quarta-feira, outubro 9, 2024
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Tecnologia se torna decisiva contra o desperdício de vacinas

por Colaboradores
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Em uma conquista valiosa da ciência, pouco mais de um ano após o início da pandemia de Covid-19, as vacinas contra a doença já estão sendo aplicadas em populações de diversos países, incluindo o Brasil. O esforço coletivo para agilizar a imunização resultou, até o dia 1º de junho, em mais de 430 milhões de vacinações completas realizadas no mundo, segundo dados da Universidade de Oxford. No território brasileiro, cerca de 22,1 milhões de pessoas já receberam as duas doses da vacina no período. Mas se já existe vacina, qual a explicação para que o número de casos ainda esteja em alta?

Um dos principais desafios para equacionar o problema está em fazer com que essas vacinas cheguem para as pessoas em todo o mundo — tanto nos países desenvolvidos quanto nos países mais pobres — o mais rapidamente possível. O problema é que essa distribuição envolve questões produtivas, econômicas e logísticas complexas. Ou seja, apesar de o produto já existir, é um recurso que só tem efeito significativo quando é injetado no braço de cada cidadão.

Para além das dificuldades de alcance populacional, outras variáveis também precisam ser avaliadas. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que há perdas significativas de medicamentos e vacinas durante a armazenagem e o trajeto de insumos e produtos, o que, no caso dos imunizantes contra o novo coronavírus, pode atrasar a proteção em larga escala em algumas comunidades, prejudicando a redução no número de casos e de mortes relacionadas à doença.

O desperdício de vacinas da Covid-19 vem sendo reportado em diferentes países desde o início da vacinação, no Reino Unido, em dezembro de 2020. E isso está acontecendo num momento em que as doses ainda são insuficientes. Um dos exemplos mais significativos foi relatado pelo New York Times em março, quando 15 milhões de doses futuras da vacina da Johnson & Johnson foram perdidas devido a um erro de fábrica. Também nos Estados Unidos, milhares de vacinas precisaram ser descartadas em estados como Tennessee, Flórida, Ohio e Michigan. Na Índia, mais desperdício: 4,6 milhões de doses foram inutilizadas de janeiro a abril, conforme o Ministério da Saúde indiano.

Os motivos para a perda de vacinas costumam variar e incluem o mau manuseio de insumos e frascos contendo o produto, deterioração, vazamento, perda de eficácia por conta de alterações no armazenamento e transporte, entre outros. Apesar disso, o desenvolvimento da tecnologia está trazendo um novo rumo quando se trata da distribuição dos imunizantes e o desperdício é bem menor do que em campanhas de vacinação anteriores. A explicação está na evolução de sistemas de monitoramento, registros, alertas, segurança e confiabilidade dos dados.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu um passo importante, em 2021, para salvaguardar a manutenção da qualidade de produtos da Saúde: passou a vigorar a resolução RDC 430/2020, que padroniza as regras de boas práticas que se aplicam às empresas que realizam as atividades de distribuição, armazenagem e transporte de medicamentos. A regulamentação viabiliza, por exemplo, que as vacinas cheguem em diversas regiões, como nas comunidades ribeirinhas e/ou aldeias indígenas que estão distantes da rota rodoviária com o máximo de eficácia. Ou seja, ela preza pela ciclo da cadeia fria da vacina.

Essas normas são de suma importância porque estabelecem, por exemplo, a necessidade de que os operadores logísticos mantenham um sistema de gestão da qualidade ativo na operação, auto inspeções periódicas e investigação para apontar a causa raiz de possíveis falhas no trato com medicamentos (especialmente termossensíveis) para mitigá-los. Outro destaque é a necessidade de haver monitoramento e controle das condições de temperatura, acondicionamento, armazenagem e umidade de medicamentos e produtos termolábeis com o uso de instrumentos calibrados e localizados nos pontos críticos do ambiente para empresas de armazenamento e distribuição — vacinas, por exemplo, em geral, devem ser mantidas entre 2°C a 8°C ou temperaturas específicas.

A tecnologia brasileira se forma como uma das seguradoras desses requisitos e deve ser explorada para que os episódios de perdas dos imunobiológicos não impactem na vacinação nacional. Hoje, o mercado Healthcare brasileiro já consegue aliar Inteligência Artificial e Internet das Coisas (IoT) ao monitoramento da cadeia fria da Saúde, garantindo maior precisão na medição e controle na armazenagem das vacinas que circulam no país. No entanto, é preciso reconhecê-la, aplicá-la e usá-la a nosso favor, pois é a união de forças que envolve a ciência, a tecnologia e a consciência de lideranças políticas, empresariais e dos próprios cidadãos, que deixará a pandemia para trás.

Douglas Pesavento, CEO da Sensorweb.

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