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A inteligência artificial (IA) e a tecnologia de realidade estendida, incluindo o metaverso e imagens 3D, estão remodelando não apenas a prática clínica, mas também o ensino médico. Elas chegaram às salas de aula prometendo um aprendizado mais imersivo e eficaz, além de se provarem ferramentas poderosas para diagnósticos ainda mais precisos. A exemplo disso, o dr. Heron Werner, especialista em medicina fetal da CDPI e do Alta Diagnósticos, da Dasa, e entusiasta de tecnologia e inovações, explica como tem treinado radiologistas e cirurgiões por meio de ambientes virtuais.
“A IA e a tecnologia 3D estão abrindo novas fronteiras para o aprendizado. A criação de salas de aula virtuais autoexplicativas, por exemplo, permite que estudantes de medicina explorem o corpo humano em detalhes tridimensionais, naveguem por sistemas complexos e visualizem patologias de forma interativa”, afirma Werner.
Responsável pelo laboratório de inovação Biodesign – uma parceria entre a Dasa e a PUC-Rio –, Heron afirma que a grande novidade no ensino está na utilização da realidade estendida para a análise de exemplos de casos clínicos.
Na prática, com o auxílio de óculos de realidade virtual e metaverso, o aluno pode “entrar” em um ambiente virtual como uma sala de cirurgia, visualizar, em 3D, como determinada doença afeta os órgãos, discutir o caso com colegas e planejar como um procedimento cirúrgico poderá ser realizado.
“Essa imersão não só facilita a compreensão de métodos, mas também permite a prática simulada de habilidades em um ambiente seguro, preparando os futuros profissionais para os desafios da vida real com muito mais confiança”, afirma Heron, que utiliza essas tecnologias aplicadas à medicina fetal.
O médico do futuro: diferentes especialidades se beneficiam da aprendizagem tecnológica
No ensino focado em radiologia, a integração da IA à análise de exames de imagem é um dos maiores benefícios. Algoritmos de IA podem auxiliar na realização e na leitura de ultrassonografias, tomografias e ressonâncias magnéticas com velocidade e precisão.
Segundo Heron, essas ferramentas digitais ajudam a identificar padrões sutis que permitem detectar doenças em estágio inicial, facilitar o diagnóstico de condições complexas e até mesmo prever a progressão de certas patologias, atuando como poderosas aliadas para agilizar o tempo e aumentar a acurácia diagnóstica.
“O algoritmo lê um grande volume de imagens e destaca aquelas com achados suspeitos que precisam de atenção especial dos radiologistas. Em exames como ultrassonografia fetal, por exemplo, muito utilizada também por ginecologistas e obstetras, a IA está integrada diretamente ao equipamento e realiza automaticamente a separação de estruturas, marcações e medições em tempo real, permitindo maior dedicação do profissional à detecção precoce e precisa de anomalias congênitas, ao monitoramento do desenvolvimento do bebê e à avaliação mais detalhada da saúde da gestante”, ressalta o especialista.
No ensino e no planejamento de cirurgias, o metaverso tem o potencial de criar ambientes em que os profissionais podem colaborar remotamente em casos complexos, realizar treinamentos avançados e interagir com equipes multidisciplinares de forma imersiva com imagens projetadas em realidade aumentada. A tecnologia 3D também é a base para a criação de modelos anatômicos detalhados, simulações cirúrgicas realistas e visualizações de dados complexos que antes eram impossíveis.
Outra inovação muito útil para o treinamento de cirurgiões é a tecnologia háptica, que usa o tato para criar experiências e interações mais realistas e envolventes com as imagens dos exames, gerando um ambiente de testes de alta precisão.
“A tecnologia tende a somar à prática médica e a formar profissionais mais capacitados, otimizando diagnósticos e tratamentos. O futuro da formação em medicina é, sem dúvida, digital e imersivo.”