quinta-feira, novembro 21, 2024
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A COVID-19 e sua ABRACADABRA!

por Colaboradores
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Antigamente, acreditava-se no poder de tal palavra para a cura de febres e inflamações. A primeira menção conhecida à mesma foi feita no segundo século depois de Cristo, durante o governo de Septímio Severo, num poema chamado De Medicina Praecepta (em um tratado médico escrito em versos), pelo médico Serenus Sammonicus ao imperador de Roma Caracala, que prescreveu que o imperador usasse um amuleto com a palavra escrita num cone vertical para curar sua doença. Desde então, vemos como a medicina avançou, buscando na ciência baseada em evidências seu maior sustentáculo.

Em seu livro “A Grande Gripe: A História Épica da Peste Mais Mortal da História”, John M. Barry escreve que a gripe espanhola de 1918 – matou 100 milhões em todo o mundo – não era apenas uma história de “destruição, morte e desolação”, mas também uma “história de ciência, de descoberta. . . e como alguém muda a maneira de pensar. ”

O novo coronavírus SarsCoV2, causador da atual pandemia de COVID-19, trouxe de volta na sociedade o anseio latente por uma solução “ABRACADABRA”. De medicamentos já conhecidos como novas promessas “milagrosas” para aplicação clinica eficaz nessa doença, das novas tecnologias apoiadas em Inteligência Artificial focadas em resultados instantâneos (que parecem dar um ar de revolução e vanguarda, independente se são eficazes ou não), dos modelos de atendimento virtual suportados pela telemedicina, sim, temos uma miríade de propostas para combater a pandemia que surgiram no nosso radar em questão de semanas.

Como digerir tudo isso, saber quais vingarão, enquanto ainda tentamos entender quem é o inimigo e seu modo de agir?

Bem, podemos começar por visualizar quais são as ondas de impacto dessa pandemia do COVID-19, e a partir delas, tentar entender que soluções tecnológicas possuem a maior chance de terem benefícios concretos e mais duradouros no horizonte da saúde.

No gráfico abaixo, vemos que a pandemia do COVID-19 pode ser entendida como uma sequencia de ondas de impacto, desde a 1ª onda que afeta os pacientes infectados pelo vírus e desenvolvem a doença e posteriormente precisam de cuidados pós-alta das UTIs (e os números diários de contaminados e mortos nos mostram claramente essa onda em forma de tsunami), seguidas das 2ª e 3ª ondas que afetam os pacientes não infectados diretamente mas cujos tratamentos urgentes e crônicos foram prejudicados com adiamento de procedimentos cirúrgicos e de acompanhamentos contínuos e que já mostram sinais de comprometimento em sua saúde – muitos inclusive morrendo em casa.

As pandemias mudam a vida – médica, social e economicamente. Como em 1918, hoje estamos em um ponto crítico e as questões de acesso à saúde devem ser reavaliadas. De certa forma, a pandemia facilitará a saúde global.

A pandemia facilitou a saúde global porque não precisamos mostrar que o mundo está interligado. Não precisamos defender investimentos em saúde – todos os países aprenderam a dura lição de que as pandemias podem destruir a economia global e custar trilhões. Investir em saúde é investir na economia. A saúde pública nunca foi um “setor atraente”, mas, depois do COVID-19, talvez não precisemos “convencer” a tantos do valor que a saúde pública possui!

De outras formas, a pandemia tornará a saúde global muito mais difícil. Muito mais difícil! Está atrapalhando todos os aspectos da assistência médica, de simples consultas e exames diagnósticos, a procedimentos cirúrgicos. Até serviços básicos como imunização de rotina foram impactados.

Mas nem tudo ligado ao COVID-19 são más notícias, felizmente!

As rotinas diárias de bilhões têm incorporado novos hábitos devido ao que a tecnologia atualmente nos permite, e serviram como meio de mitigar o impacto enorme que a pandemia criou. Por exemplo, compras on-line e entregas de robôs, pagamentos digitais e sem contato, trabalho remoto (o tal “Home Office”), ensino a distância, entretenimento on-line, dentre muitos outros, fazem parte de nossas vidas agora, e de nosso futuro.

É justamente nesse sentido que buscamos destacar duas tecnologias promissoras que mostram o novo horizonte que emergirá dessa pandemia, e que devemos considerar seriamente em nossos planos estratégicos do pós pandemia na área da saúde:

1)   Telemedicina e Telessaúde

A telemedicina/telessaúde pode ser uma maneira eficaz de conter a disseminação do COVID-19 e, ao mesmo tempo, prestar atenção primária essencial. Os dispositivos pessoais de Internet da Coisas, os aplicativos para smartphones, dos dispositivos vestíveis que podem rastrear sinais vitais, e dos chatbots que podem fazer diagnósticos iniciais com base nos sintomas identificados pelos pacientes, temos uma caixa de ferramentas enorme.

telemedicina/telessaúde também requer um certo nível de conhecimento técnico para operá-la, bem como uma boa conexão à Internet (desafio social em muitos países). E como os serviços médicos são dos setores mais regulamentados no mundo, os médicos normalmente só podem prestar assistência médica aos pacientes que vivem na mesma região deles. Os marcos regulatórios da telemedicina, no momento em que foram escritos, podem não ter previsto um mundo em que a telemedicina/telessaúde estivesse disponível ou fosse tão necessária.

2)   Inteligência Artificial (IA)

Essa pandemia global não é de modo algum a primeira instância em que a IA foi usada para analisar, rastrear, prever e combater uma ameaça. É, no entanto, o maior e melhor exemplo global de seu uso no rastreamento de doenças.

O que essa pandemia mostrou é que o setor de saúde, que normalmente é muito avesso ao risco por ser conservador, pode se tornar mais dinâmico por meio de investimentos tecnológicos. Alavancar a IA não só tem valor em uma pandemia, mas também no rastreamento de doenças, no gerenciamento de inventário e na promoção de inovações.

Além disso, a experiência do paciente e seus resultados de saúde podem melhorar por meio da IA. Embora a IA não seja um substituto para os profissionais médicos humanos em todos os níveis, foi comprovado que acelera o diagnóstico, revendo as informações e fazendo conexões instantaneamente com base no histórico dos pacientes. Também foi implantado para avaliar fatores de risco e ajudar os pacientes a gerenciar seus sintomas, pois os assistentes de conversação de IA estão disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana, para fornecer informações adicionais, avaliações e até agendamento de consultas.

Digame e eu esquecereiensiname e eu poderei me lembrarmas envolva-me e eu aprenderei.” (Frase de Benjamin Franklin)

Enfim, penso que estamos diante não de um “Novo Normal”, como tantos tem sinalizado. Prefiro visualizarmos uma “Nova Realidade”! E que nesta possamos incorporar as novas tecnologias e soluções resultantes da pandemia do COVID-19 que tragam reais benefícios a todos. Aí sim diremos, “ABRACADABRA”!

A Covid-19 nos ensinou que a saúde é a base da riqueza, que a saúde global não é mais definida pelas nações ocidentais e também deve ser guiada por países em desenvolvimento, e que a solidariedade internacional é uma resposta essencial e uma abordagem superior ao isolacionismo. Podemos emergir disso com um respeito mais saudável ao meio ambiente e à nossa humanidade comum.

(lona Kickbusch, Gabriel M Leung, Zulfiqar A Bhutta, Malebona Precious Matsoso, Chikwe Ihekweazu e Kamran Abbasi – https://www.bmj.com/content/369/bmj.m1336)

Guilherme Rabello responde pela Gerência Comercial e Inteligência de Mercado do InovaInCor – InCor / Fundação Zerbini (grabello.inovaincor@zerbini.org.br)

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