Como palestrante em um evento, fui questionado se a cultura de integridade e o desenvolvimento econômico combinam. “Não só combinam como caminham juntos”, respondi. Em seguida, elenquei inúmeros benefícios e vantagens da implantação e manutenção de um programa de compliance em uma empresa, que resulta em valorização e empoderamento da marca.
A verdade é que, muitas vezes, ficamos mais preocupados com as formalidades do programa de compliance em si do que em inserir efetivamente a cultura ética dentro de uma companhia. Devemos direcionar o holofote da conformidade no colaborador, independente do cargo ou da área de atuação, para ele desempenhar suas funções da forma correta, se envolvendo e observando a integridade nas atuações da rotina da empresa, de modo que todos possam se beneficiar. Mas para isso, é preciso uma liderança participativa, sendo o exemplo no enfrentamento de um problema e promovendo o senso social comum contra as irregularidades e as condutas antiéticas.
E quais seriam os benefícios de um programa de integridade sério, atual e longevo?
1) Segurança jurídica: cumprimento da legislação e mitigação de riscos relacionados, com criação de normas para evitar irregularidades, multas e sanções;
2) Reputação corporativa: menor exposição ao risco da imagem da empresa, evitando tentativa árdua de reparação;
3) Credibilidade no mercado: demonstração de uma postura ética, responsável que resulta em boa reputação interna e externa;
4) Vantagem competitiva: visibilidade positiva e diferencial frente a concorrência, inclusive com possibilidade de contratos com a administração pública, cuja exigência do programa de compliance é estabelecida em lei;
5) Interesse dos investidores;
6) Maior facilidade na obtenção de crédito por parte das instituições financeiras nacionais e internacionais;
7) Redução de custos e contingência: a adoção de um programa de integridade pode evitar que as empresas incorram em custos e contingências com investigações, multas, publicidade negativa, interrupção de atividade, contratos, indenizações, impedimentos de acesso a recursos públicos ou de participação em licitações públicas;
8) Governança corporativa: compliance como um dos pilares para o sucesso da governança.
Ampliando o foco, temos ainda:
9) A satisfação do funcionário em trabalhar em uma empresa integra, com boa reputação, com credibilidade, resultando em motivação, produtividade e satisfação profissional e pessoal, além de criar uma relação duradoura;
10) Melhoria nos resultados da empresa: uma vez que, a soma do orgulho em se trabalhar em empresas éticas, traz aumento da produtividade e da qualidade e eficiência operacional;
11) Longevidade: sustentabilidade, manutenção e crescimento no mercado.
E transcendendo os muros da empresa, cito: redução de práticas ilícitas no mercado e na sociedade em geral; transparência na relação com terceiros; criação de uma cultura de respeito concorrencial, mitigando os riscos de violação da lei; e reconhecimento de ilicitudes praticadas por terceiros: identificação de sinais de que terceiros estão praticando atos ilícitos, o que orientará a decisão de relacionamento com estes terceiros.
E considero a mais importante dos benefícios: a propagação da ética e integridade na sociedade. Tenho convicção de que, cada um fazendo a sua parte, teremos uma sociedade mais justa. O Instituto Ética Saúde, há sete anos, vem promovendo essa cultura ética e ajudando a gerar mais sustentabilidade ao setor, com o objetivo maior de proporcionar mais segurança ao paciente. Lembrando que esse paciente é cada um de nós, somos todos nós. Vamos arregaçar as mangas!
*Marcos Machado é membro do conselho de administração do Instituto Ética Saúde.