A Hemobrás (Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia) encerra o ano de 2023 com um recorde na captação de plasma qualificado para uso industrial junto aos hemocentros. Até dezembro foram recolhidos 209.051 litros de plasma, enviados à fracionadora parceira da Hemobrás na fabricação dos medicamentos hemoderivados fornecidos ao Sistema Único de Saúde (SUS) para atender a toda a população. “É um balanço muito positivo, que indica um potencial de crescimento cada vez maior, sobretudo em decorrência dos investimentos previstos para a hemorrede”, comemora o presidente da Hemobrás, Antonio Edson de Lucena. Os mais de 209 mil litros de plasma foram oriundos de 908.916 bolsas recolhidas desde 2022 nos bancos de sangue, grande parte deles de natureza pública.
O ano de 2024 é ainda mais promissor para a captação do plasma, matéria-prima dos medicamentos hemoderivados. O Governo Federal anunciou que usará recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para qualificar 250 serviços de hemoterapia até o final de 2025. Para atingir esse objetivo, serão investidos R$ 100 milhões na hemorrede brasileira nos próximos dois anos.
Com a retomada da gestão do plasma e do programa de qualificação da hemorrede, a Hemobrás, em parceria com a Octapharma, realizou auditorias em 62 serviços de hemoterapia em todo o país, dos quais 52 estão qualificados a fornecer plasma excedente do uso hemoterápico. O primeiro deles foi a Fundação Pró-Sangue, instituição pública ligada à Secretaria de Saúde de São Paulo. “Tivemos a qualificação e certificação em abril de 2022. Desde então, já encaminhamos 140 mil bolsas para a Hemobrás. Somos o maior fornecedor da hemorrede, com média de 6.500 bolsas por mês”, relata o médico Alfredo Mendrone Junior, diretor técnico-científico da instituição. Pela experiência e volume de plasma excedente disponibilizado para uso industrial, a Pró-Sangue é hoje uma referência no Brasil para demais hemocentros que estão se preparando para fornecer plasma ou iniciando o processo. “Enviamos esse plasma para a Hemobrás com muito prazer e orgulho porque eu tenho certeza de que pode ajudar muito na fabricação de hemoderivados e isso é muito bom para a saúde pública do país”, diz.
Hoje, no Brasil, há um total de 2.097 serviços de hemoterapia, conforme mostra o 15° Boletim de Avaliação Sanitária em Serviços de Hemoterapia da Anvisa. “No entanto, apenas 443, o que representa 21,1% unidades, realizam a coleta e/ou o processamento de sangue total das doações para a produção de hemocomponentes”, pontua Frederico Monteiro, Chefe de Serviço de Relacionamento com a Hemorrede Substituto.
As auditorias de qualificação dos serviços de hemoterapia como fornecedores de plasma para fracionamento industrial têm como objetivo avaliar o adequado cumprimento das normas técnicas, dos procedimentos operacionais, dos requisitos de qualidade, das boas práticas do ciclo do sangue e das Boas Práticas de Fabricação (BPF). A expectativa é de que esse número seja cada vez maior para que a quantidade de plasma industrial disponível aumente, dando condições à Hemobrás de ampliar o fornecimento de medicamentos hemoderivados, atendendo a pacientes de todo o Brasil via Sistema Único de Saúde (SUS).
As auditorias de qualificação de fornecedores de plasma excedente do uso transfusional foram realizadas em todas as regiões do Brasil. Hoje, em números absolutos, a região que possui o maior número de hemocentros auditados para fornecimento de plasma é a Sudeste, com 30 unidades, com destaques para os estados de São Paulo e Minas Gerais. Seguidas pelo Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte.
De acordo com o último Boletim Hemoterápico divulgado pela Anvisa, com dados de 2021 (15° Boletim de Avaliação Sanitária em Serviços de Hemoterapia), os serviços de hemoterapia privados e privados/SUS representam, hoje, aproximadamente 36% (159/443) das unidades que fazem coleta de sangue total (UC, UCT ou NH) no Brasil. Até o momento, dos 62 serviços já auditados pela Hemobrás, apenas um é privado e está em fase de qualificação, e 05 são privados/SUS. “A inserção deste grupo no programa de produção de hemoderivados do plasma brasileiro se faz extremamente necessária. A eventual captação do plasma excedente produzido por essas unidades implicaria num incremento importante no volume recolhido e, consequentemente, na maior oferta de medicamentos a serem disponibilizados aos pacientes do SUS”, explica Frederico Monteiro.
A Hemobrás vem aprimorando um banco de informações sobre a hemorrede do Brasil, visando capacitá-la e ampliar o número de serviços qualificados. Desde maio de 2023, a partir da realização dos Encontros Regionais de Diálogos em Boas Práticas com a Hemorrede Brasileira, tem realizado o levantamento de informações para o mapeamento das principais dificuldades apresentadas pelos serviços. Com base em questionários respondidos, a empresa pretende aprimorar o planejamento de ações de melhorias necessárias para possibilitar o aumento da qualidade e da disponibilidade de plasma excedente a ser fornecido à Hemobrás pelos serviços de hemoterapia – linha de trabalho incentivada pelo governo federal.