Existem mais de 200 opções de medicamentos que podem ser receitados para o tratamento da depressão, sendo que cerca de 50% das pessoas não se adaptam ao primeiro medicamento. Então, como é possível saber qual remédio é o mais adequado para cada indivíduo? A resposta pode estar na genética.
A depressão está ligada à maioria dos casos de suicídio e a necessidade do debate sobre o tema é reforçada no Brasil durante o Setembro Amarelo. Entre aqueles que não respondem adequadamente ao antidepressivo inicial, 15% têm ideação suicida, segundo estudo publicado na Frontiers in Pharmacology, em 2020. “Podemos dizer que metade dos pacientes que iniciam o tratamento precisam fazer reajustes na dosagem ou realizar a troca do remédio. É um número alto que está relacionado aos altos índices de suicídio”, afirma Leandro Brust, head de farmacogenômica da Dasa Genômica, braço genômico da Dasa, a maior rede de saúde integrada do Brasil.
O fator genético pode ser um grande aliado na busca por alternativas de tratamentos mais eficazes e toleráveis, pois pode indicar os medicamentos ideais para cada pessoa e ajudar a minimizar o sofrimento causado pela depressão.
A velocidade que cada remédio é processado no organismo varia de acordo com o DNA de cada paciente. Além disso, alguns fatores como estilo de vida, hábitos alimentares e a interação entre os medicamentos podem interferir nessa velocidade, causando a redução de sua eficácia. Brust explica que a falha terapêutica pode acarretar efeitos colaterais, desestimulando que o paciente siga o tratamento.
Por meio de testes farmacogenômicos, a genética pode indicar se o medicamento prescrito será efetivo e bem tolerado pelo paciente, além de, muitas vezes, indicar uma dosagem mais individualizada. “O PharmOne, teste farmacogenômico da Dasa Genômica, também mede as interações medicamentosas capazes de influenciar na resposta aos fármacos, permitindo que o médico faça a prescrição do antidepressivo mais personalizado para cada pessoa, aumentando as chances de sucesso. Ao final, reduzimos os efeitos colaterais e melhoramos as respostas”, explica Brust.
O PharmOne relaciona fatores genéticos, pessoais e ambientais em uma plataforma tecnológica interativa, resultando em um perfil metabólico do paciente. Os resultados são apresentados como diferentes alternativas medicamentosas e com as características de cada uma: nome do medicamento, achado genético, recomendações e pontos de alerta, como reações adversas, interação com outros medicamentos e eficácia.
Vale destacar que o exame também indica como os hábitos do paciente estão modificando seu metabolismo a cada medicação, para que ele possa fazer ajustes na rotina e, assim, aumentar a eficácia do seu tratamento. O teste, que avalia os mais de 27 mil medicamentos aprovados pela FDA, agência responsável pelo controle de medicamentos nos Estados Unidos, é feito apenas uma vez na vida do paciente caso a intenção seja avaliar aquelas características genéticas, pois os dados pessoais e ambientais podem ser atualizados na plataforma, descartando a necessidade de um novo exame.
“A farmacogenômica ajuda no combate ao suicídio, uma vez que, com a possibilidade de iniciar o tratamento de forma assertiva, as chances de abandono por falta de resultado ou devido aos efeitos colaterais causados são reduzidas. É uma forma de minimizar o sofrimento do paciente e garantir uma maior chance de resultados mais eficazes para os tratamentos das doenças, evitando uma das principais causas de morte no mundo”, finaliza o especialista.