cultural e regulatória para trazer segurança no compartilhamento das informações. Também serão cruciais as parcerias públicas e privadas com forte atuação de todos os agentes da cadeia de saúde, desde o atendimento primário até o de alta complexidade, passando por farmacêuticas, saúde suplementar e redes de laboratório, para que o 5G consiga alavancar a democratização da saúde no país. Nesse sentido, o estudo IDC WW ICT Spending Guide, 2022 prevê que o investimento total para a transformação digital no setor de saúde no Brasil, somando público e privado, seja na ordem de R$ 3,3 bilhões em 2023 e cresça com uma taxa composta de 14% a.a. nos próximos anos, com grande destaque para IaaS – Infrastructure as a Service (+21% a.a.); Internet das Coisas (+20% a.a.) e Inteligência Artificial (+19% a.a.). 

*Luciano Saboia é gerente de pesquisa e consultoria de telecomunicações da IDC Brasil.

*Audry Rojas é analista sênior de telecomunicações e infraestrutura da IDC Brasil.

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