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Saúde em transformação com as soluções digitais das startups

por Cristián Sepúlveda
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O desempenho financeiro dos planos de saúde em 2022, que registrou uma perda operacional de R$ 11,5 bilhões, não foi inesperado. A cifra leva em conta o efeito do impacto causado pela demanda reprimida, um resquício tardio da pandemia Covid19. Contudo, a estatística é o resultado de uma série de fatores que estão afetando o segmento da saúde suplementar. As operadoras médico-hospitalares fecharam o primeiro trimestre de 2023 com um prejuízo operacional de R$ 1,7 bilhões.

O modelo de negócio “fee for service”, ou pagamento por serviço, gera um conflito de interesses. Isso ocorre porque as organizações de saúde são incentivadas a priorizar a quantidade de serviços que prestam, em vez da qualidade dos resultados obtidos, já que sua remuneração não é afetada diretamente pelos resultados alcançados.

Isso resulta em um uso inadequado do sistema, com o número de consultas médicas anuais no Brasil sendo 40% maior do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A situação é ainda mais alarmante quando se trata de exames médicos anuais, com o Brasil ultrapassando as recomendações da OMS em mais de 60%. Além disso, o número de cesarianas no Brasil é significativamente maior do que os padrões internacionais, com o país realizando o dobro da média, de acordo com os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2019.

Embora a adoção de práticas de medicina preventiva, em vez de reativa, ainda esteja em estágio inicial no Brasil, há evidências que apontam para o papel vital da prevenção na diminuição dos custos do setor de saúde. Pesquisas sugerem que a medicina preventiva tem o potencial de reduzir de maneira significativa os gastos na área da saúde.

Adicionalmente, o setor de saúde enfrenta um grave problema de fraudes que consomem bilhões de reais. Segundo a Fenasaúde, há casos de falsificação de identidade, manipulação do reembolso, cobranças indevidas e superfaturamento de procedimentos que somam cerca de 28 bilhões de reais em prejuízos para o ecossistema de saúde suplementar. Um dos principais indícios de fraudes é o crescimento das solicitações de reembolso aos planos de saúde. De acordo com a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), os pedidos de ressarcimento saltaram de R$ 6 bilhões em 2019 para quase R$11 bilhões em 2022.

Os desafios enfrentados pelo sistema de saúde, como o envelhecimento da população, a judicialização e a recente cobertura ilimitada para serviços como fisioterapia e psicologia, estão intensificando a pressão sobre o setor. Como consequência, as empresas estão enfrentando reajustes nos planos de saúde que ultrapassam a inflação, atingindo em alguns casos mais de 20%. A título de exemplo, a Sulamérica divulgou recentemente que os reajustes dos planos de saúde com contratos vencidos no segundo trimestre chegaram a 23,4% no segmento empresarial. Nesse cenário, a inovação surge como um elemento crucial para garantir a sustentabilidade do sistema.

As startups que oferecem soluções digitais na área da saúde têm um papel fundamental na transformação do atendimento médico no Brasil. Elas estão tornando a assistência à saúde mais acessível, de alta qualidade e eficiente, além de inovar em áreas como telemedicina, análise de dados, monitoramento de saúde, diagnóstico por IA e gerenciamento de cuidados de saúde. A integração de dispositivos vestíveis e IoT também está sendo explorada por essas empresas, bem como o acompanhamento e gerenciamento aprimorados de condições crônicas de saúde.

Dentro do ecossistema da aceleradora Silver Hub destacamos algumas startups de sucesso, com as quais trabalhamos para gerar impacto positivo no setor de saúde.

Dentro do contexto de altos reajustes dos planos de saúde que estão impactando a rentabilidade das empresas, a Truvio vem desenvolvendo um trabalho para levar eficiência de custos e melhora do cuidado para empresas e operadoras de saúde. Através de um enfoque fidigital, que é a união do físico e digital, e por médio de uma plataforma robusta de bigdata e algoritmos de inteligência artificial, analisa os dados e identifica oportunidades de reduzir gastos desnecessários, desperdícios  e ineficiências no processo, como uso indevido, fraudes ou diversos problemas com os prestadores de serviço. A Truvio também acompanha as doenças crônicas, que são as principais causas de despesas em saúde, e incentiva a medicina preventiva, com uma equipe multidisciplinar e equipamentos IoT, que auxilia na gestão da saúde dos funcionários das empresas.

A Healthtech foi incubada pelo Eretzbio do hospital Albert Einstein, fundada em 2020 e já atende mais de 50 mil vidas mensais, com clientes como operadoras, corretoras e empresas. Recentemente, firmou uma parceria com a conceituada consultoria Falconi para oferecer gestão de resultados para as empresas.

A Techbalance é outra startup de destaque no mercado de saúde.  A Healthtech oferece uma solução inovadora para prevenir e tratar os problemas musculoesqueléticos, que afetam a qualidade de vida e aumentam o risco de quedas, especialmente na população idosa. Considerando o ambiente atual e os impactos nos custos para as operadoras de saúde da recente lei que dá cobertura limitada para as sessões de fisioterapia, a empresa ajuda a reduzir hiper utilizadores de consultas, exames e cirurgias e custos associados ao sedentarismo e problemas ortopédicos. Adicionalmente desenvolveu serviços para levar wellbeing e cuidado aos colaboradores das empresas para prevenção de sinistros ortopédicos.

A solução já comprovou a eficácia na redução de custos com fisioterapia  entre 20 e 30% em operadoras de saúde como Omint, Unimeds e Prevent Senior, atendendo mais de 25 mil vidas por mês. A Techbalance também recebeu investimentos de profissionais renomados da área da saúde e de investidores chilenos que apostam no seu potencial. Nos Estados Unidos, startups com esse foco já se tornaram unicórnios da saúde, como a Sword Health e a Hinge Health.

A startup Pill@Care oferece uma solução inovadora para o problema da adesão aos tratamentos farmacológicos, que afeta muitos pacientes e compromete sua saúde e qualidade de vida. Além disso, essa situação gera custos adicionais para os planos de saúde e para os próprios pacientes.

A startup uruguaia, Pill@Care, entrou no mercado brasileiro com uma plataforma integrada que controla e distribui automaticamente os medicamentos, com monitoramento remoto do médico ou da família. A plataforma também se conecta com “wearebles”, que permitem acompanhar os indicadores de saúde, alertar sobre quedas do usuário e outros eventos. Os clientes potenciais são operadoras de saúde, serviços de home care, hospitais, entre outros.

Em síntese, a inovação tecnológica, é uma estratégia para enfrentar desafios no setor de saúde, melhorar a qualidade e eficiência. Essas soluções que utilizam tecnologias, podem reduzir custos, aumentar a acessibilidade e melhorar a experiência do usuário.

Cristián Sepúlveda, CEO da Silver Hub.

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