Que o uso de tecnologia na área da saúde gera muitos benefícios, disso todo mundo já sabe. Mas já parou para pensar que algumas ferramentas comuns à universos como os dos games, das produções cinematográficas, do marketing, da engenharia e até da educação podem também ser usada em prol da nossa saúde mental?
A realidade virtual, embora tenha tido seus primeiros indícios por volta dos anos 1930, ganhou mais visibilidade a partir de 2010, impulsionada principalmente pela chegada dos óculos virtuais e os jogos de videogames e de lá até aqui veio conquistando espaço, atualmente sendo utilizada por diversos segmentos. Vimos inclusive recentemente, uma demonstração de como ela pode atuar, através de uma ação realizada em um dos maiores realities shows do Brasil.
Juliane Verdi Haddad, que está no ramo da psicologia desde 1994, atuando principalmente com a terapia cognitiva comportamental, é uma das profissionais que investe na realidade virtual, como ferramenta para melhorar a qualidade de vida das pessoas. A psicoterapeuta utiliza a ferramenta principalmente no tratamento de pacientes com fobias e comenta quais são os casos mais comuns que costuma atender em seu consultório.
“Uma das fobias mais comuns, é a de avião. Acredito que entre todas, ela acaba sendo uma das mais limitadoras, pois pode impedir, por exemplo, que a pessoa tenha uma promoção no emprego, ou faça uma viagem de férias com a família, por não conseguir entrar em um avião. Além disso, há outras fobias como: a de animais, a de altura, a de elevador, a social – que pode impedir a pessoa de falar em público ou até mesmo de fazer uma refeição em uma praça de alimentação, e temos ainda a fobia de procedimentos médicos, que também é muito comum”, explica ela.
Juli, como costuma ser chamada, explica que disponibiliza em seu consultório uma plataforma de realidade virtual como uma das alternativas para tratar os pacientes que sofrem com essas fobias. Trata-se de um recurso que permite a aplicação da técnica de exposição gradual, onde ela expõe o paciente a “situação” da qual ele teme, fazendo com que aos poucos ele se acostume e aprenda a controlar suas emoções em relação ao que até então, ele temia.
“Essa é só uma das técnicas para tratamento de fobias, e no meu caso, porque tem alguns profissionais que já expõe logo no início, faço uma exposição gradual. O paciente vivencia dentro do consultório a situação que lhe gera medo e ansiedade. Ele se vê dentro do avião e fazendo todos os passos: entrando no aeroporto, fazendo check-in, entrando na aeronave, nós vamos trabalhando passo a passo. E por mais que o paciente saiba que ele está dentro de um consultório e não em um avião, por exemplo, nós estamos ‘enganando o cérebro’. Estamos fazendo com que o cérebro dessa pessoa, tenha uma imersão naquela situação, se acostume com aquelas cenas e vá se dessensibilizando, entendendo que aquilo não é ameaçador e perigoso”, detalha a psicóloga.
A profissional ainda ressalta que uma das grandes vantagens da realidade virtual é facilitar o acesso dos pacientes as respectivas situações que lhe geram fobias. Se antes para enfrentar o medo a pessoa precisaria ir até um aeroporto ou realizar de fato uma viagem, ou ainda subir em algum lugar alto ou colocar-se de frente para um determinado animal, nos casos das fobias de altura e animais, situações das quais inclusive não necessariamente seria possível ter do seu lado a psicoterapeuta, agora é possível fazer isso sem precisar sair do consultório.