Na volta para casa, ao término da Hospitakar 2025, conversa séria no pesado trânsito , com 2 amigos superintendentes do setor de saúde suplementar: o setor precisa de inovação urgente, mas sem perder de vista a equidade e a sustentabilidade financeira.
Em um cenário de transformação digital acelerada, como equilibrar tecnologia e acesso em um sistema tão complexo como o brasileiro?
Dados que desafiam
Os números falam por si. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), 30% das UTIs no Brasil são ocupadas por condições evitáveis, um reflexo de modelos reativos que sobrecarregam o sistema.
A Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) aponta que apenas 12% dos hospitais possuem sistemas interoperáveis, dificultando a gestão eficiente de dados.
Enquanto isso, globalmente, a OMS alerta que sistemas fragmentados consomem até 40% dos recursos em processos redundantes.
No Brasil, a saúde suplementar sente o impacto: custos crescentes e beneficiários demandando mais qualidade.
Por outro lado, exemplos internacionais inspiram.
O Massachusetts General Hospital mostra que análises preditivas reduzem 22% dos custos com internações evitáveis. Algoritmos de triagem, como os baseados em NLP (BERT-Medical), detectam câncer precoce com 94% de precisão (MIT Critical Data).
E a gestão por valor, aplicada por redes como a Kaiser Permanente, corta custos per capita em até 18%.
Inovação com Equidade: O Caminho
Na saúde suplementar brasileira, avanços já são visíveis. Hospitais como Sírio-Libanês e Albert Einstein implementam IA para diagnósticos mais rápidos e telemedicina integrada com wearables (ex.: Apple Watch ECG).
Mas como escalar isso para operadoras menores ou regiões mais distantes?
Vejo três frentes necessárias:
Telemedicina 3.0: Monitoramento contínuo de pacientes crônicos via dispositivos conectados, reduzindo internações.
IA para Eficiência: Uso de deep learning em imagens radiológicas, com laudos entregues em horas, não diasalem de suporte decisório beira leito
Redes Integradas: Modelos de cuidado 360°, inspirados no Intermountain Healthcare, que diminuíram reinternações em 25%.
Desafios e Soluções
Os obstáculos são claros:
A ANVISA precisa agilizar a homologação de tecnologias emergentes, como plataformas de IA para patologia.
Além disso, capacitar líderes em Health Analytics é urgente — programas como Harvard LEADS podem ser um caminho. E a interoperabilidade?
Sem sistemas integrados, a eficiência continuará limitada.
Iniciativas como o SUS Digital e hubs como o Hospital Moinhos de Vento mostram que o Brasil pode liderar a Saúde 4.0.
Na saúde suplementar, o momento é de colaboração.
E você? Ideias ??
Dr. Marcon Censoni de Ávila Lima, médico cirurgião há 26 anos, MBA gestão executiva em Saúde pelo Hospital Einstein, Chefe do Departamento de Medicina Hospitalar no AC Camargo Câncer Center, membro do Corpo Clínico dos hospitais Sírio libanês e Albert Einstein., especialista em transformação digital na saúde pela Harvard Medical School.