Nos últimos anos, a presença de serviços de saúde em espaços de conveniência, como shoppings, hipermercados e até mesmo centros comerciais ao ar livre, tem se consolidado como uma tendência crescente. O que antes parecia ser uma exceção, agora se torna mais comum, transformando não apenas a forma como as pessoas acessam cuidados médicos, mas também a dinâmica de negócios no setor de saúde. Essa movimentação reflete mudanças na sociedade, que busca praticidade e serviços de qualidade, tudo dentro de um único espaço.
Historicamente, os shoppings e hipermercados eram locais exclusivos para o consumo de bens e serviços de entretenimento. No entanto, com o aumento do ritmo de vida e a escassez de tempo, as pessoas passaram a buscar soluções que combinem sua rotina de lazer e compras com necessidades mais urgentes, como cuidados com a saúde. A incorporação de clínicas de diversos tipos, como odontológicas, clínicas gerais, exames e até terapias especializadas, tem sido uma solução estratégica que atende essa demanda crescente.
A principal razão por trás dessa expansão está na conveniência. As pessoas estão buscando experiências que integrem diversas esferas da vida cotidiana, e o acesso fácil a serviços médicos é parte dessa integração. Em um cenário onde o tempo é escasso, por que não aproveitar o momento de compras ou lazer para fazer um check-up, uma consulta médica e exames de rotina?
Para o setor de saúde, a instalação de unidades em locais de grande circulação não é apenas uma resposta à necessidade dos pacientes, mas também uma tática de negócios inteligente. Estar presente em locais estratégicos significa aumentar a visibilidade e a proximidade com o público. Esse movimento está alinhado com a crescente tendência de “saúde no ponto de venda”, em que o consumidor não precisa deslocar-se para uma clínica tradicional, mas pode acessar cuidados médicos de forma rápida e prática no mesmo local onde realiza outras atividades.
Além disso, os shoppings oferecem uma infraestrutura preparada para a alta demanda, com segurança, conforto e acessibilidade. Esses fatores contribuem para a fidelização dos pacientes, que acabam associando a conveniência desses espaços à qualidade e facilidade no acesso a serviços de saúde.
O modelo de negócios, por sua vez, se beneficia do fluxo constante de pessoas e da possibilidade de atração de um público diversificado, desde famílias até trabalhadores que precisam de consultas e exames de rotina.
Dados que reforçam a tendência
Estudos de mercado apontam que os consumidores estão mais dispostos a incorporar serviços de saúde em suas rotinas cotidianas. Uma pesquisa da PwC revelou que 70% dos consumidores consideram muito importante a proximidade de serviços de saúde, especialmente quando esses serviços são oferecidos em locais convenientes como centros comerciais. Além disso, a pesquisa apontou que os consumidores estão mais propensos a pagar por serviços de saúde, principalmente em espaços que já frequentam regularmente.
Conveniência e acessibilidade
A receptividade dos pacientes a esse novo modelo de atendimento tem sido amplamente positiva. Para muitos, a possibilidade de resolver questões de saúde durante o dia de compras ou enquanto fazem outras tarefas do cotidiano é uma das principais vantagens. Além disso, esse modelo também tem proporcionado uma maior confiança e conforto, uma vez que os espaços comerciais investem cada vez mais em ambientes acolhedores, modernos e com serviços personalizados.
A flexibilização dos horários também é um ponto crucial. Consultas e exames podem ser agendados em horários mais convenientes, muitas vezes fora do horário comercial tradicional, o que atende à demanda de um público que trabalha durante o dia e busca alternativas para cuidar da saúde à noite ou nos fins de semana.
O futuro da saúde nos espaços de conveniência é promissor. A tendência de combinar serviços médicos com a rotina de consumo é um reflexo de um modelo de sociedade mais conectado e integrado, onde os serviços precisam ser rápidos, eficientes e, acima de tudo, acessíveis. Espera-se que, à medida que a demanda por esses serviços cresça, as parcerias se tornem cada vez mais comuns, ampliando ainda mais a oferta de cuidados médicos em locais inesperados, como aeroportos, estações de trem e até mesmo áreas de lazer.
Essa expansão não apenas melhora o acesso à saúde, mas também transforma a experiência do consumidor, criando um novo ambiente de bem-estar, onde a saúde deixa de ser um serviço à parte e passa a fazer parte da rotina cotidiana de forma integrada e descomplicada.
Dr. Sérgio Okamoto é médico especialista em Saúde Ocupacional e Superintendente Geral do Hospital Nipo-Brasileiro. O Hospital Nipo-Brasileiro (HNipo) foi fundado nos 80 anos da imigração japonesa no Brasil.