segunda-feira, abril 7, 2025
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Engenharia Clínica? O desafio da gestão e manutenção de ativos hospitalares

por Claudiney Santos
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A gestão de ativos hospitalares exige soluções precisas e inovadoras, especialmente quando se trata da manutenção de equipamentos de grande valor, como ressonâncias magnéticas e geradores. Para discutir os desafios desse mercado, a história da Globalthings e as soluções oferecidas pela empresa, conversamos com Alexandre Fontes, gerente comercial da companhia.

P- A GlobalThings tem uma forte presença no mercado de gestão e manutenção hospitalar. Quais são os principais desafios desse setor?

Alexandre Fontes: A GlobalThings tem mais de 20 anos de história. Começamos em 2004, quando o dono da empresa percebeu uma necessidade específica na área hospitalar, mais voltada para o suporte de gestão de ativos. Naquela época, desenvolvíamos um software para a gestão de patrimônio, mas logo percebemos que havia uma demanda maior na área de engenharia clínica e de manutenção. Equipamentos como ressonâncias magnéticas, bisturis elétricos e outros dispositivos médicos necessitam de manutenção especializada. Foi aí que começamos a desenvolver uma solução que pudesse atender às necessidades específicas dessa área.

P- A evolução da empresa, então, ocorreu a partir dessa identificação da necessidade de um sistema especializado para equipamentos médicos, certo?

Alexandre Fontes: Exatamente. A ideia inicial foi criar um software para a gestão e manutenção desses ativos. No início, nosso foco era a engenharia clínica, mas com o tempo, fomos expandindo para outras áreas de apoio, como a engenharia de manutenção. Nossa solução não é um ERP hospitalar, mas sim um software focado em manter esses ativos funcionando da melhor forma possível, para garantir a disponibilidade e o mínimo de falhas, especialmente em equipamentos críticos como os de imagem.

P- E como essas soluções ajudam na gestão dos ativos dentro de hospitais e clínicas?

Alexandre Fontes: O grande benefício do nosso software é permitir que o hospital tenha um controle total sobre o que possui. Sabemos que, para gerenciar eficientemente, você precisa primeiro entender o que tem. Além disso, a solução proporciona uma redução significativa de custos, pois permite focar na manutenção preventiva, o que evita falhas inesperadas e custos corretivos mais altos. A disponibilidade dos equipamentos também é outro ponto crucial. Por exemplo, se uma ressonância magnética parar de funcionar, não é só a receita do hospital que é afetada, mas também os pacientes que precisam realizar o exame.

P – Essa questão da disponibilidade de equipamentos é crucial. Como o software lida com isso?

Alexandre Fontes: Temos um indicador chamado “uptime”, que mede o quanto os equipamentos estão disponíveis para uso. Por exemplo, conseguimos monitorar a ressonância magnética para detectar problemas antes que ela pare de funcionar. Usamos sensores para monitorar a temperatura do chiller, o nível de hélio e outros parâmetros críticos. Caso algo esteja fora do padrão, enviamos alertas para os responsáveis. Isso permite que problemas sejam resolvidos de forma rápida e eficaz, evitando falhas maiores, como o famoso “quench” da ressonância (processo através do qual o magneto supercondutor perde rapidamente seu campo magnético), que pode custar centenas de milhares de reais.

P – O “quench” é um problema grave. Como ele pode ser evitado?

Alexandre Fontes: O “quench” acontece quando a temperatura da ressonância sobe a ponto de forçar a liberação de hélio, o que pode danificar o equipamento. Isso ocorre porque o hélio, que mantém a ressonância funcionando em temperaturas extremamente baixas, começa a evaporar. Se detectarmos uma falha no sistema de resfriamento (chiller), por exemplo, podemos evitar que o “quench” aconteça, minimizando os danos e os custos associados à reposição de hélio e peças danificadas.

P – Além disso, a GlobalThings também trabalha com soluções de monitoramento preditivo. Pode nos falar mais sobre isso?

Alexandre Fontes: Com o advento da inteligência artificial, desenvolvemos o “Connect Plus”, uma solução preditiva. Utilizamos sensores para monitorar diversos tipos de equipamentos, desde grandes máquinas, como ressonâncias magnéticas, até itens menores, como caixas d’água. Esses sensores nos ajudam a prever falhas antes que elas ocorram, reduzindo o risco de paradas inesperadas. Essa abordagem preditiva é uma tendência importante para a gestão de ativos, porque oferece uma visão antecipada do que pode dar errado e permite ações corretivas de forma proativa.

P- Isso é um avanço significativo. E a Inteligência Artificial (IA) tem ajudado nesse processo?

Alexandre Fontes: Sem dúvida. A IA tem sido fundamental na evolução das nossas soluções. Ela é capaz de analisar padrões de falhas em equipamentos, prever problemas antes que eles ocorram e até sugerir melhorias na gestão da manutenção. Por exemplo, a IA pode identificar que uma determinada peça de um equipamento está prestes a falhar com base nas falhas passadas e no comportamento do equipamento. Isso permite que os hospitais realizem manutenções preventivas e evitem custos com reparos de emergência ou até paradas inesperadas dos equipamentos.

P – Como você mencionou, a pandemia acelerou o desenvolvimento de algumas dessas tecnologias. Você poderia falar um pouco mais sobre a solução de tecnovigilância da Globalthings?

Alexandre Fontes: A tecnovigilância surgiu durante a pandemia, em 2020. Assim como no setor automobilístico, onde recall de veículos é uma prática comum, os equipamentos médicos também podem precisar de correções quando falhas de fabricação são identificadas. A Anvisa regula isso rigorosamente. Em parceria com hospitais sentinelas, que são hospitais especializados em reportar problemas com equipamentos médicos, nossa solução ajuda a garantir que esses equipamentos sejam monitorados e corrigidos de acordo com as exigências da Anvisa, mantendo a segurança dos pacientes.

P – Então, a tecnovigilância permite que os hospitais identifiquem e reportem falhas em equipamentos médicos, de forma semelhante aos recalls de automóveis?

Alexandre Fontes: Exatamente. Quando um hospital identifica uma falha com um equipamento, ele deve reportar à Anvisa, que irá investigar e tomar as medidas necessárias. A tecnovigilância facilita esse processo, permitindo um acompanhamento mais eficiente da saúde dos equipamentos e, consequentemente, da segurança dos pacientes.

P – Qual seria o impacto dessas tecnologias na operação de um hospital?

Alexandre Fontes: O impacto é extremamente positivo. Ao implementar nossas soluções, os hospitais conseguem reduzir custos com manutenção corretiva, melhorar a disponibilidade dos equipamentos e, principalmente, oferecer um serviço mais eficiente aos pacientes. Além disso, com o monitoramento preditivo, conseguimos evitar grandes prejuízos, como a perda de hélio em uma ressonância ou a quebra de equipamentos essenciais. Nosso objetivo é tornar a gestão hospitalar mais inteligente, eficiente e segura, permitindo que os hospitais possam focar no que realmente importa: o atendimento aos pacientes.

P – A empresa também tem se expandido internacionalmente. Quais são os próximos passos da Globalthings?

Alexandre Fontes: Estamos presentes no Brasil inteiro e também em países da América Latina, como Argentina, México e Colômbia. Nosso objetivo é expandir ainda mais, oferecendo as nossas soluções para hospitais e clínicas em toda a região. Além disso, estamos investindo em tecnologias emergentes, como a IA, para continuar inovando e atendendo às necessidades de nossos clientes.

P – Com a crescente importância da saúde digital, quais são as tendências que você vê para os próximos anos?

Alexandre Fontes: Acredito que a tecnologia irá continuar a desempenhar um papel fundamental na transformação do setor de saúde. A Inteligência Artificial vai se integrar cada vez mais aos processos de gestão hospitalar, proporcionando insights que são impossíveis de se obter apenas com análise manual. A tendência é que os hospitais se tornem cada vez mais digitais e conectados, otimizando não só os processos internos, mas também a experiência do paciente. Já estamos vendo isso com a digitalização dos sistemas de gestão e com o conceito de ‘hotelaria hospitalar’, onde hospitais de alto padrão estão se tornando verdadeiros centros de bem-estar voltados para a experiência do paciente.

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