Podemos dizer que 2020 foi o ano que mais se falou em saúde, principalmente pelo marco que foi o mês de março, quando o Brasil foi inserido oficialmente no cenário da pandemia. Tudo foi fechado, o mundo parou e uma pandemia tomou conta de nossas vidas. Empresas demitindo, jornadas de trabalho reduzidas e o benefício saúde sendo revisto. Novos desenhos, cancelamentos e empresas fechando. Informações truncadas, falsas e verdadeiras, confusas e distorcidas, tudo corroborando para que a pandemia se tornasse algo descontrolado, onde governo e população, sem entendimento, levaram a mais desinformação.
De março até junho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) suspendeu e reestabeleceu os prazos máximos que devem ser cumpridos pelas operadoras para atendimento aos beneficiários de planos de saúde. Neste período, a Resolução Normativa 453 incluiu no Rol de Procedimentos a pesquisa por RT-PCR do temido “SARS-CoV-2 (CORONAVÍRUS COVID-19), com diretriz de utilização.
De acordo com pesquisas, 54% das operadoras de planos de saúde com negócios na América Latina preveem aumento nos pagamentos, com maior número de consultas e exames para pacientes com Covid-19 e doenças cujo tratamento foi adiado após o início da pandemia do coronavírus.
No Brasil, as operadoras preveem aumento de 11,5% nos custos dos serviços médicos e hospitalares em 2021, bem acima da inflação projetada para a economia brasileira. Segundo o boletim Focus, as expectativas do mercado financeiro apontam inflação de 3,34% para 2021.
Final de ano, os hospitais particulares, por conta da demanda, voltaram a suspender as cirurgias eletivas. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) define que os reajustes dos planos de saúde referente aos meses entre setembro e dezembro deverão ser cobrado de forma parcelada, em 12 meses, a partir de janeiro de 2021.
A maior preocupação: a capacidade de fabricação e entrega das vacinas não é infinita, nem imediata. A corrida pelas vacinas em tempo recorde, a total falta de logística – onde encontrar insumos para atender uma demanda de milhões de pessoas? Vacina obrigatória ou não? Mais desinformação. Uma campanha política no meio de tanta comoção. Hospitais lotados, mais de 190.000 mortes.
As vacinas nunca poderiam ficar de fora. Na avaliação do MPF, assim como ocorreu em relação aos exames de diagnóstico da covid-19, as vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devem constar entre os procedimentos médicos cobertos pelos planos de saúde, com diretriz de utilização especialmente nos grupos considerados prioritários e de alto risco para a doença.
Mas o pós-pandemia promete um legado, onde as operadoras de saúde suplementar, por exemplo, serão fortemente favorecidas, desde que desempenhem a gestão inteligente de seus custos assistenciais.
Logo, 2021 promete uma forma de gestão cada vez mais eficiente e uma procura cada vez maior pela atenção primaria à saúde. Um maior investimento em espaços que resolvam demandas antes entendidas como apenas hospitalares. Haverá uma procura cada vez mais forte pela eficiência de recursos com teleconsultas, telemonitoramentos e o mais importante tele educação. Estes serão fatores fundamentais para a sobrevivência e sucesso de negócios, principalmente, os da área da saúde.
Vamos colocar em prática em 2021 o que aprendemos com as dificuldades de 2020!
Charles Lopes, sócio-diretor da B2Saúde Consultoria.