Desde o início da pandemia, a indústria mundial vem trabalhando na busca de novas tecnologias de tecidos antivirais para mitigar os efeitos do novo Coronavírus, como o desenvolvido pela catarinense Dalila Têxtil. A tecnologia por trás do acabamento antiviral utiliza partículas de prata. “Quando o material entra em contato com o vírus ele acaba por romper a camada viral e expõe o DNA ou o RNA do vírus. Este, então, passa a não ter mais a sua ação quando infecta uma célula”, explica Alexsandra Valério, doutora em Engenharia Química pela UFSC e uma das responsáveis pelo desenvolvimento do material.
A eficácia do produto já foi comprovada por diversos testes e certificações laboratoriais e não oferece nenhum risco de toxicidade para a saúde, garantindo selo dermatologicamente testado. Porém, muita gente se pergunta sobre a sustentabilidade desse material. A engenheira Química explica que as partículas de prata utilizadas para a fabricação do tecido são facilmente precipitadas nos efluentes, pois reagem com floculantes aplicados para a eliminação do lodo e, depois da prata ter reagido e se tornado um sal no efluente, biologicamente ela não é mais antimicrobiana. Além disso, foi pensado no pós-uso do material. “Como é um tecido de alta qualidade, ele tem uma vida útil mais longa e pode permanecer em uso por mais tempo, ajudando a preservar o meio ambiente e economizando recursos”, acrescenta o diretor da Dalila Têxtil, André Klein. Hoje a eficácia deste produto se estende a 50 lavações e novos testes estão em andamento.
Ainda com foco na sustentabilidade, Klein observa que parte da energia utilizada para a água morna, que desempenha um papel significativo nos processos de síntese dos produtos, é obtida através da recuperação de calor. A energia é coletada do ar residual das caldeiras a vapor e do calor residual da condensação de vapor recuperada. O processo também faz a recuperação dos solventes gerados e os utiliza na limpeza dos reatores.
Sobre o tecido antiviral
O aditivo utilizado no tecido antiviral é 100% eficaz contra o vírus e elimina qualquer bactéria que entrar em contato com o tecido. Klein acredita que essa inovação impacta o mercado da moda para melhor pelo fato das roupas começarem a unir design e cuidados com a saúde. “Essa tecnologia promove a ruptura da membrana e inibe o crescimento e a persistência do vírus na malha, com um mecanismo de ação que bloqueia a ligação do vírus nas células hospedeiras, impedindo que o microrganismo libere seu material genético no interior, reduzindo a capacidade infecciosa nas células”, aponta.
O tecido já foi testado em máscaras faciais, tecidos de confecção e outras aplicações, obtendo comprovação da redução significativa na infectividade viral e bacteriana. Os testes laboratoriais foram realizados em laboratório independente seguindo as normativas científicas reconhecidas internacionalmente, como a AATCC 100 (antibacteriana) e ISO18184 (antiviral).
O Antiviral é um produto com amplo espectro viral, onde o torna um virucida independendo o tipo de vírus e, antimicrobiano que atua frente às bactérias causadoras de mau odor e eventuais doenças de pele. A prata é utilizada no setor têxtil, devido às suas propriedades ópticas, físico-químicas e biológicas únicas. O produto utilizado não citotóxico, ou seja, não apresenta toxinas nocivas às células. Além disso, a formulação do produto é baseada em química verde, com estabilizante natural de origem brasileira.