Transformando a experiência na saúde: como Embedded Finance facilita o acesso e inovação

Nas últimas décadas, a tecnologia avançou de forma significativa, transformando completamente a maneira como vivemos em diversos aspectos, e o setor de saúde não é uma exceção. A revolução tecnológica vai muito além do campo assistencial, com inovações que variam desde cirurgias robóticas até o uso de algoritmos de Inteligência Artificial (IA) para fornecer diagnósticos cada vez mais detalhados e precisos.

Além disso, a incorporação de soluções financeiras no setor de saúde tem possibilitado uma revolução silenciosa. Embora menos visível que avanços como a IA, a tecnologia tem transformado radicalmente o acesso e a gestão dos serviços deste mercado. Um exemplo claro disso é o conceito de Embedded Finance, cada vez mais adotado por empresas para integrar serviços financeiros diretamente para os pacientes e prestadores, facilitando o acesso e melhorando a experiência geral.

No setor de saúde, essa transformação facilita os pagamentos e o acesso a determinados tratamentos e procedimentos, permitindo que mais pacientes se beneficiem dos avanços médicos. Para os prestadores de serviços, essas soluções também proporcionam uma gestão financeira mais eficiente, oferecendo ferramentas que otimizam o fluxo de caixa e possibilitam condições financeiras mais atrativas.

Com a expansão da Internet das Coisas (IoT), soluções como essas começaram a se consolidar e estão presentes em várias partes do mundo. Por meio de dispositivos como smartphones, smartwatches e tecnologias “wearables”, ou seja, dispositivos incorporados a itens de vestuário, surgem novas oportunidades de monitoramento da saúde e facilitação de pagamentos, diretamente integrados às plataformas digitais de serviços médicos.

Quando falamos sobre facilitação de pagamentos, a integração desses meios às plataformas de saúde se destaca como um dos principais pontos que melhoram a experiência dos pacientes. Essa integração oferece prazos e formas de pagamento adicionais, permitindo que os pacientes tenham acesso a uma gama maior de serviços médicos de forma simplificada.

Um exemplo nacional é o Dr. Consulta, uma rede de clínicas populares que oferece consultas, exames e tratamentos médicos por valores mais acessíveis. Além disso, a grande inovação está em sua plataforma digital, que facilita o agendamento e integra diversas formas de pagamento – desde opções tradicionais, como transferências bancárias e cartões de crédito, até soluções financeiras oferecidas pela própria rede, como o parcelamento, que pode ser considerado uma forma de financiamento.

Outro exemplo relevante é o Doctoralia, que também utiliza tecnologia para entregar serviços de saúde, como teleconsultas. Nessa plataforma, os meios de pagamento são integrados, inclusive com a opção de associar o pagamento ao convênio médico, facilitando o processo de autorização e tornando o atendimento mais ágil e conveniente.

A IoT também impulsionou o uso de wearables e aplicativos voltados ao acompanhamento de doenças crônicas, que monitoram sinais vitais e comportamento dos pacientes. Empresas de saúde estão utilizando esses dados para oferecer condições exclusivas relacionadas a “metas diárias”, estimulando hábitos saudáveis e gerando benefícios financeiros para os usuários. No exterior, por exemplo, seguradoras já oferecem descontos em apólices e melhores condições de financiamento para pacientes que atingem metas diárias de passos ou outras atividades físicas, impactando diretamente a saúde e a longevidade dos segurados.

No Brasil, ainda há espaço para o crescimento de aplicativos integrados que combinam a financeirização e o cuidado com a saúde. A personalização da jornada do paciente, com base em dados de saúde coletados em tempo real, é uma tendência que pode trazer grandes benefícios para os pacientes e operadoras no futuro.

Por último, mas não menos importante, está o fluxo de pagamentos, área mais impactada pela financeirização até o momento. Muitas operadoras de saúde já oferecem soluções que ajudam na otimização financeira, desde suporte no fluxo de caixa até a antecipação de recebíveis a taxas mais competitivas que os empréstimos tradicionais. Essas soluções permitem aos prestadores de serviços médicos anteciparem receitas de longo prazo, proporcionando maior sustentabilidade e previsibilidade financeira.

Apesar das oportunidades, existem alguns desafios importantes nessa jornada, como a necessidade de atenção rigorosa às regulamentações. A integração de serviços financeiros no setor de saúde envolve regras específicas de ambos os setores, além de leis adicionais, como as de seguradoras e financiamentos, que possuem legislações próprias. No Brasil, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) desempenha um papel crucial para garantir a privacidade e segurança dos dados dos pacientes, sendo um fator decisivo na confiança e conformidade dos serviços oferecidos.

O desenvolvimento dessas soluções, muitas vezes em parceria com startups e fintechs, também traz questões éticas. A facilidade de acesso a serviços considerados supérfluos, como cirurgias plásticas estéticas, pode aumentar os riscos à saúde, ao mesmo tempo em que gera lucros às empresas. Um estudo recente da Euromonitor sobre Embedded Finance no mercado de saúde apontou os desafios enfrentados por uma empresa na China, que ao facilitar o acesso a cirurgias estéticas, passou a lidar com regulamentações mais rígidas para mitigar os riscos à saúde dos pacientes.

Apesar dos desafios éticos e regulatórios, o caminho da integração de serviços financeiros no setor de saúde, como o Embedded Finance, apresenta um grande potencial. Ao superar essas barreiras, há uma oportunidade significativa de ampliar o acesso a cuidados médicos, promover uma assistência mais inclusiva e eficiente, e melhorar a experiência dos pacientes, tornando o setor de saúde mais sustentável e acessível para todos.

Alexandre Sgarbi, Diretor da Peers Consulting & Technology.

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