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O impacto da cultura data-driven na saúde preditiva

por Rogério Pires
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Em tempos de grandes avanços tecnológicos na medicina, uma premissa vem ganhando força no segmento: a predição vem antes da prevenção. Isso porque, além das evidentes melhorias proporcionadas para os pacientes, a análise preditiva possui um potencial muito benéfico para as próprias instituições da saúde, por isso a urgência de trazermos maior protagonismo para este tema.

A saúde preventiva e a saúde preditiva atuam de forma complementar, mas possuem diferenças significativas que valem a pena serem destacadas. Enquanto a abordagem preventiva foca na adoção de medidas gerais e contínuas para certas populações ou grupos de riscos evitarem o desenvolvimento de uma doença, a abordagem preditiva é focada no risco individual de cada paciente desenvolver uma doença, com base em seu próprio histórico e particularidades. Ou seja, por meio da análise de dados e do uso de tecnologias avançadas, como Inteligência Artificial, a predição busca compreender a probabilidade de uma pessoa desenvolver certa condição de saúde e, assim, atuar proativamente neste sentido.

Atualmente, a cadeia de saúde brasileira é pautada majoritariamente por uma atuação preventiva, o que de fato já é um avanço para o cuidado com a saúde da população. Porém, adotar somente esta linha de abordagem tem se provado uma estratégia custosa e financeiramente insustentável. Por isso, destaco a necessidade de uma verdadeira mudança no mindset tanto da sociedade, quanto da comunidade médica para que estratégias de predição também sejam incorporadas à saúde, especialmente em um cenário no qual a tecnologia e a inovação nos permitem isso.

Ao permitir diagnósticos precoces e certeiros, e tratamentos mais efetivos, os benefícios da abordagem preditiva são inúmeros, auxiliando inclusive na otimização da gestão de custos da saúde. Por meio do uso de dados preditivos é possível, por exemplo, diagnosticar o risco de um paciente desenvolver certa doença, assim como mapear tendências e padrões de comportamento da população para detectar possíveis surtos, possibilitando o desenvolvimento de planos de prevenção. Além disso, o modelo também pode ser estratégico para as companhias poderem prever os custos com a gestão da saúde de um paciente no longo prazo, permitindo a identificação de intervenções médicas que possam eventualmente reduzir este valor.

Mas para que esse cenário se torne realidade é fundamental instaurar a cultura dos dados nas instituições de saúde. A falta de dados certamente não é um problema para o setor, mas o que acontece é que muitas instituições ainda não compreendem seu real valor ou não sabem como geri-los e extrair seu potencial transformador. É muito comum encontrarmos instituições de saúde que enfrentam desafios com a intraoperabilidade dos seus dados, e a interoperabilidade é vista como ainda mais complexa. Contudo, mais do que nunca é preciso educar as instituições destacando-se a importância da gestão dos dados, e a riqueza que eles representam para os negócios.

Quando bem coletados e utilizados de forma estratégica, os dados são capazes de proporcionar maior personalização para a jornada dos pacientes e, neste contexto, todos saem ganhando. Para as instituições de saúde, isso se traduz em um atendimento mais eficiente, otimizado e preciso. Já para os pacientes, esta abordagem permite cuidar da sua saúde de forma mais efetiva. Como consequência, a saúde preditiva proporciona um impacto positivo para toda a cadeia da saúde, ponto crucial frente às dificuldades econômicas enfrentadas pelo setor, que exigem mais do que nunca mudanças estruturais e operacionais.

Transformar a conduta da saúde brasileira não é uma tarefa fácil e requer empenho de todos os agentes da cadeia, mas é fundamental que o setor se reinvente e encontre novas maneiras, mais eficientes e rentáveis, de operar. A abordagem preditiva é uma estratégia que pode transformar a realidade de nosso setor, agregando valor para todos os lados. É urgente aproveitar os benefícios que a tecnologia oferece, adotando uma nova perspectiva para o futuro da saúde do Brasil.

Rogério Pires, diretor de produtos para Saúde da TOTVS.

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