sexta-feira, dezembro 6, 2024
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Diagnóstico precoce: o gatilho para o futuro da saúde suplementar?

por Alexandre Sgarbi
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De tempos em tempos, somos bombardeados com notícias sobre os altos custos e os reajustes dos planos de saúde. No fim do ano, esse tema ganha ainda mais relevância, devido às renovações, especialmente nas modalidades empresariais.

Neste ano, ao ver as primeiras manchetes sobre o assunto, lembrei-me do estudo “Saúde Populacional”, conduzido por Denizar Vianna e publicado pela Abramge. O estudo destaca uma redução significativa nos custos médicos através do diagnóstico precoce. Embora possa parecer óbvio, grande parte dos gastos no setor de saúde decorre da alta demanda hospitalar gerada por doenças crônicas não controladas e diagnósticos tardios de câncer. Esses fatores não apenas aumentam os custos, mas também reduzem as chances de cura em muitos casos.

O estudo, que analisou uma amostra populacional de grandes centros urbanos (São Paulo e Rio de Janeiro), constatou que os custos aumentam em mais de 150% quando o diagnóstico é realizado tardiamente. Curioso com esses números, aprofundei minha pesquisa e logo encontrei mais evidências. O portal Oncoguia revelou dados semelhantes, especialmente no contexto do SUS: uma única sessão de quimioterapia pode custar até 500% mais no estágio 4 de câncer em comparação ao estágio 1, como observado no câncer de mama.

O impacto na saúde pública é, portanto, tão grande quanto — ou até maior — do que na saúde privada. A implementação de um programa robusto de prevenção poderia gerar benefícios substanciais para ambos os sistemas.

Por exemplo, no caso do câncer de mama, uma detecção precoce (classificada como estágio 0) é relativamente simples, feita por meio de mamografia ou ultrassonografia. O tratamento, geralmente, limita-se à remoção cirúrgica, sem necessidade de radioterapia. Já no estágio 3, o diagnóstico pode exigir ressonância magnética e tomografia para avaliar a invasão de tecidos adjacentes. O tratamento se torna mais complexo, envolvendo múltiplas sessões de radio e quimioterapia, além da cirurgia.

No estágio metastático (final), o diagnóstico é ainda mais complexo e caro, e as sessões de quimioterapia tornam-se imprevisíveis, dependendo da resposta do paciente. Além dos custos financeiros elevados, há um impacto significativo na qualidade de vida, com maiores riscos de insucesso no tratamento.

A importância da prevenção

Alguns planos de saúde no Brasil já adotam contrapartidas positivas para beneficiários que realizam exames preventivos regularmente, oferecendo descontos nas mensalidades ou acesso facilitado a serviços complementares.

Diante dos recentes aumentos em custos assistenciais e reajustes das mensalidades, talvez seja hora de pensar “fora da caixa”. Por que não vincular protocolos de diagnóstico precoce (seguindo orientações por gênero, faixa etária, etc.) a benefícios financeiros nas mensalidades? Algumas medidas concretas para incentivar exames preventivos poderiam incluir:

  • Redução dos reajustes de mensalidades para grupos de beneficiários que mantêm seus exames de rotina em dia;
  • Aumento da co-participação para quem não segue as orientações de exames preventivos;
  • Vinculação do acesso a serviços não emergenciais ao cumprimento das rotinas de exames (exceto atendimentos de urgência);
  • Reembolsos mais generosos para pacientes que cumprem os protocolos de prevenção.

Naturalmente, essas sugestões simplificadas exigem um estudo aprofundado em termos de regulamentação, viabilidade e estruturação. No entanto, é exatamente esse tipo de discussão que pode levar a soluções inovadoras e efetivas para lidar com os desafios financeiros enfrentados por toda a cadeia: beneficiários, operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços.

Alexandre Sgarbi, diretor da Peers Consulting & Technology.

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