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Precisamos falar da tuberculose: como o diagnóstico pode controlar uma epidemia silenciosa

por Paulo Gropp
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Considerada uma das doenças mais antigas do mundo, a tuberculose tem evoluído com os seres humanos ao longo dos milênios, tornando-se um diagnóstico constante em nossa história e uma luta da qual não podemos renunciar. A preocupação é global, mas quando olhamos para o Brasil, país que concentra um terço de todos os casos da doença nas Américas, com 81 mil novos casos identificados em 2022, segundo levantamentos do Ministério da Saúde, surgem alguns questionamentos. Afinal, como estamos controlando essa epidemia silenciosa? A conscientização tem sido eficaz? Temos apoiado, efetivamente, nossa população infectada?

Quebrar os estigmas que ainda cercam a doença, pode ser uma das estratégias mais certeiras para avançarmos neste combate. Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch, por muitos anos, a tuberculose foi mal compreendida e seus infectados foram excluídos socialmente, quando mais precisavam de apoio.

Transmitida pelo ar, por meio da tosse ou espirro de uma pessoa infectada, quanto antes diagnosticada, maiores são as chances de efetividade em seu tratamento. E sim, embora muitas pessoas ainda não saibam, a tuberculose pode ser curada. E todo esse processo de diagnóstico e tratamento pode ser feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Falando especialmente da saúde pública no Brasil e das medidas para erradicação da tuberculose, podemos dizer que avançamos muito nos últimos anos e estamos no caminho certo, rumo às metas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A começar pela adoção do teste IGRA, um dos exames de referência para o diagnóstico precoce da doença, em sua fase latente, quando ainda não apresenta sintomas. A medida é de extrema importância, já que se estima que cerca de 25% das pessoas do planeta estão infectadas pela tuberculose nesse estágio, segundo a OMS.

Devido à sua precisão e agilidade nos resultados, o IGRA – que também está disponível em laboratórios da rede privada – faz parte de um conjunto de medidas de excelente custo-efetividade para conter o avanço da tuberculose latente, permitindo a busca sistemática pelos novos casos da enfermidade, especialmente nos grupos de risco. No SUS, ele pode ser feito por crianças maiores de dois anos e menores de dez, que tiveram contato com pessoas com tuberculose ativa, candidatos a transplantes de órgãos, pacientes com HIV e pessoas com doenças inflamatórias imuno mediadas, incluindo a psoríase, doença de crohn e artrite reumatoide.

Diferente do antigo PPD – em que era necessária a aplicação de uma injeção contendo a substância tuberculínica e a posterior análise das reações do organismo do paciente, abrindo margem para falsos-negativos, principalmente em pessoas com a imunidade comprometida –, para a realização do IGRA, o sangue do paciente é coletado e levado para análises laboratoriais que levam até 24h para dar o resultado. Com alto potencial de precisão, sem a necessidade de análise clínica do paciente após sua realização, o novo teste agrega muito mais velocidade e assertividade nos diagnósticos. Uma vez indicada a contaminação pela tuberculose, o paciente pode dar continuidade ao seu tratamento por meio do SUS, sem custos e com todo o apoio necessário.

Embora muitas pessoas tenham receio de buscar ajuda nesses casos, algumas vezes por vergonha de uma doença estigmatizada, outras, por real falta de conhecimento, é preciso lembrar que a tuberculose é uma doença séria e somente com o envolvimento de toda a nossa sociedade conseguiremos vencer esta batalha. Órgãos mundiais de saúde, ministérios, ciência e toda a classe médica brasileira já estão ao nosso lado, portanto, não há o que temer. Juntos, somos mais!

Paulo Gropp, vice-presidente da multinacional alemã especialista em tecnologia para diagnósticos moleculares QIAGEN, na América Latina.

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