A convergência entre consumo e saúde passa por uma transformação, alimentada pela inovação tecnológica e pela busca por um estilo de vida mais saudável e consciente. Nesse processo de transformação, a saúde preditiva surge como um componente essencial, redefinindo não apenas a forma como consumimos, mas também a maneira pela qual cuidamos da nossa saúde.
Hoje em dia, a experiência de consumo vai muito além da simples compra. Ela envolve desde a pesquisa e descoberta de produtos até sua entrega, com um foco crescente no pós-consumo, por meio de serviços de suporte e personalização. A inovação tecnológica desempenha um papel fundamental nesse cenário, com ferramentas de inteligência artificial e big data que permitem uma compreensão mais detalhada dos comportamentos e preferências dos consumidores.
Contudo, é no encontro entre a jornada de consumo e a jornada de saúde que as inovações mais transformadoras estão ocorrendo. A saúde preditiva, baseada na análise de dados e no comportamento do indivíduo, possibilita um mapeamento detalhado da saúde, oferecendo insights valiosos. Em um momento em que somos bombardeados por dados, é essencial repensar essa jornada, colocando o ser humano, e não apenas o paciente, no centro do processo. Uma abordagem centrada no paciente costuma focar na saúde relacionada a doenças, enquanto uma abordagem voltada para a saúde integral exige que os modelos preditivos de dados estejam no centro, antecipando tendências a curto, médio e longo prazo.
A inteligência preditiva também tem o potencial de aumentar o acesso aos cuidados de saúde, facilitando a interpretação dos resultados e, sobretudo, incentivando o engajamento. A experiência na jornada de saúde é enriquecida pela conexão de valor, que se baseia na análise probabilística dos riscos de doenças.
Usando uma metáfora, podemos comparar o indivíduo ao piloto de seu próprio avião, enquanto o médico assume o papel de torre de controle. Em muitas situações, a previsão de um risco pode antecipar o diagnóstico posterior. A principal diferença é que uma jornada de saúde orientada por dados torna a prevenção e o rastreamento precoce de doenças mais ágeis, acessíveis e eficientes, beneficiando toda a cadeia de valor da saúde.
Entretanto, apesar das vantagens da saúde preditiva, surgem desafios importantes relacionados à privacidade e ética. O acesso aos dados pessoais gera preocupações sobre quem controla essas informações e como elas são utilizadas. Á medida que avançamos nesse campo, precisamos desenvolver regras e normas éticas robustas para proteger os direitos individuais e garantir a segurança dos dados.
Outro ponto relevante é a questão das desigualdades no acesso a essas tecnologias. É fundamental garantir que todos tenham igual oportunidade de aproveitar os benefícios da saúde preditiva, evitando o agravamento das disparidades no sistema de saúde.
A inovação na interseção entre consumo e saúde está criando um futuro cheio de oportunidades e mudanças. À medida que avançamos para um mundo em que a predição se torna tão crucial quanto o tratamento, é importante que enfrentemos essas transformações com uma perspectiva crítica e ética, garantindo que os progressos tecnológicos resultem em um futuro mais saudável e sustentável para todos.
Lísia Buarque, sócia-fundadora da WAC Global Tech.