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Glosas Hospitalares: O Custo Invisível que a Saúde Não Pode Mais Suportar

por Fabio Lia
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A discussão sobre glosas hospitalares não é nova, mas permanece urgente. Em um momento em que a transformação digital avança em todos os setores, é inevitável questionar: até quando continuarão existindo perdas tão significativas para o sistema de saúde que poderiam ser evitadas?
Em um setor de margens apertadas, altamente regulado e dependente de repasses para manter suas operações, cada real perdido compromete a sustentabilidade financeira e a capacidade de investimento das instituições de saúde. Segundo levantamento da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), em 2024, os hospitais associados deixaram de receber R$5,8 bilhões em serviços prestados que foram glosados pelas operadoras. Isso representa 15,89% do faturamento previsto para o ano — um salto de quatro pontos percentuais em relação a 2023. E mais preocupante: apenas 1,96% dessas glosas foram consideradas realmente justificáveis.
Estamos diante de um problema que não pode mais ser normalizado. A glosa, em sua maioria, é evitável. É consequência direta de processos frágeis, da falta de integração entre áreas críticas e de ineficiências operacionais que ainda persistem em grande parte das instituições. E seus impactos vão além do financeiro: segundo a própria pesquisa da Anahp, 41,7% dos hospitais entrevistados afirmaram ter reduzido investimentos em 2024 por conta das glosas — afetando a expansão de leitos, a modernização tecnológica e a oferta de serviços.
Estudos anteriores da Anahp indicam que cerca de 60% das glosas têm origem administrativa — ou seja, não derivam de discussões clínicas, mas sim de falhas operacionais. São glosas evitáveis, que poderiam ser prevenidas com o uso de tecnologia adequada. Soluções baseadas em automação e inteligência artificial já demonstram capacidade de reduzir até 90% dessas falhas, acelerando pagamentos, diminuindo o retrabalho e trazendo previsibilidade para o fluxo de caixa das instituições.
A automação do ciclo de receita, baseada em inteligência artificial e integrada a sistemas hospitalares (HIS), ERPs e plataformas clínicas, permite antecipar falhas antes que virem glosas. Documentos são validados e enviados automaticamente, de forma estruturada, com rastreamento total do processo. Regras contratuais são aplicadas em tempo real, garantindo que cada item faturado esteja em conformidade desde a origem. Isso significa transformar dias em minutos em algumas tarefas; e revisões manuais em análises feitas usando algoritmos que aprendem com os dados e otimizam continuamente os resultados.
Fazendo uma conta simples: se 60% dos R$ 5,8 bilhões glosados em 2024 foram administrativos, estamos falando de R$ 3,48 bilhões que poderiam ter sido recuperados ao longo do ano. Recursos que hoje estão parados ou perdidos, mas que poderiam estar circulando nas instituições, sendo reinvestidos em cuidado, inovação e acesso. E esse ganho não se limita ao prestador: a operadora também se beneficia ao reduzir custos associados a revisões manuais e retrabalho, fortalecendo uma relação mais eficiente, transparente e sustentável com sua rede credenciada.
A transformação que estamos promovendo na saúde passa por eliminar o que é burocrático, padronizar o que é repetitivo e automatizar o que é possível. Em vez de equipes inteiras dedicadas a corrigir erros evitáveis, a tecnologia permite que esses profissionais se concentrem em tarefas estratégicas. Em vez de operações opacas e imprevisíveis, a tecnologia propõe a entrega de visibilidade e controle em tempo real. Gestão digital de documentos, integração de sistemas, rastreabilidade e inteligência aplicada ao faturamento não são mais diferenciais — são urgências.
A saúde brasileira não pode mais operar no escuro, nem depender de processos manuais que não acompanham sua complexidade. É hora de priorizar o essencial. E, no centro de tudo, está o verdadeiro core business das instituições de saúde: cuidar de pessoas, com qualidade.
Fabio Lia, country manager da Osigu no Brasil.

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