A MedRoom, edtech que opera com a tecnologia de modelagem 3D para o ensino de anatomia dentro e fora do Brasil, realizou um trabalho conjunto com o InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), auxiliando uma equipe médica no caso da cirurgia de separação das gêmeas siamesas, Eloá e Sara, unidas pelo tórax.
A cirurgia, inédita no Brasil, envolveu cerca de 40 profissionais de saúde, que contaram com uma ajuda especial: a tecnologia de modelagem 3D do corpo humano desenvolvida pela MedRoom, startup que oferece soluções para o ensino de anatomia em cursos de saúde no Brasil, México, Paraguai e Peru.
A parceria entre a edtech e o InCor teve início ainda em 2019, quando o instituto implantou em seu prédio, por meio de uma parceria também com a Intel, o “Andar Digital InCor”, uma estação de realidade virtual com a solução para estudo de anatomia e casos clínicos. Em novembro de 2020, foram feitos os primeiros estudos do caso das gêmeas, por meio de uma modelagem virtual 3D desenvolvida pela MedRoom. Com o programa, foi possível ter uma visão clara do corpo das irmãs e da relação entre seus corações, ossos do peito, fígado e veias circulatórias.
“Primeiro analisamos a perspectiva de sobrevivência das crianças. Precisávamos saber se elas iriam respirar, ser entubadas e se conseguiriam sobreviver fora do útero da mãe. Começamos com uma tomografia, que nos deu uma ideia a respeito da anatomia e se era possível essa separação. Vislumbramos a possibilidade de fazer a separação, e a parte da realidade virtual (VR) foi o que nos deu a possibilidade final. Tínhamos uma ideia de fazer por um lado, e a realidade virtual nos ajudou a definir o que julgávamos ser o melhor. Não que seria impossível fazer na posição original, mas essa informação que a VR nos trouxe nos ajudou a definir o caminho que julgamos melhor”, conta Marcelo Jatene, médico diretor da Unidade de Cirurgia Cardíaca Pediátrica do InCor.
Além do auxílio no dia a dia dos hospitais e clínicas, a MedRoom trabalha também no apoio à educação de anatomia em mais de 30 instituições. Para o caso das irmãs siamesas, a equipe da edtech contou com dois profissionais, que trabalharam por 30 dias, para que o sistema replicasse com precisão os modelos 3D gerados a partir dos exames de imagem para uma visualização da conexão e a relação das estruturas entre as recém-nascidas.
“O desafio era grande, mas acreditamos muito que a solução da MedRoom traria um diferencial importante para o sucesso da cirurgia. Trabalhar nesse case inédito no Brasil, em conjunto com o nosso parceiro InCor, nos permitiu evoluir ainda mais a nossa tecnologia”, pontua Sandro Nhaia, CTO e cofundador da edtech.
“Trabalhar com empresas inovadoras e profissionais visionários é uma das vantagens que o InCor possui nos projetos que desenvolvemos através do InovaInCor, nosso núcleo de inovação. Esse foi um caso muito desafiador e ao mesmo tempo gratificante, por podermos unir o apoio à equipe cirúrgica com uso de tecnologia de ponta como a realidade virtual 3D e, sobretudo, trazer um benefício para as duas meninas”, conta Guilherme Rabello, gerente comercial e de inteligência de mercado do InovaInCor, núcleo de inovação do InCor e da Fundação Zerbini.
Depois de passarem pela cirurgia de separação e enfrentarem o desafio de uma recuperação complexa, Sara e Eloá estão saudáveis, em casa, e recebendo todos os cuidados dos pais e médicos.