Baixa maturidade do setor traz desafios para transformação digital da saúde

Do ponto de vista tecnológico, a pandemia acelerou o processo digital e a adoção de tecnologias pelas instituições de saúde. Porém, a maturidade digital do setor ainda traz desafios como, por exemplo, o entendimento dos benefícios que as soluções podem gerar ao negócio. Dos 6.642 hospitais existentes no país, segundo a Federação Brasileira de Hospitais (FBH), somente oito são certificados pela Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS) como nível 7, que garante a maturidade necessária para classificar como hospital digital. Ou seja, menos de 0,1% do total de instituições de saúde é 100% digital.

“Para solucionar um problema de imediato, por muitas vezes a gestão hospitalar acaba adotando soluções isoladas que irão resolver apenas um problema pontual, quando o ideal é que as instituições tenham uma visão 360°, que conecta e integra todos os setores do hospital por meio da tecnologia. Também é fundamental que as empresas estejam preparadas para se adaptar a tecnologia e não o contrário”, afirma Jefferson Sadocci, diretor corporativo comercial da MV, que percebe isso em seu dia a dia ao visitar os clientes.

De acordo com o executivo, essa dificuldade é vista como um dos grandes desafios da MV, focada na transformação digital do setor, por enxergar que as melhorias não se restringem ao negócio, pois são os pacientes que necessitam de serviços de saúde de qualidade. “O nosso objetivo é cuidar da saúde e não da doença”, reforça Sadocci.

A compra de parte de soluções acaba aumentando os custos para as instituições que precisam investir a cada gap que percebem. Outro ponto de atenção é em relação à incompatibilidade ou integração das soluções adquiridas que podem não conversar umas com as outras. “Se as empresas olhassem para o negócio de forma abrangente, teriam um custo mais baixo do que têm hoje, com todas as soluções integradas, garantindo qualidade e excelência no funcionamento das operações. Elas também melhorariam o atendimento, colocando o paciente no centro do negócio”, completa Sadocci.

Segundo ele, enquanto muitas desculpas são dissipadas, como as de que “o mercado é muito competitivo”, “os convênios pagam pouco”, “a tabela do SUS não é atualizada” ou “isso aumenta nossos custos”, grandes organizações de saúde consolidam suas gestões pensando digitalmente.

Olhando para o futuro da saúde, Sadocci enxerga como oportunidade o investimento em capacitação dentro das universidades da área da saúde para preparar os estudantes de forma digital, já que serão os próximos gestores. “A falta de entendimento em termos de digitalização é perceptível, quando ouvimos ‘somos digitais, pois tiramos papel das operações’, mas ser digital abrange muito mais do que isso.”, ressalta ele.

De acordo com Vandre Dall’Agnol, diretor de unidade de negócios da MV, se para a saúde privada está difícil avançar nesse caminho, para o setor público a falta de aderência à saúde digital pode até custar repasses do governo federal. “Os gestores públicos municipais estão mais preparados com a gestão em saúde e sabem que precisam aderir ao digital para garantir o repasse de verbas, mas o desafio ainda é ter os equipamentos e softwares certos para tal tarefa, além da adesão dos funcionários à tecnologia”, explica.

A chamada temporalidade da administração pública, com a troca de gestão a cada quatro anos, pode estar também entre os motivos para a ruptura no avanço digital, conforme destaca Dall’Agnol. “Para mudar isso, é preciso ter investimento em tecnologia e uma disruptiva cultural importante. Assim, todos os envolvidos vão entender e perceber os benefícios da saúde digital.”

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