Há seis anos, quando decidi entrar no mercado de cannabis, o cenário no Brasil e na América Latina era quase exclusivamente negativo. Pesquisar a palavra no Google resultava em um mar de reportagens criminais e estigmas. Hoje, a transformação é notável: o foco mudou para as histórias reais de pessoas cujas vidas foram transformadas pela planta, e o entendimento sobre seus benefícios – para a saúde, o bem-estar, a sociedade e o meio ambiente – está se expandindo.
Ao longo desses anos, observamos uma mudança significativa. Marcas de renome começaram a entrar no mercado brasileiro, trazendo novos produtos e investindo no setor. Celebridades também se tornaram protagonistas dessa transformação. É empolgante ver nomes influentes como Whindersson Nunes, Gilberto Gil, Henrique Fogaça, Luana Piovani e Alessandra Ambrósio se engajando no universo da cannabis de diferentes formas e estimulando o “hype”. Esses movimentos têm contribuído para uma maior aceitação e entendimento sobre as vantagens que a mesma pode oferecer.
No Brasil, apesar dos avanços na regulamentação da cannabis medicinal, ainda estamos engatinhando em relação ao pleno potencial da planta. Para evoluir, é crucial adotar uma visão ampla e reconhecer que ela entrega muito mais do que os benefícios medicinais e terapêuticos. A planta pode e deve ser vista como um suplemento cotidiano e recurso valioso em várias áreas, desde o setor ambiental até o mercado têxtil.
Aqui estão algumas maneiras como a cannabis está integrada ao dia-a-dia nos EUA e como beneficiaria o Brasil:
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Bem-estar e qualidade de vida: Ela tem sido usada para promover o bem-estar geral, com proveitos relatados em áreas como alívio da dor, redução da ansiedade e melhora do sono.
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Alternativa ao álcool: Para muitos, a cannabis serve como uma alternativa saudável ao álcool, proporcionando uma forma de relaxar sem os efeitos adversos associados ao consumo de bebidas alcoólicas.
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Cuidados no cotidiano: A planta tem se mostrado eficaz no manejo de sintomas associados a condições como TPM, menopausa, libido e problemas relacionados ao estresse.
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Uso ambiental e agroindustrial: A cannabis também desempenha um papel significativo na indústria têxtil, na agricultura sustentável e na redução de emissões de carbono.
Ainda nos Estados Unidos, a cannabis já é uma parte integrada no dia a dia para muitos, e em alguns estados onde é legalizada, o seu uso tem superado o de álcool. Um estudo publicado na revista Alcoholism: Clinical & Experimental Research mostrou que, após a legalização, o consumo de bebidas alcoólicas entre adultos reduziu-se significativamente, refletindo uma transformação nas preferências e cultura. No Colorado, por exemplo, em comparação com todos os outros estados que não legalizaram a cannabis recreativa, as famílias de lá apresentaram uma redução média mensal de 13% nas compras de todos os produtos alcoólicos combinados.
Frequentemente considerada uma alternativa mais segura que o álcool devido à ausência de muitos dos efeitos adversos associados ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, como intoxicação, danos ao fígado e comportamento agressivo, há uma mudança crescente na percepção pública em relação ao uso da cannabis, com pessoas vendo a planta como uma opção saudável e equilibrada para o bem-estar, ao invés de recorrer ao álcool para relaxamento ou socialização.
A cannabis está muito além do hype – ela é a chave para desbloquear um potencial vasto e inexplorado, essencial para o nosso sistema endocanabinóide, que desempenha um papel crucial na manutenção da homeostase no corpo humano. Hoje, representa muito mais do que um modismo: é uma medicina revolucionária, terapia segura e natural, um fitoterápico com respaldo científico e uma solução que pode melhorar a qualidade de vida e oferecer caminhos sustentáveis para o clima e o meio ambiente.
Para que o mercado brasileiro amadureça e alcance o nível de desenvolvimento observado em outros países, precisamos superar barreiras significativas. É essencial promover a educação sobre a cannabis, aumentar a conscientização pública e trabalhar em direção a uma legislação inclusiva e informada. Além disso, é vital investir em pesquisa e estudos para desmistificar a planta e expandir suas aplicações. É hora de reconhecer que ela é um presente da natureza, uma ferramenta científica e uma necessidade cultural para um futuro mais equilibrado e saudável.
Nathan Candido, CMO da Humora.